Helena estava deitada sobre sua cama, em seu próprio quarto. Ela só possuía um pensamento, fugir dali, sair daquele maldito lugar e reencontrar sua família ao menos uma única vez. Ela não se importava com o fato de ser desprezada por eles, na verdade, acreditava que eles não a tratariam como no passado, ela não era a única pessoa com habilidades especiais no mundo e muitos eram verdadeiros heróis. Talvez isso os fizessem amá-la como pais deveriam amar.
A porta do quarto se abriu, fazendo Helena saltar da cama, assustada. Provavelmente seria Dorotéia, a doutora não havia gostado da maneira que a interna a enfrentara no refeitório, na frente de todos os outros.
No entanto, Helena surpreendeu-se ao ver Carlos, o fiel segurança do chefe dali, parado na porta. Ele a olhava como sempre, com pena.
— A doutora te mandou até aqui?
— Não, não sou uma marionete nas mãos deles, também faço aquilo que quero! — Carlos respondeu afastando-se da porta e a fechando. — Você enlouqueceu ao enfrentar Dorotéia daquela maneira? Ela poderia ter matado você e seus amigos lá mesmo!
— É impossível não enlouquecer num lugar como este, não acha? Estou aqui desde meus sete anos, não suporto mais tudo isto! — Helena gritou, olhando fixamente para Carlos, sem perceber que os poucos móveis atrás dela se moviam.
— Calma, Helena! — Carlos disse correndo até ela e a abraçando, tentando acalmá-la. — Vai ficar tudo bem, logo todo o sofrimento de vocês terminará.
Helena se acalmou nos braços de Carlos, não utilizando mais sua telecinese. Naquele momento aquilo era tudo o que a loira precisava, um abraço. Porém, o momento pacífico não durou muito. Antes que o abraço terminasse, a porta se abriu mais uma vez, permitindo a entrada de Dorotéia, que aplaudia.
— Emocionante. Sempre soube que você não era confiável, segurança. Um verdadeiro traidor!
— Basta, Dorotéia! Também não suporto mais seus jogos, sua manipulação! — Carlos gritou, separando-se do abraço e colocando seu corpo na frente de Helena, tentando proteger a garota da doutora.
— Sua resistência mental não é tão forte quanto imagina, Carlos. Vamos testá-la?
Neste momento o forte homem caiu de joelhos no chão, colocando as mãos abertas sobre os ouvidos, fazendo o possível para que a telepata não invadisse sua mente. Helena observava tudo aquilo assustada, em total silêncio.
A loira tinha uma certeza, Dorotéia era invencível, a pessoa mais poderosa dali.
— Você é tão frágil e tão... apaixonado. — A doutora dizia. — Como não percebi esse sentimento tão forte em você. Por isso veio até aqui arriscar tudo. Você é apaixonado, apaixonado por Helena!
— Basta! — Carlos gritou, ainda se retorcendo no chão, sofrendo com as dores provocadas pela invasão mental que sofria.
Antes que alguém fizesse mais alguma coisa, um forte alarme disparou. Um som ensurdecedor que Helena nunca havia ouvido ali. No entanto ela logo soube de sua importância, já que fez com que Dorotéia terminasse sua sessão de tortura mental, voltando-se para a porta aberta.
— Invasores? — A doutora olhou para o lado de fora, confusa com a situação.
Helena logo viu uma grande oportunidade de sair dali. Concentrando-se, usou sua habilidade telecinética na porta, fazendo-a bater, o que fez com que Dorotéia se voltasse para trás.
— Não tenho tempo para você agora, querida. Porém ainda consigo ler seus pensamentos facilmente, sei que está planejando fugir! — O som de soldados correndo do lado de fora tomou conta do quarto. — Como pode ver, ninguém entra ou sai daqui sem permissão. Agora se me permite, tenho que ver o que está acontecendo aqui!
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Argúcia - Plano de Fuga - Volume 1
Ficção CientíficaTomás Oliveira, um brilhante cientista que dará início ao seu maior sonho, ser o homem mais poderoso da Terra, mesmo que para isso precise transformar a vida de outras pessoas em um terrível pesadelo. Criou um sanatório para pessoas com habilidades...