Balanço as mãos imaginando lírios em minha frente, sinto um estalo como uma corrente elétrica saindo de mim e indo para o jardim na janela, fecho os olhos como se não soubesse o que está lá e quando os abro vejo aquilo que desejei. Ele está lá, me trazendo uma memória, poderosa talvez, até mais do que eu. Me lembro de um momento especial, o mais especial que eu e meu avô tivemos.
Tenho seis anos de novo e estou tendo o mesmo pesadelo, olhando o teto azul do meu quarto em nossa fazenda no Tennessee, este era o lugar preferido de tia branca ela o havia amado por toda a vida. Nagrim estava dormindo, e não se deve acordar uma cobra gigante para brincar no meio da madrugada, principalmente após seu jantar, então ouvi o barulhos de risadas e música vindo da varanda, desci a árvore da janela calmamente manipulando um galho forte e cai direto no colo do meu avô, foi quando o vi.
Ele sempre esteve lá mais era como se eu nunca tivesse notado ou como se fosse algo de outro mundo. Era gigante, muito maior do que eu, ótimo para deitar e assistir o céu da carolina, tinha teclas estranhas e parecia ser algo difícil de manusear. Quando me virei para o lado nagrim já estava olhando para meu avô com ar de reprovação estampado em seus olhos de cobra. Ela nunca nos diria uma palavra em toda a sua vida, mas eu saberia compreendê la do mesmo jeito.
Vi ele levando seu dedo a boca formando um sinal de silêncio, como se não quisesse ser descoberto, ou talvez só estivesse com medo de minha avó com seu sermão de como crianças não devem ficar acordadas até tarde.
O mesmo com um sorriso completou dizendo a ela:
- vá embora sua cobra maluca, se não amanhã não terá jantar!
Comecei a rir imediatamente, meu avô dizia para continuar, pois parecia uma melodia constante.
Ela olhou para nós dois com pouco caso, sabia que meu avô jamais cumpriria o que prometeu naquela frase, então virou a cauda e subiu à varanda até o hall principal. Há Persegui com os olhos vendo completar o caminho, admito que estava com um pouco de medo do sermão da vovó, quando de repente ouvi sair algo daquele treco esquisito, era uma música, única e capaz de fascinar a todos ali presentes. Capaz de fascinar uma garota que só queria tocá-lo para ter certeza se aquilo era realmente possível.
Aquela noite foi como um sopro de vida, passou tão rápido que parecia ter sido um sonho, cantei com o grupo de meu avô como nunca tinha cantado antes nas aulas de etiqueta, e descobri que o nome do instrumento era piano. O músico que tocava me ensinou algumas notas, pois disse a ele que ia me dedicar a ponto de superá-lo, o mesmo apenas balançou e riu de canto com os lábios mas não demonstrou nenhum sinal de sarcasmo como qualquer adulto faria ao ouvir aquilo de uma criança, apenas me pegou no colo e disse:
- tenho certeza disso Alicia,seu talento e do tamanho deste instrumento e possui muitas possibilidades.
Coloquei a mão no piano pela última vez antes de voltar para o meu quarto com o desejo de quando abrisse a porta ele estivesse lá me esperando, o que sabia que não seria possível, então contei para meu avô, que me deu o lírio de um dos bolsos de seu paletó como lembrança, desejei com toda a força que o conselho que recebi naquela noite se tornasse real em meu futuro.
Desejei ver o tempo antes de acontecer.
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Alicia de cabeça para baixo.
Teen Fictionlembranças de uma garota um pouco fora do normal. Trágica, feliz, difícil, complicada ... Épica. PLAGIO É CRIME, TODOS OS TEXTOS AUTORAIS.