Max

Capítulo 2

   Quando o dia amanhece Max vai até uma lagoa para ver o sol nascer, e fica um bom tempo apenas observando aquela pequena paisagem sentado na beira da lagoa, após admirar o sol nascer caminha até uma padaria, a sua favorita (e a única que ele conhece), apenas para poder sentir o cheiro do pão quente saindo do forno, ouvir as pessoas conversando e dando bom dia umas as outras, as vezes ele ficava na entrada da padaria recebendo as pessoas e dando bom dia a todos, e mesmo que fosse ignorado todas as vezes, ele continuava, certa vez uma pessoa estava vindo em sua direção quando ele disse "bom dia" e ela respondeu de volta, logo ele se enchera de felicidade e expectativa, mas esta pessoa tinha passado direto para falar com seu amigo que estava atrás de Max, neste dia apesar de ficar bastante sentido, ele ficara ainda mais animado com a expectativa de que alguém falasse com ele de verdade algum dia, já que por mais que tenha sido um engano ele ainda se sentiu muito aceito e esperava um dia ser visto e sentir aquilo de verdade. E ele não desistia de ir até essa padaria todos os dias e essa era uma de suas partes preferidas do dia, já que ele podia sentir o cheiro do pão e estar entre as pessoas e até sentir-se enturmado com elas em certos momentos.
   Durante seu tempo na padaria ele ver, em frente à porta da padaria na beira da calçada, alguns cachorros de rua e decide que seu dia será seguir esses cachorros, ao decorrer do dia ele presencia pessoas alimentando os cachorros com ração e água, assim como também presencia pessoas espantando os cachorros para longe de suas casas e apenas observa com certo rancor, já que, mesmo querendo, ele não teria como agir, continuando sua aventura ele cruza um semáforo com esses cachorros e instantaneamente fica boquiaberto com um malabarista, e fascinado com o que ele  fazia com bastões e bolas decidiu deixar de seguir os cães para admirar o malabarista, ele arranca as três últimas folhas de de seu diário e tenta imitar o malabarista repetindo seus movimentos e acaba derrubando todas as bolas e ao tentar apanhá-las se atrapalha o suficiente para cair ao chão e rir de si mesmo. Vendo que o malabarista iria sair daquele semáforo ele o segue até seu próximo ponto e ao próximo e ao próximo até se encerrar o dia, entre um ponto e outro ele gostava bastante de ver as conversas de quando dois malabaristas se encontravam entre um ponto e outro e ficava a ouvir suas conversas, piadas, dificuldades e preocupações. No fim do dia o malabarista vai para sua casa e no caminho ele vai contando as moeda que conseguira ai longo do seu dia, e passa em uma loja para comprar comida com o pouco de dinheiro que juntou, Max, o acompanhando, vê que ele apenas compra pouca comida, achando que seria só para ele, Max o acompanha até em casa, quando ele entra, Max fica apenas observando de uma janela seus dois filhos o abraçam e ele dá a sacola para sua mulher fazer a janta para eles;

-Como eles vão dividir esse pouco de comida? Não seria melhor o pai ter comprado mais? -questionou Max consigo mesmo.

   Max observa a mãe separando os pratos na mesa para todos comerem, mas o pai se recusa e deixa sua comida para eles, Max logo sente seu estômago remexer, algo que ele nunca sentira antes o deixou bastante confuso com o que ele sentia vendo essa cena, logo, se retira e vai até seu ponto de ônibus para passar a noite.
   Chegando em seu ponto ele se deita no banco para poder observar a lua, as estrelas, ansioso para algum avião passar por ali. Via os poucos carros que ali passavam, escutava os grilos, gatos, cachorros latindo, qualquer coisa que acontecesse durante a tarde da noite o deixava inquieto e ansioso para que fosse algo novo que ele pudesse descobrir, o que muitas vezes o decepcionava já que tudo ali ele já vira durante o dia, a única diferença era o aconchegante silêncio da noite que fazia todos esses sons parecerem mais altos e destacados.
   Max não sente o tempo passar, ainda não consegue compreender o conceito dos horários já que para ele apenas tem a manhã, a tarde e a noite, o que sempre o deixa confuso quando vê alguém se preocupar em se atrasar para algum evento, logo, ficar acordado várias horas na solidão da noite para ele não era incômodo nem nada terrível, nunca sentia uma grande vontade de fazer algo pare se ocupar e o tempo passar mais rápido, mas em algumas dessas noites ele escrevia seu diário: