𝐢𝐯 | 𝐩𝐚𝐫𝐭𝐲? 𝐧𝐨𝐭 𝐞𝐯𝐞𝐧

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𝐑𝐄𝐁𝐄𝐂𝐂𝐀 𝐁𝐀𝐂𝐂𝐇𝐈

Olho-me no espelho, ajeitando meus cabelos e meu vestido ao corpo, o mesmo bem mais magro, ultimamente. Atrás de mim minha mãe me elogiava a todo instante., uma tentativa falha de aumentar minha autoestima abalada.

Eu me sentia apreensiva, hoje seria a primeira vez que veria ele depois de um ano, e não tinha ideia de como iria reagir. Ainda assim, eu sabia que não iria ser de um modo positivo. Dou conta que a essa altura não podia evitar, pronta, me viro para a mulher de cabelos curtos.

— Você está linda! – Minha mãe diz ao analisar-me uma última vez.

Vejo seus olhos marejarem, Rose nunca foi tão boa em esconder suas emoções e depois do meu intercâmbio em Vancouver as coisas só pioraram. A minha relação com meus pais se limitou a ligações rápidas, a onde eu apenas lhes informava sobre meu "bem-estar". Isso acabou gerando um afastamento entre nós, que os magoavam profundamente. Agora aos poucos, eu tentava recuperar o que foi perdido.

— Obrigado mãe. – Beijo sua bochecha e ela me abraça, mas logo me desvencilhio. — A senhora tem certeza que não vai? – Questiono. Ainda com esperanças que ela vá ao evento que eu iria acompanhar meu pai hoje.

— Não, você sabe que não gosto dessas coisas. – Ela faz uma careta e dou risada de sua expressão. — Agora vá, antes que seu pai te deixe aqui! – A mulher diz quando meu pai buzina pela milésima vez.

Eu assinto e na sequência desço para a garagem. Tite e sua paciência total de zero por cento.

— Acho que escolhi saltos horríveis! – Resmungo, quando tropeço em meus próprios pés sendo segurada pelo o homem mais velho. Adenor estava impecável em seu terno e mantia a postura de sério.

Digamos que eu tinha perdido meu posto de menininha mimada do papai. Agora ele evitava ao máximo gestos de carinho, tudo se resumia ao medo que eu o abandonasse novamente. Aquela sensação era como um soco no meu estômago, por alguns segundos tudo que eu queria era chorar ao ver nossa amizade escorrer pelas minhas mãos.

— Pessoas sem coordenação motora não combinam com salto. – Ele relaxa um pouco o corpo e sorri torto me soltando. — Já estava indo buscar você, que demora! – Meu pai reclama e dá a volta, entrando no carro, eu faço o mesmo.

Era visível que ele estava mais que ansioso ao meu lado, pois apertava o volante com uma força desnecessária e esse era um dos jeitos dele manifestar sua ansiedade. Queria contar-lhe que também me sentia assim, mas também teria que contar o motivo… O que daria uma bela confusão. Outra vez a sensação ruim me atingiu, me devastando completamente.

— Como você está, pai? Eu imagino que esteja preocupado ou no mínimo ansioso. – Digo, na mesma medida em que acaricio seu braço na tentativa de ao mínimo acalma-lo.

— Eu estou bem. É claro que eu estou ansioso e principalmente preocupado, mesmo que tenhamos ótimos jogadores, ás outras seleções também são muito fortes. Não tem como não se preocupar… – Ele suspira, solta o volante e passa a mão por sua testa, exatamente quando paramos diante de um semáforo.

Se eu estivesse no seu lugar também estaria, a responsabilidade de um time inteiro estava em suas costas. Apesar que ele sempre cumpriu sua missão com excelência.

— As coisas irão dar certo, eu acredito em você. – Pontuo, bem confiante e gentilmente deposito um beijo em sua bochecha.

— Eu senti falta de você filha. – Ele fala com um sorriso no rosto, se rendendo um pouco. — E á propósito, se comporte mocinha! – Tite dá partida no carro e voltamos a nos mover pelas ruas de Teresópolis.

𝐈𝐍𝐒𝐄𝐂𝐔𝐑𝐈𝐓𝐘 ★ 𝐏. 𝐂𝐎𝐔𝐓𝐈𝐍𝐇𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora