하다

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Soonyoung encarava distraidamente o carrossel um tanto longe de si. Pensava em como as crianças se divertiam apenas subindo em um cavalo de mentira que apenas fazia girar. Bom, era algo que pensava quase todas as noites. Um pleno sábado estava prestes a ir embora, e Soonyoung estava sentado em uma cadeira de plástico, por traz de seu carrinho de algodão doce.

Muitas pessoas acham que trabalhar em um parque de diversões é o paraíso. Pelo ou menos é o que seus amigos acham. Se lembrava nitidamente de quando Seokmin comentou: "Você não acha fofo quando as crianças se divertindo? E os casais se revelando? Devia pensar nisso." E ele pensou. Um dia depois, uma criança veio pedir um algodão doce, e ele tentou ser legal. Acabou que o menino não gostou da cor e jogou o doce em seu cabelo recém pintado. Um pouco mais tarde, um casal veio até seu carrinho, e antes de receberem o algodão doce, começaram a se pegar na frente dele. Depois disso, Soonyoung nunca mais pensou em como trabalhar em um lugar assim seria bom.

Porém, ele sabia que teria que continuar trabalhando lá, até que tivesse dinheiro o suficiente para deixar a casa do melhor amigo e alugar um apartamento. Seungkwan não tinha problemas em morar com o mais velho, apesar de entender o lado do mesmo. O Kwon queria juntar também para pagar a faculdade de dança que tanto queria, mesmo tendo o pensamento de que nunca conseguiria.

Soonyoung tem uma paixão imensa pela dança, e por muito tempo sonhou em ser coreógrafo. Mas esse sonho se tornou impossível aos seus olhos, depois que foi expulso de sua casa em Namyangju-si. O motivo foi que seus pais descobriram um caso que ele estava tendo escondido com um menino. Não aceitando a sexualidade do filho, o colocaram para fora. Mesmo assim, o Kwon não sentia raiva de seus pais, apenas mágoa.

Depois de um tempo que passou a morar em Seul com o Boo, que já morava lá, decidiu fazer algo que nunca pensava conseguir fazer. Pediu permissão ao amigo para utilizar a garagem desocupada de sua casa, já que não tinha carro. Com algumas doações de amigos e vizinhos, conseguiu arrecadar o dinheiro para comprar espelhos e colocar nas paredes. Com mais um pouco de tempo, e mais recursos, Soonyoung abriu uma mini escola de dança, onde dava aula para as crianças e adolescentes do bairro, sem fins lucrativos.

Ele sabia que não iria conseguir entrar em uma faculdade de dança, muito menos se tornar um profissional. Porém, tinha o pensamento de que estava ajudando seus alunos a alcançar o que ele não conseguiu, e até três vezes mais.

Suas aulas eram à tarde, enquanto seu trabalho, à noite. Esta noite, o coreano observava as mesmas coisas de sempre naquele parque. Algumas crianças passavam com seus pais, e esperniavam por algodão doce, acabando por na maioria das vezes lhe rendendo um pouco de de dinheiro. Era isso que está fazendo agora, preparando um doce cor de rosa para uma menininha de vestido da mesma cor e sua mãe. Sua expressão não passava de tédio, e a menina não parava de olhar para si. Já estava se sentindo estranho.

— Mamãe, o cabelo desse moço parece uma tangerina! — A menina falou rindo. A mãe apenas olhou de relance para o de cabelos laranjas, que olhava sua filha com incredulidade. — Não, melhor! Parece o Darwin do Icrível Mundo de Gumball!

Soonyoung tinha mesmo que aguentar uma atrocidade dessas? Primeiro que comparar seu cabelo com uma tangerina é um saco, todos já falavam isso. Mas comparar com um personagem de desenho animado? Aí não.

— Aqui seu algodão doce. — Entregou friamente o doce nas mãos da garotinha. — Se divirtam. — Era isso que falava a todos que iam comprar com ele.

— Obrigado moço do cabelo de tangerina. — A menina saiu correndo com sua mãe ao seu encalço.

Suspirou cansado, não sabia até quando conseguiria aguentar aquele lugar. Se sentou com um pouco de brutalidade na cadeira de plástico, a fazendo afundar mais um pouco no chão de areia. Estava começando a ficar com raiva.

O tempo foi passando, e já havia se passado uma hora. Ansioso para voltar para casa, o alaranjado checava a hora de cinco em cinco minutos, se decepcionando cada vez que olhava o relógio de pulso. Não era permitido celular para quem trabalhava no parque, fazendo da função de Soonyoung mais entediante.

Estava distraído olhando um grupo de adolescentes góticos que repetiram o mesmo brinquedo umas sete vezes. Os olhava com tédio, sabendo que não iriam perceber. O foco de sua visão saiu dos adolescentes assim que ouviu um soluço de choro. Virou imediatamente para o seu carrinho, vendo um garoto com o rosto cheio de lágrimas.

Ele tinha cabelos loiros caídos no olho, e usava um moletom gigante rosa com listras azuis. Era consideravelmente baixo. Porém, as lágrimas que desciam em seu rosto deixaram Soonyoung um tanto preocupado.

— Você pode me dar um algodão doce? — O pequeno falou rouco, com a voz falha. O que indicava que havia chorado bastante.

O kwon apenas assentiu, e preparou um doce para o pequeno garoto triste em sua frente. Estava tentado a perguntar o que havia acontecido, porém achou melhor não abrir a boca.

— Gostei do seu cabelo. — Disse com uma voz que conseguia ser melodiosa aos ouvidos do alaranjado, mesmo falha. Ele havia elogiado seu cabelo! A primeira pessoa no parque a falar tal coisa.

— Obrigado. — Se animou pelo recente elogio. — Posso perguntar seu nome?

— Lee Jihoon. — Falou olhando para o palito rodando na máquina de algodão doce.

— Sou Kwon Soonyoung. — acabou fazendo dois doces. — Aqui, são de graça, por ter elogiado meu cabelo e porque quero que fique feliz.

— Obrigado. Seu cabelo é realmente muito legal.

Soonyoung sorriu. Não sabia de onde estava tirando tanta simpatia. Apenas queria fazer amizade com o baixinho.

— Azul e rosa? — Jihoon riu, olhando para os doces em suas mãos.

— Sim, as cores do seu moletom. — Seu coração se encheu de alegria vendo o menor dar um mínimo sorriso.

— Obrigado. Infelizmente não tenho mais com quem dividir. — Suspirou, ameaçando chorar novamente.

— Problemas no relacionamento? —  Arriscou perguntar.

— Não existe mais relacionamento, ela me deixou. — As lágrimas começaram a descer novamente pelo rosto pálido do Lee.

Em uma situação normal, Soonyoung apenas deixaria para lá, pois para ele parecia meio clichê ser largado pela namorada. Mas agora ele só queria escutar o menor, dar conselhos a ele, e até dividir um algodão doce.

Não esperava que um baixinho triste fosse tirar dele a tão desejada vontade de voltar para casa o mais rápido possível. Também não esperava que ele gostasse tanto de seu cabelo.

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Eu sou uma péssima influência para quem dorme cedo

Então, não foi muito bem no dia, visto que já é amanhã, mas aí :3

Espero que gostem ^^
Até o próximo capítulo♡

𝐂𝐎𝐓𝐓𝐎𝐍 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora