His Eyes; prologue

70 5 2
                                    

1917, December 1st

Fazia um tempo que Hoseok Jung vinha se perguntando algumas coisas.

Mas a pergunta que mais lhe perseguia era "o que está em falta?" Ora essa, era um ômega de 18 anos, bonito, de boa família, mas o Jung sentia que faltava algo. O que poderia lhe faltar, se tinha tudo?

Um belo e jovem alfa, uma linda casa em um rico país, um futuro já prometido e selado com plenitude e felicidade, tudo que um ômega jovem adulto poderia pedir durante aquela época. Faltava um pouco de emoção, talvez? Bem, talvez a emoção dos musicais e peças teatrais não fossem suficientes. Não queria atuações, queria viver coisas reais. De acordo com seus próprios pensamentos, romances épicos, trágicos e com finais mirabolantes só aconteciam em livros.

Os romances da vida real, entretanto, eram muito diferentes. Ainda mais quando um dos cônjuges em um relacionamento pensasse por ambos. O alfa, aquele que responderia legalmente na corte e o que falaria primeiro no altar. O alfa pensava por dois em um relacionamento.

Hoseok dominava as artes; música, pintura, dança, tinha um bom conhecimento de línguas variadas, era um rapaz inteligente. Ainda assim, faltava algo. E aquilo lhe incomodava imensamente. Não se sentia completo, nem quando se sentava ao lado do alfa com quem queria passar o resto da vida nas mesas formais de jantar, nem quando entravam em grandes salões juntos, como uma imagem exemplar de alfa e ômega.

Havia algo faltando, algo que não tinha ao alcance das mãos.

E mesmo naquele baile luxuoso, cheio de pessoas agradáveis e de boa conversa, a cabeça pensativa do jovem divagava. Tudo que queria naquele momento era um bom livro, um romance de preferência. Não se importava com o quão fictícios eles poderiam ser, só queria que pudesse experimentar um pouco deles em sua própria vida. Mas era fútil.

Onde encontraria amor? Em seu Lorde, que passava mais tempo trancado com o trabalho do que lhe fazendo sentir ômega? O amor estava em algum lugar da bela York, residindo no coração de alguém que ele provavelmente ainda não conhecia.

Sentiu-se fraco por ceder tão facilmente, mas seu coração sonhador derreteu quando sentiu seu Lorde se aproximar de si. Detestava sua frieza, mas não podia resistir à sua ocasional doçura.

- Petite, está tudo bem? - A voz terna e suave como veludo invadiu os ouvidos do Jung como uma canção. Foi inevitável o seu sorriso, ainda mais quando sua mão foi discretamente envolvida pela dele.

- Sim, sim, não se preocupe. - Hoseok novamente voltou sua atenção ao contexto onde estava naquele exato momento. No meio do alto clero, misturando-se com outros alfas jovens e na idade própria para se casarem. Talvez fosse a pessoa mais jovem naquele local, e um dos únicos ômegas que não tinha a atenção de seu alfa por um tempo satisfatório. Estava farto de toda a atenção desnecessária, queria ficar em paz para que pudesse refletir sozinho.

Ah, francamente. Queria ter negado o convite de Lorde Min. Queria ter ficado em casa, com ele que fosse, mas não parecia certo estar ali. Não era onde deveria estar, no centro.

- Yoongi... Podemos ir pra casa? - Perguntou fracamente, disfarçando seu tom chateado com um sutil olhar para o salão de dança.

- Por que quer ir embora tão cedo, meu anjo? - Lorde Min – como era educado que lhe chamasse em público – suspirou, acariciando o rosto banhado com a convidativa luz do salão com a ponta dos dedos. Hoseok não conseguia entender.

Consigo, em particular, quando eram apenas os dois sozinhos, Lorde Min não lhe chamava daquela maneira. "Meu anjo." Não lhe chamava de meu amado, meu doce, meu carissimi, muito menos meu ômega. Apenas o seco, simples petite.

Milord; Onde histórias criam vida. Descubra agora