Parte 2

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Domingo, 26 de Outubro de 2014

Os dias foram se passando lentos, mas felizmente o meu pai melhorava a cada dia. Faz uma semana que acordou do coma induzido. E seu humor está igual como antes. Em breve, poderá vir para casa, e eu estou ansiosa por isso.

Vocês querem saber o que aconteceu com Peeta Mellark?

Peeta tem sido um bom amigo. Um bom ouvinte e um bom conselheiro. Um verdadeiro Psicólogo. Profissão que escolheu exercer.

A nossa inimizade virou uma amizade séria, apesar de que eu muitas vezes fico com um pé atrás em relação a isso. Sempre penso que vai aparecer alguém e dizer que aquilo tudo não passou de uma simples e idiota aposta.

Mas é bom estar com Peeta. É bom ouvi-lo dizer todos os dias que vai ficar tudo bem e que sente muito por tudo o que me fez. E é bom saber que as apostas foram realizadas contra sua vontade. Ele tem um segredo e um dos que se dizia seu amigo sabia e ameaçava contar aos seus pais.

Mas então ele ganhou coragem e contou aos pais. E o estúpido do Frank não tinha mais como chantageá-lo e, então, as apostas também acabaram. Graças a Deus! Apesar de ainda não saber o segredo dele, às vezes, faço piada com isso.

Hoje vamos assistir a um filme na casa dele. Apenas pedi que não fosse um filme de terror, caso contrário eu certamente me iria agarrar a ele, e não sei se seria uma boa ideia. Quando chego, já há muitas guloseimas para nós nos entupirmos, e muito refrigerante.

- Vamos ver logo o filme ou quer conversar primeiro? - pergunta, sentando-se ao meu lado no sofá. Veste umas calças de malha cinza e uma camiseta preta que marca um pouco os seus músculos.

- Vai me contar o seu segredo? - brinco, mas a resposta é diferente de todas as outras vezes.

- Talvez... - A resposta sai arrastada.

- Acho melhor vermos o filme primeiro, então - falo, aconchegando-me melhor no sofá.

- Espero que não fique zangada com a minha escolha de filme, mas estava a fim de ver uma coisa diferente - fala e dá o play no filme.

Quando começa, fico sem reação e, depois, inteiramente envergonhada. Ver "Cinquenta tons de cinza" com Peeta Mellark vai ser embaraçoso. Vi este filme no ano passado no cinema e saí de lá toda molhadinha.

Assistir ao filme é relativamente fácil, até a parte em que o Sr. Grey diz "Eu não faço amor. Eu fodo, com força." e eu repito as palavras dele em voz baixa, mas alto o suficiente para o Mellark perceber e me olhar de sobrancelhas arqueadas.

- Já viu esse filme? - Remexo-me no sofá. Estou molhada como na primeira vez que vi no cinema.

- Já... - Arrasto a resposta e ele murmura um 'hum'.

- Tem alguma coisa mais forte que isto? - pergunto, quando bebo um pouco de refrigerante, só que refrigerante não vai ajudar com o Sr. Grey na tela e Peeta Mellark ao meu lado.

- Whisky? - pergunta, levantando-se.

- Com coca-cola, gelo e limão. Por favor - peço.

Reparo que Peeta tem uma almofada entre as pernas e que a agarra com força, com uma das mãos. Os seus olhos estão negros, quando o olho e noto que me observa de maneira estranha, ao mesmo tempo parece confuso ou preocupado. Talvez por eu estar chorando. Não me culpem, o fim do filme é triste.

- O que foi? - pergunto, quando vejo que ele não vai falar nada.

- Quer que eu conte o meu segredo? - A voz dele sai rouca, mesmo depois de tossir.

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