Capítulo 2 - Atropelamento ?

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- Ué Renan - Daniel faz uma pausa. - É uma cidade que você não conhece...

- Relaxa, eu fiz uma busca no Google Maps! - Renan diz risonho

- Imbecil - O garoto ruivo diz empolgado - Toma isso aqui também. - O recém chegado joga para o amigo uma mala e uma mochila que trouxera e acabara de pegar do chão. - Sirva-me capacho!! - Ele diz zombando.

- Maltrata mais seu a toa. - Renan diz pegando a mochila ainda no ar - Não te apresento nenhuma menina.

- Você namora seu prostituto, ou vai me apresentar a Rayssa? - diz Daniel

- Ela não! - Renan diz sério - E você também não faz o tipo dela... - Os olhos claros de Renan demonstram um ar sem graça.

- Eu apoio vocês mano, tava zoando! - Daniel diz tentando acalmar o amigo - Mas a Zaira, é o sonho de qualquer um... - O jovem ruivo diz risonho imaginando, mas encarando uma pilastra de concreto.

- Ahh, você pode até tentar, mas conseguir; Já é outros quinhentos - diz Renan - Ela é a sobrinha mais rebelde que tenho.

- Mas você tem contato ou tem outras?

- Nunca tive muito contato com Rita, as vezes à visito, mas é raro. Não tenho muito contato com Hugo, mas acho que está bem; quanto à Luiza,... Pobre Luiza.

- Desculpa, não queria te fazer lembrar disso. - Daniel diz abraçando o amigo.

- Tranquilo, vamo pra casa agora ! - Renan diz pegando a chave do Ecosport preto e mostrando-a animado.

- Vamo!

**

Rayssa estava ansiosa e tensa ao mesmo tempo. Iria cancelar sua matrícula na faculdade de história; adiar seu sonho para ir viver uma aventura, ao ver de sua mãe, com o namorado e os amigos.

Com o coração divido, a jovem assina os papéis e termos; determinada a fazer tudo dar certo nessa nova vida.

Ao sair da faculdade, Rayssa logo vai checar as redes sociais; deixando-a despercebida em meio as grandes multidões das grandes avenidas.

Mas ao atravessar a rua distraída, sente uma mistura de adrenalina com tensão; encher  seu corpo rapidamente.

Ela olha para o lado, e por alguns segundos fica parada no meio da avenida, quando rapidamente o pequeno feixe de luz, aumenta gradativamente; numa velocidade constante. O feixe de luz vinha acompanhado de um som ensurdecedor de borracha queimando. Ouve-se um grito.

**

Zaira não mora muito longe de seu tio, afinal 6 quarteirões; não é uma distância tão grande.

A jovem mulher, mora somente com a mãe; numa casa grande demais para as duas, mas que Ivo houvera comprado para a filha quando ela se "casou".

Constantemente mudando a cor de seus cabelos, naturalmente castanhos; Zaira tenta fugir ao máximo do seu trauma de infância de nem se quer ter conhecido seu pai.

Olívia era muito jovem quando se envolveu com um rapaz que cursava a mesma faculdade que ela. Jornalismo. Muito atraente, ela logo de início se apaixonara por aquele jovem de corpo pouco musculoso e cabelos loiros levemente anelados.

Alguns meses se passam para que logo; encantada, praticamente enfeitiçada por Márcio, Olívia largue a faculdade no meio de um período.

Mais alguns meses se apontam, e a jovem Olívia descobre que carrega uma criança em seu ventre, mas desde então Márcio havia se muddo; não respondia suas cartas e fax, nem atendia seus telefonemas.

Com ajuda de seus pais, Nair ainda em vida e Ivo; ajudam a filha, que aos 3 anos de idade de Zaira, regressa à faculdade de jornalismo. Os avós passam seus saberes ao máximo  na criação da pequena e adorável Zaira, que anos depois, se tornou uma mulher de caráter forte.

Zaira termina de fechar a última de suas quatro malas e saí com sua jaqueta preta em couro   reluzente nos ombros, avistando sua mãe na sala; uma saudade adiantada adentra seu interior. A jovem durona tinha sentimentos.

- Mãezinha... - Zaira imitando voz de criança diz - Posso fazer uma festa aqui em casa antes de ir embora?

- Mas quando vocês vão embora? - Olívia é pega despercebida lendo um livro de culinária.

- Dona Olívia, nós temos internet pra que? - Zaira diz apontando para o livro da mãe. - E a senhora também se formou em jornalismo pra que?

- Não estamos falando disso mocinha. - a mulher diz no tom mais calmo que conseguira expressar. - Precisamos nos alimentar, não é mesmo? - ela diz irônica - Mas quando vocês vão?

- Domingo a noite.

- Hoje é sexta, certo?

- Claro né mãe.

- Não, não vai ter festa, vocês não podem pegar estrada cansados. - Olívia diz num tom mais calmo ainda.

- Isso é injusto! - Zaira grita

- Zaira Novaes... - Olívia abaixa o livro e fita seriamente a filha. - Essa não é a educação que eu te dei. Aceite isso.

O celular de Zaira toca. Era Heloisa, sua amiga das festas, e provável amiga colorida também.

- Mãe preciso ir. - a jovem diz descendo apressadamente em direção à garagem.

- Não vai se despedir? - Olívia grita do parapeito da grande janela de vidro.

- Tchau mãe! Te vejo depois do trabalho. - a jovem grita já acelerando sua moto.

Mais distante de casa, próximo ao centro universitário, Zaira conversa com Heloísa  e descobre que a mesma provavelmente estaria grávida.

Logo a jovem sempre de cabelos coloridos, sente seu mundo perder a cor; pois a única pessoa que a mudara, fazendo-a acreditar que a vida, não é só festas; estaria feliz com outra pessoa. A ligação caí.

As lágrimas escorriam para fora do capacete, deixando-a olhar para baixo por alguns segundos; quando retoma a direção de sua moto, Zaira percebe que estava indo rápido demais e se aproximando em alguns milésimos de segundos de alguém.

Ela tenta frear, os pneus cantam, um forte cheiro de borracha sobe acompanhado com o forte choque da moto com alguém.

Rapidamente Zaira desliga e desce da moto, deixando o capacete sob o banco, para verificar se conhecia a jovem caída no meio do asfalto. Ela reconhecera.

- Péssimo dia pra se atropelar a namorada do tio. - Ela diz preocupada levando as mãos à cabeça.

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