20 - Heroes

30 2 0
                                    

"Eu pedi que ele salvasse você." Aquela frase não fazia sentido em minha cabeça que, aliás, doía muito, como se eu estivesse de ressaca. "Eu pedi que ele salvasse você." Zack chorava copiosamente ao meu lado, Amy também apoiada em meu braço. Meu cenho estava franzido e eu tentava entender o que ele havia contado. "Vocês dois corriam risco." Certo, eu não estava tão lerda assim, sabia de quem Zack falava e era de mim e meu filho... nosso filho. Meu filho... Senti meus olhos se arregalarem quando as peças do quebra-cabeça se juntaram, talvez isso explicasse o vazio que eu sentia em mim, a dor em meu ventre e a preocupação nos olhos do médico que, mesmo aparentando felicidade por mim, tinha um toque de preocupação nos olhos também.

- Você tirou meu filho de mim? – perguntei, sentindo minha voz fraca e as lágrimas começando a escorrer. – Por que, Zack?

- Mel, eu não conseguiria viver sem você.

- Egoísta. – acusei, antes mesmo que ele completasse.

- Melissa, por favor, me entenda. Eu não fiz apenas por mim, fiz por Amy. – ele disse, a dor estampada em seus olhos. – Pensei no que ela sentiria por perder a mãe. E podemos tentar...

- Cale a boca. – cortei-o. – Não diga isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ah, tudo bem, você perdeu o filho, nós fazemos outro. Se tem um pingo de consideração por mim, não sugira isso.

- Mamãe, não briga com ele. – Amy pediu chorosa, mas eu não a ouvi.

- Como você pôde, Zack? – perguntei.

- Pelo amor de Deus, Melissa, ouça o que está dizendo. – ele disse em um sussurro desesperado. – Você preferia morrer e deixar sua filha a viver? Preferia abandoná-la? Abandonar sua família, seus amigos?

- Você fala como se tivesse realmente pensado nisso quando deu sua sentença egoísta.

- As únicas pessoas que me importam nesse mundo são você e Amy. – Zack disse e me cortou quando abri a boca para continuar atacando-o. – Sim, eu realmente não conseguiria viver sem você. Deus, só Ele sabe o quanto eu fiquei um bagaço após a decisão e com você em coma. Mas eu não fiz o que fiz pensando em mim e no meu ego, eu pensei na sua filha, coisa que você não está fazendo no momento ao dizer todas essas coisas.

- Zack, acho melhor você dar um tempo. – ouvi Harry dizer e sua figura apareceu, colocando a mão no ombro de Zack. – Ela precisa descansar, não pode ficar se exaltando assim.

Zack me olhou, dor e tristeza se misturavam em seus olhos, emoldurados por profundas olheiras. Uma semana podia ser pouco tempo, mas fora o suficiente para que ele emagrecesse consideravelmente, seu cabelo estava desgrenhado e a barba recém-feita estava mal feita, como se ele tivesse feito com pressa. Suspirei e fechei os olhos, alcançando a mão pequena de Amy e apertando-a delicadamente. Ouvi os passos de Harry e Zack se afastarem e a porta abrir e fechar logo depois. Amy soluçou em seu choro silencioso e eu abri meus olhos, fitando os olhos muito abertos de minha filha.

- Desculpe, meu anjo. – eu disse. Com dificuldade ela escalou a cama e sentou-se na beirada, suas mãos seguravam a minha e seus olhos fitavam meu braço com agulhas antes de encontrarem os meus.

- Não o culpe, mamãe. – ela disse. – Tio Zack sofreu muito, mais do que todos nós. Se eu desculpei o que ele fez, você também pode.

- Amy, querida, não é tão fácil. – eu disse.

- É sim, mamãe. – Amy disse, teimosa. – Ele não conseguiria viver sem você, mamãe, nenhum de nós conseguiria, nem mesmo meu irmãozinho. Você sabe, mamãe, que não está brava com ele, só está fingindo para não ficar triste. – estiquei meu outro braço, que tinha menos agulhas, e acariciei o rosto de minha filha.

Hello, BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora