aveugle \\ minjoon

i

cego
1. Aquele que é incapaz de ver
2. Privado da visão
3. Jeon Jungkook

Eu realmente acredito que houve um momento da vida de Jimin no qual ele amou Jungkook. Eu não duvido, quando ele vem até mim, em prantos, as mãos miúdas comprimindo o tecido de minha camisa com tanta força que ele próprio sente dor e os olhos marejados, transbordando os sentimentos que ele não parece ser capaz de explicar, e diz que o amava. Não é mentira.

Ele amou.

É uma crença comum a que o amor prende; acorrenta a alma, o espírito. Se amou uma vez, vai amar para sempre.

Se não amou para sempre então não é amor.

Mentira.

Amor não é um contrato vitalício. O amor ele sorriu é. E pode ser agora e não ser mais amanhã.

É justamente por acreditar que o amor é, obrigatoriamente, vitalício; como um pacto de sangue, que Jimin sofre.

Porque ou seu coração o força a continuar amando Jungkook ou empurra todos os seus sentimentos no lixo.

E todas as noites, quando ele se esgueira para o meu quarto, o rosto molhado por lágrimas, eu tento o explicar isso. Mas parece nunca ter efeito.

Porque todos os dias de manhã, apesar de não mais o amar, Jimin sai da minha cama e corre para os braços de Jungkook. E força sorrisos. Empurra garganta abaixo o incômodo de ser tocado por ele, beijado por ele. Fodido por ele.

Incomoda quando ele se lembra de mim todas as vezes que ele faz.

E a culpa nem é dele. Ele só é um tolo.

Um cego.

Não quer ver o óbvio, bem a sua frente. Claro como o sol de meio dia do Rio de Janeiro; como as luzes da Eiffel no Natal. Tão nítido quanto nossos shows lotados, quanto o meu amor por ele: o amor dele por mim.

Jungkook não consegue ver. Ele é um cego. Um cego e um tolo por não ve— por não querer ver — que seu namorado, Park Jimin, não o ama.

Ele ama a mim.