Prólogo

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Tarde da noite alguém se arrastava pelos telhados. Pousou silenciosamente na rua de paralelepípedos e passou a se esgueirar entre as sombras. As ruas estavam molhadas e embarradas da chuva recente, o vento frio levava as nuvens embora e as estrelas surgiam timidamente sob a cidade. Uma capa cobria seu corpo e um capuz ocultava o rosto. Sob a capa, lâminas de todos os formatos se escondiam, além das que escondia dentro de cada bota de couro pesada que curiosamente  não produziam ruídos contra as poças de lama. O vento frio provocou  o farfalhar de suas roupas. De repente, escutou o som de passos. Muitos passos.

Se escondeu em um beco escuro e esperou imóvel enquanto cinco homens passavam por ela sem percebê-la. Era a guarda real fazendo a patrulha. Um dos homens soltou um comentário qualquer e os outros começaram a rir alto. Ficou alguns segundos esperando enquanto as vozes deles se perdiam pela distância.

Ela franziu a testa. Apenas cinco guardas fazendo a patrulha? O rei realmente é um homem confiante. Pensando bem, poucos ousariam se aventurar pela capital após o toque de recolher, ela era invisível.

Avançou por algumas vielas até reconhecer seu destino. Ergueu a cabeça para contemplar a parte menos simples da missão. 

Uma mansão de pedra se erguia diante dela. Três andares, muitas janelas e algumas tochas espalhadas na parte da frente. A mansão de Lorde Verrian.
Ninguém reparou em sua sombra no jardim. Ninguém viu quando ela escalou as paredes. Ninguém percebeu quando ela lentamente abriu a janela e entrou na biblioteca. Ninguém ouviu seus passos no corredor e ninguém soube quando ela esgueirou-se para dentro do quarto onde um jovem dormia sob a cama de dossel.

A Chama de DarmianWhere stories live. Discover now