002

102 21 27
                                    

Eu acabei não voltando para a ACAP naquela noite. Acabei levando Yuna para a AAA, que agora ficava em Osaka, e fui muito bem recebido por Mena, o Assassino de Dragões, que acabou me convencendo a passar a noite ali. Embora fosse uma oferta que recusaria veemente há quatro meses, a Associação de Assassinos Anônimos, era agora uma organização menos obscura e sem todos aqueles "certos ideais" de um membro ou outro. Acabei não podendo recusar quando ele disse que pediria pizza.

Então, depois de seis pedaços de uma de frango com catupiry, eu acabei adentrando o jardim secreto da Assassina de Youkais.

O seu quarto.

Forjado nas profundezas de um sol em ascensão, as paredes... Não, não, não, Daigo. Isto aqui não é fantasia de época. Não vou ser levado a falar sobre o quarto de uma assassina sobrenatural de um jeito tão burocrático. Até porque, o que me surpreendeu naquele cômodo foi o quanto ele era simples.

Eu esperava algo mais punk-rock, considerando algumas atitudes de Yuna. Mas o quarto era constituído por uma cama, uma TV led, um Playstation e um guarda-roupa. Havia uma porta, onde era o banheiro, e a decoração era bastante simples, mas bem oriental.

Já que falei sobre o banheiro, naquele momento, eu estava sentado na cama de Yuna, enquanto ela tomava banho, pois ainda estava suja de sangue. Não que ela tenha jantado toda ensanguentada. Não é isso. Ela disse estar com muita dor de cabeça durante o caminho todo, chegando até a cambalear com tontura. Nada muito grave para a Assassina de Youkais. Mas, assim que chegamos, eu a trouxe até seu quarto e ela acabou caindo no sono. Foi aí que Mena e a pizza apareceram.

Quando voltei ao quarto, ela estava acordando, então disse que iria dormir lá e ela meio que me ignorou e...

— Seu pamonha! — A voz abafada da assassina veio de dentro do banheiro. O som do chuveiro havia cessado. Ela estava para... — O chuveiro quebrou! Pode vir aqui e concertar?!

— Você já está há quase quarenta minutos no banho! Não deu para deixar todas as partes limpas e cheirosas, foi?!

— Daigo, não me zoe! É sério!

Ela me chamou pelo nome. Ok, ela gemeu meu nome, mas tudo bem, já era um vestígio de cidadania.

— Eu sei o que você está tentando fazer aqui — falei. — Você quer me forçar a te ver nua para ter mais motivos para me chamar de taradinho!

Ela não respondeu. Permaneceu em silêncio absoluto.

— Haha! Parece que eu estava certo. Peguei você desta vez, picolé. Agora, vamos, pode sair daí. Deixe-me ver sua expressão de derrotada.

E a porta do banheiro se abriu. Uma verdadeira sauna se revelou. Do vapor, a assassina se apresentou...

— O que foi, seu pamonha? Tenho certeza que já viu igual naqueles vídeos da internet.

Ela saiu totalmente nua. Claro, se considerarmos que o gorro em sua cabeça não fosse uma peça de roupa.

— Coloca alguma coisa, agora! — Desconfortável, eu desviei o olhar de toda aquela pele alva exposta.

— Não diga que não estava esperando por isso, seu taradinho. Eu só realizei seu sonho de criança. Agora, me diga, com base nessa pequena demonstração, não sou eu a mais bela das mulheres?

— Desde quando você se importa com esses títulos fúteis?!

— É complicado responder quando se perdeu a memória.

Verdade. Ponto para ela.

— Mas, me diga você, que parece saber tanto sobre o que eu esqueci. Ou seria melhor eu perguntar para aquele agente? Ele parecia saber bastante, não acha?

Yuna Nate: NeroOnde histórias criam vida. Descubra agora