Parte 3

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Quarta, 4 de Fevereiro de 2015

Estou sem Peeta há três meses. Ele teve que viajar com os pais, porque os seus avós maternos não estavam bem, devido a um acidente. É difícil estar longe dele! Ainda mais agora que também não ando me sentindo muito bem.

Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu depois daquela noite. Bom, vou explicar bem rápido. Peeta me procurou no dia seguinte, depois de dezenas de telefonemas que eu não atendi. Jurou que tudo o que me disse era verdade e que queria ficar comigo para sempre.

Que fofo!

Convidou-me para sair, e pediu-me em casamento. Sim, casamento, o senhor Peeta Mellark não perde tempo!

E claro que eu aceitei!

Ficamos juntos durante um mês e, depois, Peeta teve que viajar. Estava tudo perfeito até aí. Agora mal nos falamos e, quando falamos, eu não menciono a minha má disposição diária. Não sei quando volta e isso me deixa angustiada.

Corro para o banheiro e vomito o café da manhã. Estou começando a ficar chateada com isso. Será que estou mesmo doente?

- De novo, filha? - pergunta o meu pai à porta.

- Parece que sim. Estou com medo de que seja alguma coisa grave - confesso.

- Por que não vai ao médico? Eu vou com você - incentiva.

- Porque eu tenho medo. E tenho medo que Peeta me deixe por isso. - Começo a chorar. Até o meu humor anda mudando com frequência.

- Vamos hoje, e eu vou com você. Não quero não como resposta, sua teimosa. - O meu pai é o pilar importante na minha vida. O que seria de mim sem ele?

- Ok, vou só trocar de roupa e já podemos ir.


- Katniss, você está grávida - fala a doutora Delly.

- Grávida? - pergunto incrédula. Após vários exames de sangue, é essa a sentença. Grávida.

- Mas como? - pergunto, mesmo sabendo a resposta.

- Você toma a pílula? Usaram proteção? - indaga.

- Não! - respondo. Como fomos esquecer de uma coisa dessas? Não tomar a pílula, ok, porque eu nunca tomei e não me lembrei disso, mas esquecer o preservativo!

Vou matar o Mellark assim que o vir.

- Quero que faça mais alguns exames, que tome estas vitaminas e que evite fumar ou bebidas alcoólicas, caso faça uso de alguma destas coisas. - A doutora fala e entrega-me uma receita com as vitaminas.

- Vejo você na próxima semana - despede-se. E eu saio quase sem dizer nada. Estou em choque.

- O que disse a médica? - pergunta o meu pai, quando chego perto dele.

- Que estou grávida - disparo.

- O quê? - pergunta, ao mesmo tempo que me abraça e rodopia comigo.

- Pai, vou vomitar. - Meto a mão na boca para evitar que aconteça e, assim que me pousa no chão, corro para o banheiro e vomito. O meu telefone toca. É Peeta!

- Oi - falo.

- Oi, miúda, tudo bem? - questiona preocupado.

- Sim - respondo evasiva.

- Então, o que está fazendo no hospital? - pergunta. Como é que ele sabe?

- Como é que você sabe que estou no hospital? - indago.

- Delly é minha prima. Ela ligou e disse que esteve aí - responde, como se fosse normal.

- E como é que ela sabe de mim? O que ela disse? - pergunto inquieta.

- Eu contei, mostrei fotos, mas ela só disse isso. Aconteceu alguma coisa? Conta pra mim, Katniss. - Está preocupado, sei pelo modo como sua voz sai.

- Está tudo bem. Quando é que você volta? - Pergunto e noto que uma das minhas mãos foi para o meu ventre, onde repousa suavemente.

- Vou pegar o primeiro avião disponível. Estarei aí em breve, e não vai ter como me esconder o que você tem. - E desliga sem se despedir. Deve estar chateado por não lhe ter contado a verdade, mas isto não é um assunto que se trate por telefone.


- Acorda, princesa. - Ouço, mas não mexo nem um músculo. Quero dormir. Movimentos lentos acariciam a minha cabeça e isso é bom.

- Acorda, miúda, estou aqui. - Agora ouço a voz de Peeta chamar por mim. Mas não é possível, ele ainda não chegou.

- Amor, se não acordar agora, não vai comer pão de queijo. - Peeta fala suavemente, e acordo salivando pelo pão de queijo.

- Pão de queijo - gemo, abrindo os olhos devagar e vendo Peeta sorridente à minha frente.

- Até gemendo "pão de queijo" você é tremendamente sexy. - Peeta beija o meu pescoço, e eu agarro o seu, abraçando-o com força.

- Senti sua falta. - Falo e as lágrimas invadem os meus olhos.

- Também senti, amor. Ei, não chora. - Ele afasta-se um pouco, limpa as minhas lágrimas e beija-me ternamente.

- Como estão os seus avós? - pergunto, para ver se tiro o foco de mim.

- Estão quase como novos. Mas eu estou aqui por você. O que está acontecendo? - Missão fracassada.

- Não está acontecendo nada. Podemos falar em outra hora? Estou com fome - peço, levantando-me da cama com uma camisola colada ao corpo.

- Eu trouxe pães de queijo, mas eu acho que você já está comendo muitas guloseimas - observa.

- O que quer dizer com isso? - pergunto irritada.

- Só que está mais cheinha. Mas eu gosto assim - responde, levantando as mãos em rendição, quando lhe atiro um chinelo.

- Quer saber por que estou mais cheinha? Quer saber o que está acontecendo comigo? Pois eu vou dizer! - falo irritada. Malditos hormônios.

- Calma, miúda! - pede e respiro fundo algumas vezes para soltar a bomba.

- Estou grávida, imbecil!

- Grávida, grávida? - pergunta, sorrindo feito um bobo.

- Qual a parte de 'grávida' que não entendeu? - indago irônica.

- Katniss, eu vou ser pai! - fala eufórico. Acho que nunca vi Peeta Mellark tão feliz.

- Não está chateado comigo? - pergunta insegura.

- Chateado, Katniss? Sério isso? É a segunda melhor coisa que me aconteceu na vida. - Ele me abraça intensamente. Sinto-o sorrir com o rosto no meu cabelo. Depois, ajoelha-se à minha frente.

- Olá, bebê, é o papai. Nós amamos muito você. - Acaricia de leve o meu ventre, como se pudesse de alguma forma me machucar e, depois, dá vários beijos.

Não conseguiria pensar numa reação melhor do que a que Peeta teve. Ele me ama, ama nosso filho e seremos uma família.

- Nós também amamos você, Peeta - declaro, recebendo um olhar cheio de emoção, cheio de amor. Peeta levanta-se e beija-me delicadamente, suas mãos estão ao redor do meu rosto e ele faz carinho ali.

- Merecemos comemorar - fala entre vários beijos. Eu rio e concordo.

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