Depois da Tempestade Não Vem a Bonança

29 3 2
                                    

Colocou a chave na ranhura de olhos semicerrados já sentindo o peso da exaustão sobre os ombros: aquele dia parecia que não queria acabar. Já havia passado pelo hospital, depois pela esquadra onde ajudou na criação de um retrato robô do assassino e ainda tivera tempo para se zangar mais umas duas ou três vezes com Eric até fazê-lo ir-se embora, juntamente com Phill, atrás de Sora que fizera questão de ir para casa. "Tudo bem, menos um problema", pensara ela na altura, assim que o viu virar-lhe costas furioso.

O polícia que as havia acompanhado até casa fez questão de entrar à frente, empunhando a arma junto ao rosto, como se viesse saído de um filme de ação.

Margo revirou os olhos à cena, viu-o percorrer cada canto da casa, gritando "Clear" a cada divisão que explorava. Pousou a caixa de areia que trazia consigo, que pertencia ao Doutor, o gato de Clair. Esta entrou atrás si, pousando a transportadora do gatinho a seu lado, enquanto olhava ao seu redor com uma expressão de admiração.

- Certo, está tudo bem! – Confirmou o polícia, saindo de uma das divisões.

- Óbvio que sim! – Resmungou Margo.

- Eu estarei lá em baixo, qualquer coisa que precisem é só avisar. Tenham uma boa noite, minhas senhoras. – Respondeu o guarda com um sorriso amigável, ignorando o comentário dela.

- Uau! – Exclamou Clair, olhando em todas as direções. – Tens uma casa maravilhosa!

A entrada dava diretamente para uma divisão ampla, com o soalho em madeira e as paredes brancas cobertas de quadros, estantes e plantas. Imediatamente à sua frente estava pousado um sofá e uma poltrona, dispostos perpendicularmente um ao outro em napa cinzenta, cobertos de mantas e almofadas, onde Margo se costumava afundar todos os dias depois do trabalho.

Entre os dois sofás encontrava-se uma mesa redonda, em pinho, que suportava um grande candeeiro que podia iluminar toda a divisão sem dificuldade, um par de óculos de leitura e uns quantos livros empilhados. Em frente ao sofá estava disposta uma grande televisão, da exata largura o mesmo, sobre uma mesa de apoio. Fazendo a ligação com todos os móveis estava sobre o chão um enorme tapete redondo com um padrão oriental.

Atrás da poltrona crescia um balcão de refeição que separava claramente a cozinha da sala de estar. Este deixava espreitar uma cozinha pequena, branca com apontamentos também em pinho, unindo a decoração com a sala.

Já por detrás do sofá cinzento, encontrava-se uma portada semi-aberta em madeira que ocupava quase a totalidade de uma parede, escondendo uma divisão por detrás dela que Clair não conseguia distinguir, pois encontrava-se sem luz.

- Obrigada! É pequenino mas acolhedor. – Respondeu Margo, sorrindo enquanto fechava a porta de entrada. Arrastou-se até ao sofá, deixando-se submergir nele. – Estou tão cansada! Ainda nem acredito em tudo isto!

Clair pousou o seu saco de desporto no chão, onde tinha algumas roupas e produtos de higiene que tinha ido buscar a casa e abriu a porta da transportadora deixando sair o Doutor, miando desconfiado. Pegou nele e deslocou-se até à poltrona, ficando ao lado de Margo, acariciando a cabeça do gato que começava agora a ronronar.

- Obrigada por nos deixares ficar cá esta noite. – Agradeceu Clair, pousando o olhar no Doutor e enfiando o nariz no seu pêlo. – Acho que depois disto tudo não sobreviveria a esta noite sozinha. Foi tudo tão inacreditável! É ridículo como é que isto nos foi acontecer. E aquele pobre homem... caído no chão...

- Mantem a calma! – Pediu-lhe vendo que Clair começava a entrar em pânico novamente. – O meu pai vai tratar disto tudo rapidamente!

Passou-lhes à frente dos olhos todas as situações pelas quais haviam passado naquela noite.

THE BODYGUARDSOnde histórias criam vida. Descubra agora