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As vezes você para, olha para si mesmo e se pergunta o que o Sr. Destino lhe reserva. Quando cheguei em casa e vi a porta de meu quarto aberta, soube que oque me esperava desta vez não era bom.

Não sei se é possível expressar mais de um sentimento de uma só vez. Mas quando meu pai me olhou pude ter quase plena certeza que sim, pois ele transmitia decepção, raiva e quase nojo em um só olhar.

Engoli em seco, baixei meu olhar para suas mãos, eram meus papéis. Querido Henry, eu nem pude lhe entregar.

- O que significa isso? - ele ergueu as folhas.

- São cartas - disse o óbvio, em um fio de voz.

- Quem é Henry? Isso é seu? - disse com raiva.

- Sim - não conseguia o olhar.

- Quem é Henry? - finalmente ergui o olhar.

- A pessoa que eu amo -

- Mas é um homem - se aproximou.

- Pai - quase gritei - eu sou gay - senti sua mão de encontro ao meu rosto, tão rápido que nem a vi antes de estar perto demais.

- Eu não te criei pra isso - disse alto, alto demais.

- Isso não muda quem eu sou, ainda sou seu filho - já estava chorando.

- Não é mais - ele se virou, estava vermelho, como ficava quando estava nervoso.

Vi meu computador estrassalhado, meses de trabalho, minhas cartas serem partidas, tantas vezes que não era possível juntar os pedaços. Eu não pude dizer nada, eu não consigui dizer nada.

- Saia quando puder - senti seu perfume, junto ao suor, quando passou por mim.

Me sentei no piso de madeira, abri minha mochila. Abri um de meus cadernos, qualquer um, não importava.

"Querido Henry
Queria que estivesse aqui, porque oque sinto é errado? Nos dizem para amar, mas por que não podemos escolher a quem?
Meu amor não é aquilo que meu pai esperava, você não é a "gostosa" ou qualquer adjetivo fútil que um machista como ele usa para definir uma mulher. Você é meu amor, meu primeiro amor...
Será errado amar você? Será errado me apaixonar por um cara?
Eu sempre achei que o importante era oque sentimos...
Querido Henry, queria te ver novamente..."

Querido Henry - Concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora