- Merda! Merda! - Zaira dizia enquanto se formava uma aglomeração a sua volta e de Rayssa desmaida. - Não encostem nela! - Zaira grita zangada. - Vou ligar pra Renan.
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Renan e Daniel chegam ao apartamento do novo herdeiro. Um apartamento pequeno, no primeiro andar devido aos passos já vagarosos e fracos; conquistado pelo suor do mesmo, trabalhando como editor chefe de um jornal grande, por quase 55 anos.- Agradável o cafofo aqui hein?! - Daniel diz segurando o riso, soltando a mochila proximo à porta.
- Mais respeito por favor. Obrigado. - Renan diz sério, enquanto vai a cozinha e pega um copo d'água para o amigo. - Senta aí e me conta, como anda essas visões?
Daniel se acomoda no sofá de um vermelho escuro, felpudo e levemente encardido; e começa a contar. O rapaz ruivo sempre contara ao amigo todas visões que tivera, desde que se conheceram em um servidor de jogo; mas não contara exatamente tudo sobre sua vida, como Renan contara.
O rapaz começa contando do último sonho antes de viajar, e rapidamente se interrompe e diz sério:
- A Rayssa não tá bem.
- Por que acha isso? - Renan pergunta curioso e preocupado
- Eu não sei... - Daniel dá uma pausa na fala e prossegue. - Eu senti isso.
- Bom, ela foi trancar a matrícula na faculdade agora, deve estar assinando papelada. Se em 15 minutos ela não me ligar, eu ligo.
- Só tenho a dizer pra não se preocupar também. - Daniel respira profundamente - Tem alguém importante com ela. Vai ficar tudo bem.
Desinquieto, Renan não conseguia disfarçar sua insegurança no olhar. De prontidão mas ainda sim preocupado, ele procura escutar os relatos do amigo.
- Quem são seus pais? - Renan balança as mãos desinquieto; aflito mas procurando prestar atenção no que o amigo diz.
- Olha Renan, eu vou tentar ser o mais breve possível, dá pra ver nos seus olhos que você não vai prestar muita atenção no que eu vou falar aqui...
- Vou sim Dan, fala - o herdeiro tenta transpassar calma para o amigo.
- Pois bem. - Daniel respira fundo, arruma seus cabelos que agora foram cobertos por um boné do Pokémon - Quando meus pais estavam recém casados, há uns 19 anos mais ou menos; foram em Sidrolândia na festa de aniversário dos filhos de um colega de trabalho de meu pai, um americano casado com uma brasileira. Samantha e Sullivan tinham a pele fina parda, olhos claros do pai e os cabelos pretos encaracolados da mãe.
Boatos de que Roger tivera uma filha com a empregada, a pequena garota nunca tivera o nome revelado; nem por minha tia, nem pela mídia... Mas na festa de aniversário dos supostos irmãos, quando se reunira uma grande quantidade de amigos e familiares, inclusive meus pais; Roger pega um rifle que tinha na garagem.
Após algumas tentativas falhas, consegue acertar em cheio quase todos os convidados, deixando-os agonizar até a morte, incluindo sua esposa e seus filhos que se esconderam no banheiro da suíte da casa; logo após, tira a própria vida.
Meus pais contaram pra minha tia que viram e ouviram tantos gritos desesperados clamando por vida, enquanto o homem tinha a face tranquila, transparecendo prazer por fazer pessoas inocentes sofrerem. Ele gostava de ver o sangue respingar em sua jaqueta de couro. Meus pais viram mais um casal conseguir fugir, e quando se deram conta, ainda tinha uma criança escondida atrás da cortina da sala, seus sapatinhos verdes claro a denunciavam; mas por medo não voltaram.
Semanas depois, houveram boatos na mídia de que a criança era uma menina, filha da empregada, e a 5° sobrevivente do massacre. Entrevistaram o casal e meus pais, mas nada da criança.
- Ela foi adotada? - Renan pergunta
- Assim todos esperam. - Daniel diz, mexendo as mãos de maneira bruta.
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A Herança
HorrorQuatro jovens com suas particularidades e peculiaridades. O que pode acontecer quando um desses jovens recebe uma herança misteriosa; numa cidade desconhecida, Cidade em que, existem poucas casas, poucos moradores, e um trágico histórico de um massa...