Fantasmas também sentem saudades

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A brisa fria de uma péssima noite de sexta batendo com força e agraciando meus cabelos nunca me deixaram tão melancólico quanto estou me sentindo agora, sentado por aqui, em cima do terraço do manicômio, perdido em meus própios pensamentos, mas especificamente em alguem de porte importante em minha "vida"; Ggukkie. Jungkook sairia em dois meses daquele lugar a qual erroneamente vim parar em sua espécie de terraço, e isso me intrigava; não por quê ele vai sair, é claro, eu estava louco para o ver bem longe daqui, voltar para a casa com ele..., mas sim porquê YeonHun não estava facilitando para o meu lado, nem Abraxas o fazia mudar de ideia. A ordem era bem clara: não falar com JeHun, até o ano de reabilitação do mesmo se findar. 

Graças á Hoseok eu posso ainda vagar por aqui, entre os vivos.

Em um dia, no mais puro tédio, contatei a presença do anjo, e...bom, o que eu mais temia, ele me confirmou: estou passando a amar Jungkook. Nossa, isso me assustou tanto, porque parecia tão errado eu poder amar um ser vivo, um humano... mas agora me parece tão certo...

Ficar longe dele estava me incomodando. E como estava.

Eu sentia e ainda sinto falta das nossas brigas, implicâncias, os sustos que eu sempre o dava naqueles dias, das suas tatuagens á mostra - principalmente umas que ele tinha feito na clavícula, com as escritas 'Forever Young' ao lado esquerdo e 'Gold Maknae'  ao lado direito, um pouquinho abaixo da clavícula bem marcada, e claro, a pequena cruz na bochecha, tão lindo...-, das suas confições, os beijos... tudo nele me fazia falta.

Ahh, Jeongguk... isso machuca tanto,

dói tanto....

— Ei baixinho. — uma voz já conhecida me chamou, logo percebi ser do cupido. — Não está pensando em pular daí não né? Sabe que nunca faria efeito. Já 'tá morto mesmo. — em um tom brincalhão e meio sarcástico o anjo disse, me fazendo rir daquela baboseira toda. Poderia ter arranjado briga com ele? claro, mas chega num tempo que a gente não liga mais e, bom..., eu havia alcançado o meu tempo.

— Cala a boca, Hope, só fala merda. — Hoseok riu, deixando de bater as enormes assas branquinhas e aveludadas que me acostumei tanto a dormir na minha frente, para enfim recolhe-las, se sentando ao meu lado, ainda rindo.

— E você é palavrudo demais para uma alma penada. — fiz bico, o ouvindo rir de mim em seguida. — O que veio fazer aqui? Não te vi sair sem mim nesses últimos dez meses.

— Espairecer talvez. — um suspiro deixou meus lábios; eu estava, estranhamente, me sentindo muito cansado. — Estou com medo Hope. Muito medo. — o olhei, o mostrando por olhar meu desespero.

— Olha, tenho noção que de nunca vou me sentir ou passar o que você está passando, ou ao menos entender seus medos, então não posso ser hipócrita dizendo que sei bem ou lhe entendo de alguma forma. — o anjo suspirou, triste. — Mas posso confirmar pelas minhas penas sagradas que pode contar comigo para tudo, irmãozinho. — pude sentir o amor em cada palavra proferida sua, de fato, Hoseok foi feito para ser um Anjo do Amor.

— Desde já te agradeço, Hope. Por todos esses meses comigo..., sem sequer me abandonar. — o pude ver sorrir largo, então de prontidão o retribui da mesma forma.

— Você sempre foi alguém importante, Chim. E esses duzentos e um anos só me provou isso. — a sinceridade em suas palavras chegava a ser tão belas, que eu nunca poderia compara-lá à nada.

— Você lembrou... — digo um tanto quanto surpreso, porém muito feliz; ele tinha se lembrado... — Te amo irmão. — acabei por proferir, estranhando o aquecer em meu peito, mas...como?

— Eu também te amo, Jiminnie. — e mais uma vez naquela noite, ele sorriu.

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Nem sempre os céus são um lugar de paz.

Não para alguém de mente tão turbulenta.

Depois de jogar conversa fora com o Hoseok, decidimos voltar para casa;

O primeiro céu, para ser mais exato.

Eu não conseguia ficar quieto, estava desesperado; precisava ver Jungkook.

Com esse pensamento comecei a bolar um plano para fugir daqui. O castelo celestial era MUITO, extremamente, alto, não teria como sair com facilidade daqui, eu precisaria da ajuda de alguém.

(...)

— Hoseok... Acorda, irmão... — o sacudi, falhando miseravelmente em acordá-lo. — Anda Hope, colabora!...

— HÃN?! N-não foi eu não, Omma. — acordou, uffa...

— Droga Hope, sou eu, Jiminnie...! — sussurei, o vendo me encarrar estranho por alguns segundos e logo se pronunciar;

— Vai dormir criança..., já está tarde...  — proferiu ainda, muito, sonolento. Revirei meus olhos, ele também é chato quando queria.

— Não daaá... Eu quero ver o Jungkookie... — digo manhoso, logo o ouvi suspirar.

— Tudo bem, tudo bem. Eu te levo. Mas não vamos demorar, ok? 

Confirmei com vários acenos, concordando desesperadamente com aquilo.

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Com muito custo, conseguimos voltar a Terra.

Já tínhamos conseguido entrar no manicômio, bom, na verdade só eu entrei já que o anjo preferiu ficar lá fora bancando o vigia.

Hoseok estava com os dois pés para trás com toda essa minha desobediência toda, mas é por amor e ele tem noção disso, então como tal, mesmo sendo meu irmão mais velho, não pode interferir nisso.

Estava muito escuro por aqui e eu tinha muito medo de que alguém me visse, o que é irônico já que o Fantasma/Alma Penada aqui sou eu.

Sei lá, a demência bate com muita força ás vezes.

"Caminhando" — ou flutuando se preferir —, rapidamente por entre os quartos, percebi que um dos detentos ou pacientes mesmo me viu, e sorriu abertamente para mim, enquanto um outro moço que estava junto deste antes citado me encarava assustado;

Não, assustado não. Apavorado seria a palavra certa para o definir.

— É-é ele? — perguntou ao moreno sorridente, esse que assentiu rapidamente, sem tirar aquele sorrisão enorme de seu lábios.

— J-Jimin?! — o olhei assustado. Ele por acaso me conhecia?

— Senhor, me diga que não estou delirando!, pelos céus, isso é real?

— Jimin... — a voz era rouca, falha, melancólica e até mesmo...sofrida. Ouvir aquilo doeu, mas....por que?

— Co-como me conhece?

— Amor..— foi se aproximando mais da pouca luz do local que era unicamente proporcionada pela lua, me deixando mais assustado, eu não o reconhecia. — Sou eu, Minnie. Ainda sou apenas 'eu'...

— Je-Jeonggukkie?... — as lágrimas sangrentas tomaram meu rosto quase transparente; estou aporado.

O que fizeram com você, Kookie...

 Senti sua falta amor....

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NOTAS DO AUTOR:
HEHEHEHE olá Jeongguk! Hahaha

The Ghost Of House 212 || JJK+PJM {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora