Prólogo

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Após a queda do governo da Inglaterra devido à um ataque de bomba biológica que matou todos na sucessão ao trono, guerras civis se instalaram por todo o país. De um lado, aqueles que defendiam que o chefe de estado da Irlanda do Norte deveria assumir o controle e se tornar o presidente, e, do outro, aqueles que defendiam a unificação de todos os países do Reino Unido e que seus parlamentos elegessem o novo rei. A guerra se estendeu por anos, até que, depois da imensa devastação do território, as autoridades chegaram a uma decisão, e, assim, a guerra foi cessada, com a promessa do absolvimento dos crimes de guerra, como torturas, mortes e sequestros, praticados pelo lado chamado de Inovistas, que queriam o presidente Norte-irlandês, contra os Unificatistas, que defendiam a unificação. Os parlamentos decidiram que se tornariam todos um grande país, que seria controlado por este mesmo parlamento, e elegeram a nova família real, fazendo a vontade dos Unificatistas. O novo território adotou o nome de República Monárquica dos Reinos Unificados, ou apenas Reinos Unificados, vulgarmente conhecida por Nova Inglaterra.

Por mais que o problema político tivesse sido resolvido, a porção dos Reinos Unificados onde se instalava a Inglaterra ficou completamente destruída, a capital, Londres, já estava irreconhecível. O governo, por sua vez, largou a população daquele território, assim como este em si, às traças para que caíssem ainda mais, e a Inglaterra se tornou um grande subúrbio com áreas de extrema pobreza e fome. Depois de muitas décadas, a educação estava precária, doenças se proliferavam com rapidez graças ao esgoto que corria à céu aberto, à sujeira como um todo, as águas em sua grande maioria contaminadas, e a população crescia de maneira desgovernada. Com um índice de natalidade altíssimo, desemprego quase geral, taxas de analfabetismo subindo cada dia mais e expectativa de vida que não ultrapassava os 50 anos, o governo percebeu que estava na hora de intervir, já que a quantidade de imigrantes indo para as outras partes dos Reinos Unificados era preocupante pelas doenças que carregavam.

O povo inglês vivia numa completa distopia, com pouca energia, escassez de água, muitas chuvas e alagamentos que fazia com que muitos morressem de doenças que nem sabiam como nomear e muito menos como tratar, para chegar neste ponto, demoraram dezenas e dezenas de anos, muitos e muitos mandatos de diferentes líderes de Estado, nenhum deles ajudava o povo que sofria com a grande desigualdade social do país, até que um dos imigrantes ingleses que se mudou para onde estava o País de Gales, assumiu o poder. Se chama Edward Fritz. Ele decidiu que estava na hora, depois de mais de um século deixando o seu povo a própria sorte, de fazer algo pelos ditos esquecidos, e começou com políticas para o desenvolvimento da área. Começou de baixo, grande parte do dinheiro foi direcionado à demolição de antigos prédios que tinham grande risco de desabar e que não alojavam mais nenhuma moradia improvisado pela população, e, a partir do espaço, começou a construção de altos edifícios com várias casas de dois e três quartos com toda a mobília necessária, sofá, camas, geladeira, fogão, utensílios de cozinha, chuveiro e vaso sanitário, trabalhou logo depois em saneamento básico e na relocação das pessoas para as novas casas sociais, pouco a pouco, mais prédios foram sendo construídos em uma velocidade nunca antes imaginada, porém, como historicamente é visto, um líder que pensa no povo é sempre o que tem o maior índice de rejeição, pois ajuda aqueles que realmente precisam e os que não estão em situação de urgência, vendo que não são mais a prioridade, se revoltam, pois é sempre muito incomodo ver comida na mesa dos mais pobres, principalmente nos Reinos Unificados, com a imensa desigualdade social. Felizmente, foram completados dois mandatos com êxito, e Fritz indicou um sucessor, também imigrante, Walter Richardson, que continuou seu trabalho, criando mais escolas e hospitais e programas de aceitação de ingleses nas universidades espalhadas pelo resto do país.

Quando tudo já estava caminhando à passos de bebe para voltar a funcionar e melhor a vida do povo inglês, no segundo mandato de Richardson, ele tomou sua última decisão antes de ser brutalmente assassinado, assumindo, assim, seu vice, completamente despreparado, que logo foi impedido de continuar o governo, e, de forma ilegal, ele foi tirado do cargo. Logo, novas eleições foram convocadas, e, desta vez, os elitistas ganharam, o novo líder tinha discursos duros, mascarados com falácias, dizia que não iria cometer os erros de desviar o dinheiro para onde não deveria ser desviado, e, por um momento de descrença na política da maioria rica dos Reinos Unificados, foi eleito, e, por muitas vezes, tentou novamente afundar a Nova Inglaterra, desencadeando uma nova onda de revoltadas que resultou no afastamento deste e na convocação de novas eleições. A política estava instável de novo, e o imigrante inglês foi reeleito, e pôde continuar com os planos daquele que havia indicado anos antes, mantendo sua última proposta: diminuir a densidade demográfica e a superpopulação através do controle de natalidade.

Essa ideia foi levada para frente, era do interesse da elite do resto do país que a população inglesa diminuísse, menos votos significava menos chances de uma reeleição de um líder populista, e, finalmente, retornariam os privilégios daquela classe. Então, inspirado na política do Filho Único, criada séculos antes quando a China tinha problemas de super população e que funcionou com perfeição, foi criado o Programa de Controle de Natalidade da Nova Inglaterra, ou política Fritz, sobrenome do líder, que dizia que todo cidadão inglês deveria ter apenas um filho, e este, se não matriculado em alguma das escolas, seria levado para o Centro de Apoio e Atendimento Social, ou CAAS, e, logo depois, encaminhado para os serviços de adoção nas outras partes dos Reinos Unificados, o mesmo tratamento acontecia com aqueles que tinham mais de um filho, o segundo filho era encaminhado já no dia de seu nascimento para a CAAS, ou, se fosse da vontade dos pais, mãe seria levada para um hospital na capital do país, Dublin, onde seria feito o procedimento de aborto, além de que seria obrigatório o pagamento de uma taxa como punição para aqueles que tivessem o segundo filho. Fritz, já com a idade avançada, acabou por falecer sem completar seu primeiro mandato. Seu vice, Gregory Laws, continuou de onde Fritz havia parado nos primeiro tempos, mas, após se envolver com corrupção e diversos outros crimes, não foi reeleito. O candidato seguinte, não acabou com nenhuma das políticas criadas por Fritz, mas também não ajudou a área que ele ajudava, sendo, de certa forma, favorável para a elite, que o reelegeu, e, logo em seguida, o seu indicado.

E assim enceram-se os anos do ressurgimento da Nova Inglaterra, foi abandonada novamente às traças, sem o devido cuidado e fiscalização, as clínicas de ultrassom para o controle de natalidade já não estavam mais dando conta da demanda, o hospital em Dublin estava superlotado, assim como as escolas e as moradias sociais da Nova Inglaterra. A população havia diminuído, mas, o pouco caso com o local proporcionou situações como a de Jay Austin.

Jay descobriu uma gravidez pouco antes da morte do marido por uma das doenças que estavam voltando a assolar a população da Nova Inglaterra, e que não estavam sendo combatidas pelo governo, e, depois da morte do amado, passou a frequentar apenas o médico que era amigo deste, que contou a viúva de que ela estava, na verdade, grávida de gêmeos. O médico, Mark Tomlinson, também viúvo e sem herdeiros, prometeu que a ajudaria, Jay não queria perder nenhum dos filhos e Mark a instruiu para que não deixasse nunca que ninguém soubesse que haviam duas crianças dentro de seu ventre. Durante toda a gestação, os dois adaptaram a casa para receber gêmeos, mas de forma que pudesse facilmente ser camuflado um ou outro caso ocorresse alguma visita, e, no meio do desafio, acabaram por se apaixonar. Prometeram que, assim que as crianças nascessem, iriam para p cartório casar-se legalmente, mas nunca tiveram essa chance. Jay faleceu no dia do nascimento de seus dois filhos, graças a falta de preparo do local do parto, não resistiu, e deixou Mark com seus dois filhos pequenos que ele deveria instruir para que crescessem fingindo ser apenas uma pessoa.

Mark enterrou a amada, registrou apenas uma das crianças como Louis William Tomlinson, o menino mais velho se chamava Louis, enquanto o mais novo, William. Dedicou sua vida a ensinar os dois como se portar, como trabalhar para que ninguém nunca descobrisse a verdade, e, assim, Louis e William cresceram, viveram seus vinte e dois anos, e se mostraram personalidades contrárias dentro de casa, porém, fora, entraram em um acordo de interpretarem um personagem reservado e silencioso, que era, na verdade, mais parecido com a personalidade de Louis, que era quieto, tímido e muito inteligente, enquanto William era agitado, esportista e falante, os dois tinham algo em comum: o amor por música, mas era a única coisa que tinham de semelhante além da sua aparência.

Mark tinha orgulho de seus meninos... tão parecidos com a mãe, eram a lembrança perfeita daquela que ele mais amou durante toda a vida. Os meninos, por sua vez, adoravam ouvir histórias da mãe, e a tinham como sua grande heroína. Não sabiam o que fariam dali para frente, se viveriam para sempre escondidos, se, um dia, iriam assumir ser duas pessoas e não apenas uma, ou se passariam o resto de suas vidas intercalando os dias de sair e os dias de ficar em casa, mas eles não estavam preocupados com isso, estavam vivos, sobrevivendo, e estavam felizes. Pelo menos, era o que eles achavam.

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