Capítulo 1

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- O que é isso, afinal?

- É um gato!- Alice gritou pela milésima vez.

- Isso não é um gato. - Matt insistiu. - Eu ja vi gatos. Isso está mais pra um... Rato. Grande. E doente.

- Se isso custou tão caro, pelo menos deveria vir com pelos.- todos riram e Alice fuzilou Hannah com o olhar.

- O que acha disso, Nora?

- Eu acho... que você estava reclamando de dívidas ontem. E hoje apareceu com um rato de mil dólares...

- É um gato! Um gato, ok?!- Alice respirou fundo.- Mas eu passei pela vitrine e ele estava lá, me olhando, com esses lindos olhos...

Matt fez uma cara feia.

- ... Eles parecia estar me esperando. Parecia estar ali à muito tempo...

- Por que será, não é?

- Olhe, se continuar ofendendo o Rumple....

- Rumple?- perguntei.- Isso é nome de personagem de série sobrenatural?

- Oh... tipo aquele cara de...

- Calem a boca.- Alice o interrompeu.- É um lindo nome.

- Se você está em Once Upon a Time, sim. É um ótimo nome.- disse Hannah rindo.

- Não ligue para eles, Rumple. Você é uma fofura.

Sentei novamente no sofá e peguei o jornal do Matt para dar uma olhada. Sim. Ele ainda lê jornal hoje em dia. Matt é um rapaz de origens. Muito apegado à coisas antigas. Ele diz que quanto mais o mundo se atualiza, mais nos esquecemos que antes nos divertiamos tão pouco. Um pensamento careta pra quem tem apenas 23 anos.

Levantei o olhar e vi Hannah mexendo no telefone. Se você quer uma garota durona e extrovertida ao mesmo tempo; apresento-lhes Hannah. Apesar de ter muitos segredos mesmo depois de anos de amizade, Hannah é uma das pessoas em quem mais confio. Ela teve uma infância perturbadora e um passado trágico. E mesmo assim tem um ótimo coração, um caráter inquestionável e nem vou falar da sua humildade. Mas também, pra quem morou na rua e sempre teve tão pouco, dificilmente seria uma pessoa esnobe.
A Alice é um pouco diferente. Vinda de uma família rica (apesar de ter se rebelado à um tempo atrás e se recusado a viver às custas do pai), nunca recusou uma mordomia. Ela aprendeu muito, depois de ter saído da aba do pai, mas a alma continua de princesinha. Porém, Alice não deixa de ser uma pessoa incrível e gentil.
É... Eu acho que não há muito oque falar de mim.
Meu nome é Nora Allen sou uma mulher de 23 anos. Nascida em Townsville. Uma pequena cidade da Austrália. Trabalho como chefe de cozinha em um restaurante. Moro em um apartamento no centro, no mesmo prédio que os meus amigos. Alice e Hannah dividem o apartamento ao lado. E o Matt mora alguns andares à cima. Diferente de Hannah, meus pais são vivos e moram em uma cidade próxima. Os pais da Alice moram perto mais eles não se falam muito. O Matt é "estrangeiro" veio do México para cá  mas mantem contato com sua família. Bom... essa é a minha vida e os meus amigos.

- Nora! Vamos nos atrasar.- ouço a voz de Hannah.

- Atrasar?- questiona Matt.- Não temos hora pra chegar. Só vamos no Central Park, ver pessoas, aproveitar que é  feriado e não trabalhamos e fingir que gostamos da vida.

- Eu gosto da vida.- Alice o contrariou.

- Eu também.- Hannah entrou na conversa.- Dependendo do que você chama de viver.

Chegamos ao Cetral Park onde a coisa acontecia. Quando digo a coisa, quero dizer; um bando de gente, comprando em barracas, conversando, e lá no fundo, se lamentando por não ter grana para viajar.
Assim que chegamos, Alice avistou Finn. Um cara que era nosso amigo à um tempo atrás. Mas ele se afastou de nós. Encontrou uma galera mas divertida.

- Eu já disse o quanto esse cara me tem na mão?- falou Alice olhando fixamente para o rapaz conversando com o Matt.
Esqueci de um pequeno detalhe; Alice sempre foi "ligada" nele.

- Não sei por que. Ele não é nada confiável.- disse eu.

- Ele só se afastou do grupo, Nora.- Hannah revidou.

- Eu sei, é qu...

- Ele ta vindo! Ajam naturalmente!

Eu e Hannah nos olhamos enquanto Alice arrumava o cabelo.

- E enquanto a você?

- Shiiiiuuu!

- Iai, galera!- Finn nos comprimentou gentilmente.

Respondemos um "oi" em uníssono.

- Ei, Allen. Soube que conseguiu um cargo de chefe no FoodGrey's. Parabéns.

- Valeu. Mas como você soube?- perguntei tentando soar simpática.

- Ah. Você sabe. As notícias correm.- respondeu ele. Finn colocou as mãos no bolso da frente da calça. Parecia nervoso.

- Então, Finn... Como vai a vida?- perguntou Alice.

- Bem... eu acho. Não sei se o Matt comentou com vocês, eu sai da empresa.

- Ele comentou sim.
Hannah parecia estar distante mas pelo visto estava prestando atenção na conversa.
Matt e Finn trabalhavam na mesma empresa como contadores ou processadores  de dados, algo do tipo.

- Eu não sei por que eu continuo lá.- disse Matt.

- Por que você tem contas pra pagar?- falo irônica. Percebo que Finn me olha.

- Não. Quero dizer... eu sempre me imaginei fazendo algo incrível. Tipo: um policial. Ou um médico. E hoje eu me encontro em um escritório, atrás de um computador. Processando dados.

- Mas é o que você faz de melhor!- disse Alice.

- Você é boa em gastar dinheiro e não trabalha nisso.

- Eles pagam para gastar dinheiro?- Alice perguntou visivelmente interessada.

Finn riu. Mas riu olhando para mim.
Eu estava bastante desconfortável com aquilo. Ele nem fazia questão de disfarçar.

- Falando nisso... Alice, eu não me lembro de você ter levado o seu rato pra casa.

Alice me olhou pensativa.

- Você tem um rato de estimação? - Finn perguntou.

- Tem.

- Não.

Eu, Matt e Hannah respondemos que sim ao mesmo tempo em que Alice negava.

- É um gato. Eles que implicaram com o meu bichinho.

- Acredite. Aquilo não é um gato.- disse Matt.
Eu sabia que ele só queria irritar Alice. Como sempre. Eu não vou mentir. Sempre quis que eles ficassem juntos. Mas eles isistem que é só amizade. Vamos ver até quando.

- Pessoal, vou comprar uma água.

Eles murmuram algo como "tudo bem" e voltaram a discutir sobre o novo mascote do grupo.

- Uma água por favor.- peço quando chego á barraca.
Segundos depois o vendedor me entrega e eu o pago.
Bebo um gole antes de fechar os olhos e esperar até que o meu cérebro descongele e os meus dentes parem de doer.

Estava prestes a andar de volta para os meus amigos quando percebo, no alto de um prédio. Um homem. Ele estava parado, observando. Estava olhando além de mim, não tinha percebido que eu o tinha visto. Continuei a olha-lo por alguns estantes. Com certeza eu não o conhecia. Se bem que pela distância eu mal me reconheceria.
Ele se movimentou e depois parou. Eu tive certeza que estava olhando para mim. Um calafrio subiu das minhas pernas até a nuca. Desviei o olhar e continuei andando.




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⏰ Última atualização: Oct 04, 2018 ⏰

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