1 - Therapy

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Endireitei-me na poltrona ao ouvir que o avião estava se preparando para pousar. Com um nó na garganta, arrisquei olhar pela janela. Lá embaixo, o Brooklyn me saudava, toda Nova York me saldava, não consegui ignorar ou engolir o bolo que se formou em minha garganta. As lembranças do passado me atingiam a todo o momento e me torturavam, me diziam que nada voltaria a ser como antes, eu sabia disso. 

Tentei me convencer de que ele não morava mais lá, com certeza ele devia ter melhorado e ido morar em algum lugar muito melhor. Ele nunca gostara do Brooklyn mesmo. Ninguém gostava. Ok! Isso não é verdade, as pessoas gostam do Brooklyn, mas não ele

A voz anunciou que o avião estava se preparando para o pouso. Engoli em seco, a mulher ao meu lado sorriu para mim, interpretando, muito provavelmente, que eu tinha medo de avião, mal sabia ela...

- Mel! Quanto tempo. – Alice me abraçou com força, senti meu ombro molhado em instantes, ela chorava e começava a soluçar. 

- Lice... Senti saudades. – eu disse e me afastei um pouco. – Onde estão as outras? 

- No estacionamento, você sabe que temos uma pequena mania de nos perder, então eu vim e elas ficaram lá. – Alice sorriu e sacudiu a cabeça, os cachos pularam infantilmente – O que achou? 

- Está... – Alice se referia às mudanças que havia feito nos cabelos. Antes seu cabelo era longo, ia até metade das costas, ela nunca tivera problemas com os cachos, mas agora seu cabelo estava na altura do ombro, seu corte havia sido radical, mas pelo menos ela não mudara a cor, seu cabelo permanecia preto. – Lindo, diferente, bem Alice. 

- Ah, que ótimo! – Ela sorriu e me abraçou novamente. – Agora vamos antes que as meninas pensem que nos perdemos. 

Alice me guiou até a saída do aeroporto, levando uma de minhas malas. Ela tagarelava sobre tudo o que eu havia perdido em cinco anos, não mencionava ele ou seus outros amigos, as novidades eram apenas sobre as outras garotas. 

- A Juliet não mudou nada, continua tímida, mas engraçada como sempre. – Alice disse. – Mas não posso dizer o mesmo da Emma, aquela resolveu se rebelar... Calma! – ela acrescentou quando parei no meio do passo. – Ela não se rebelou para o lado mal, ela só resolveu deixar de se esconder de tudo e todos. 

- E os instrumentos? – perguntei, algo em comum com todas nós era o amor pela música, todas gostavam de algo. 

- Eu continuei com a bateria, agora estou ótima. – Alice disse e sorriu para mim. – Ju começou na guitarra, abandonou o teclado, assumiu que não era para ela, e a Emma está no baixo, ela foi a que mais avançou de todas nós. Mas, chega de falar das garotas, como você está? 

- Não vou falar tudo agora para repetir depois, continue me contando. – Fugi dos holofotes.
Alice não fez objeções ao meu pedido, continuou contando tudo, eu não iria assumir que na verdade já sabia de metade das notícias, eu mantive certo contato com as garotas. 

- MEL! AH, MEU DEUS, VOCÊ ESTÁ MESMO AQUI! – Ouvi Juliet gritando antes mesmo de poder achá-las no estacionamento. 

- Oi, gente – respondi sorrindo, elas correram até mim e me deram um abraço em grupo, não pude deixar de rir. – Eu também senti saudades! 

- Ah, você está tão linda. – Emma disse. 

- E esse cabelo! – Juliet completou. – Muita coragem, sentirei saudades das madeixas loiras. 

- Você se acostumará – eu disse e sacudi meu cabelo, agora preto, no rosto dela, que riu. - Mas, e aí, como é Londres? Cinco anos lá, conte tudo. – Emma disse. 

Hello, BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora