San Andreas desafiava as leis da geologia, por mais que ficasse bem acima do mar, era quente e úmido. Para Miráh era uma oportunidade, sua resistência aumentava e poderia jogar em qualquer cidade que seu desempenho não seria afetado.
E isso a ajudava para ser a capitã do time de vôlei feminino. Era centrada, porem feroz, a menina de aço, um prodígio. A morena falava somente quando necessário, mas suas palavras eram quentes que podiam tanto queimar quanto confortar, sempre com a língua afiada para responder um desaforo. Seus conselhos ajudam seus amigos como também os adverte de seus erros.
Nos jogos, era isso que salvava seu time, estava sempre observando, como uma águia, calculando cada movimento e auxiliando quando necessário. As quartas de final estavam acontecendo, um jogo acirrado, com olheiros de muitas faculdades presentes, observando e escolhendo candidatos para sua instituição. Jogavam contra um time forte, empatadas, um terceiro set cansativo que parecia não ter fim, até que o memento chegou.
Os pelos de miráh se aguçaram, viu quando a jogadora da ponta do time adversário impulsionou a bola para o canto direito da quadra, o oposto de onde estava, e livre de defesa. Como se voasse se posicionou e recebeu a bola em questão de segundos, direcionando-a para a levantadora e, sem demora, saltou.
A melhor sensação que já sentira era quando pulava, flutuava, mesmo que poucos milésimos, imersa no ar.Então seu braço vinha e sua mão espalmava a bola, aplicando ali toda sua força, que vazia com que a bola desliza-se diretamente para o chão da quadra adversária.
Ganharam. A adrenalina atravessou cada membro da jovem, um grito ecoou de suas cordas vocais, seus olhos lacrimejaram e correu, correu, correu até colidir em um abraço coletivo com suas colegas.
Não trocaria aquilo por nada, a felicidade que sentia era como uma droga, extasiava seu corpo e a deixava resignada, leve, algo que quase não cabia no peito. Miráh olhou nos olhos de cada uma das meninas, todas com um sorriso de orelha a orelha, o companheirismo que havia ali era imensurável e, naquele abraço coletivo, liberavam todo o stress e toda a tensão acumulada durante a partida. Depois foram cumprimentar a possibilitadora de tudo aquilo. Amavam muito a técnica Dolores, pois ela sim entendia suas angústias e as treinavam de maneira a fazê-las se sentirem invencíveis.
Nossa menina de olhos cor de mel praticava com Dolores desde que se entendia por gente. A mulher, agora de cabelos brancos, conseguia enxergar naqueles olhos grandes e brilhantes todo o potencial e equilíbrio presente na garotinha de nove anos que era quando a conheceu. Uma segunda mãe, quase tão maravilhosa quanto à primeira.
- Vocês sabem que nunca duvidei, mas agora não achem que iremos descansar. Agora que foram classificadas temos um jogo importantíssimo no final de semana, isso significa treino amanhã. Riley está melhorando cada vez mais seus levantamentos, treine a sintonia com seu time, você não esta sozinha, lembre-se disso. Camryn, se manter seus saques assim eu te torno titular e garanto sua presença nas nacionais em LA. E Miráh – Olhou nos olhos da menina – Me surpreendeu hoje, sua técnica vem melhorando junto com sua velocidade, se continuar assim sua vaga em alguma faculdade já está garantida.
Aquilo era novo, a treinadora nunca havia dado algum conselho assim. O time foi dispensado, todas em direção ao chuveiro, ocasionalmente sendo interrompidas para fotos e congratulações.
Porém, algo acontecia no quanto do estádio, algo havia mudado ninguém percebeu.
Arizona nunca tinha feito questão de ir a algum jogo da escola que não fosse o de football, mas ele estava ali. E Deus abençoe esse momento pois Fo ali que ele viu ela.
Ali foi onde Arizona Campbell viu realmente Miráh Gonzáles.
O loiro foi convidado por sua ex para ver o jogo, e por algum motivo aceitou realizar um ultimo pedido para tracey. Só que em nenhum momento olhou para sua antiga paixão.
Não conseguia entender o que tinha acontecido. Talvez fosse o corpo de Miráh, forte, esguio e articulado que exalava resistência, ou talvez a leveza e o gingado de seus movimentos pela quadra como se estivesse dançando, ou ainda seus olhos. Já tinha encarado aquelas Iris cor de mel milhares de vezes, entretanto foi como se tivesse visto uma nova verdade, a alma dela em sua essência pura. E como ele queria ter visto ela antes.
Arizona não se compromissava a nada, seu namoro com tracey havia sido um engano de sentimentos. Beijava varias meninas toda semana, cantava qualquer uma, era desleixado e tinha sorte de ser rico, pois de tudo lhe faltava. Exceto o charme. Ari era extremamente encantador e por mais que não possuísse feições bonitas, arrasava o coração das meninas, com seu jeito de malandro e seu estilo fuckboy.
O jogo tinha sido um tapa na cara, fez com que Ari se sentisse um nada, impossibilitado de ser o palhaço de sempre pois pode presenciar o que é responsabilidade de verdade com Miráh, alguém que jamais pode imaginar que era assim. A morena nunca foi uma rosa que se cheire, bruta e que compartilhava o mesmo espírito moleque que ele.
Conhecia quase todos os efeitos de quase as drogas conhecidas (cortesia de seus melhores amigos), e ali estava se sentindo como nunca antes, com as bochechas ruborizadas o coração acelerado e a mente nublada.
Miráh Gonzales acabava de se tornar seu novo vício.

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Slow Burn
Teen Fiction"É fogo que arde sem ver ferida que dói e não se sente" Ninguém poderia ter previsto, ninguém nem ao menos cogitou acontecer. E foi assim, eles queimaram. Miráh e Arizona, eram faíscas, iluminavam seu arredor e hipnotizavam com suas chamas, porém a...