007

106 17 28
                                    

A Morte foi a primeira garota a nascer em todos os universos, reza a lenda. Ela nasceu um pouco depois de seu irmão, que era o próprio Nascimento, antes mesmo do Caos tomar forma e se espalhar formando milhares de universos. Os irmãos nunca se deram bem. O Nascimento, que sempre era inovador, constantemente alegrava o seu pai. Já a Morte, não tinha puxado a criatividade paterna e foi consumida pela inveja. Com o tempo, os irmãos acabaram tendo uma briga feia, onde a Morte jurou dar fim a tudo que seu irmão criasse, e assim, ela se afastou da família. Para suprir o espaço e distância entre seus dois filhos, o Lord Acima de Todos, acabou tento uma nova filha, chamada Vida.

Essa história me foi contada pelo meu mestre, uma vez. E, independente de qual religião você siga; independente de qual seja a sua fé. Independentemente de qualquer coisa, essa lenda é bem provável que seja real. Eu creio que seja, pelo menos. Como estudante de artes místicas e caçador de shinigamis, não posso discordar que essa lenda seja bem verdade.

De qualquer forma, independentemente do que você acredita, uma história continua sendo só uma história. Assim como uma verdade que você não crê, continua sendo uma verdade. Assim como uma mentira que você crê, continua sendo uma mentira. Porém, independentemente de qualquer coisa, existe uma certeza absoluta nessa lenda: a Morte existe para todos.

Independente da sua força, inteligência, beleza, capital ou fé, a Morte vai até você se você não ir até ela. Dito isso, eu poderia alegar que a Morte vencerá a todos, sem exceção. Como se fosse um grande Ragnarok. A única diferença será que, aqueles que a enfrentarem, viverão por mais tempo e, nas circunstâncias daquela noite, reencarnariam para tentar novamente e inutilmente, vencê-la.

Talvez fosse como o jogo Snake, aquele da cobra que come maçãs. Quando você chega no fim e come todas as maçãs, a cobra acaba se mordendo e morrendo. Alguns jogadores morrem com poucas maçãs, outros com muitas. Mas o final é o mesmo para cada jogador.

Seguindo essa linha de raciocínio, com quantas maçãs 3k1 morreu?

Talvez o Neutro pudesse me responder. Pena que não tive a oportunidade de conversar com ele.

Quando chegámos ao Estádio de Yokohama, Ulim e eu fomos para a arquibancada lateral e nos acomodamos na fileira mais próxima da pista de atletismo e do gramado. Ao centro do campo, como se esperasse o soar do apito, a entidade se mantinha ereta, olhando para o gol à esquerda.

— Ele notou nossa presença, mas está concentrado em quem irá enfrentá-lo — comentou o canino ao meu lado.

Momentos depois dessas palavras, vindos direto do vestiário e entrando com o pé direito no gramado morto, Yuna Nate e Jason Drake caminharam até a entrada da grande área do gol onde o Neutro mantinha o olhar.

A entidade sorriu.

— Eu sabia que seria minha primeira fiel, garota — a entidade abriu os braços. — Estou muito feliz. Se soubesse que já estavam à caminho, não teria tirado a vida de seu companheiro.

— Tsc.

— E trouxe um aliado novo — o Neutro baixou os braços. — Alguém que já passou pelas minhas mãos, não é, Caçador de Górgonas? E onde está aquela deusa "Lolita"?

— Ela não liga muito para quem vive ou morre em Nova Iorque... ou em qualquer outro lugar... enfim — respondeu Jason. — Só para constar, eu não gosto que me chamem desse jeito que me chamou. Parece nome de franquia e isso me incomoda.

— Ah... entendo.

A entidade não entendia. Ninguém entendia aquele cara.

— Então — Yuna deu um passo à frente —, vamos direto ao ponto...

Yuna Nate: NeroOnde histórias criam vida. Descubra agora