Capítulo Único

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Draco se limitava a estar sentado em sua poltrona preferida. Camurça vinho, desbotada e desgastada. Era incrivelmente confortável. A luz de seu quarto na Travessa do Tranco também era a constância exata que ele gostava. Quatro velas. No máximo. Era perfeito. O Whisky pendendo num copo de vidro preso em uma de suas mãos fazendo o gelo tilintar quando ele o levava a boca. Whisky caro.

Da janela empoeirada ele via o movimento da rua no andar de baixo. Nevava. Ninguém realmente ousava se aventurar por aquele lugar. Não durante a noite. Não durante a guerra.

Levou o copo a boca e se deliciou com o líquido âmbar.

Âmbar.

Era a cor dos olhos dela.

Fechou os seus.

Via os dela quando fechada os seus.

O jazz suave tocava em uma toca-discos ao canto do quarto não muito grande. Tocava baixo e quase inaudível. O volume perfeito para que Draco pudesse apreciar.

Tornou a olhar pela janela quando o som de uma carruagem estancou bem de frente ao prédio que ele se encontrava. A viu pular para fora da cabine quando o cocheiro deu espaço para que ela o fizesse e tão rapidamente a viu sumir para dentro do edifício que mal pode admirar a beleza exagerada que ela sempre emanava.

Ele apenas relaxou enquanto a esperava. A música, seu whisky, sua poltrona. Estava perfeito. Então a porta do quarto foi destrancada e ele levantou os olhos para recebê-la. Os olhos dela caíram sobre ele quase que imediatamente. O tempo quase parou, mas ela piscou e desviou os dela passando a se despir da touca, cachecol e sobretudo, colocando-os sobre a escrivaninha encostada na parede.

Draco a analisou enquanto ela alisava o vestido andando pelo quarto até a vitrola antiga. Vestido verde escuro, decote quadrado, cinto que apertava sua bela cintura, a saia rodada que não passava dos joelhos, os sapatos alto porém de cor muito discreta. Ela se vestia como uma virgem, mas Draco gostava que ela não fosse vulgar. Se ela fosse vulgar seria apenas mais uma das mulheres que se insinuavam para ele todos os dias. Ela era assim. Era como era. Desde Hogwarts.

Hermione levantou o vidro da vitrola e tirou a agulha do vinil imergindo os dois no silêncio constante. Ela não gostava das músicas que ele escutava. Tornou a fechar a vitrola e voltou-se para o homem acomodado sobre a poltrona.

Seus olhos tornaram a se cruzar enquanto ela recostava-se sobre a bancada do toca-discos.

O silêncio.

– Feliz ano novo. – ele foi o primeiro a quebrar o silêncio usando uma voz baixa, rouca e exageradamente masculina.

Ela sorriu irônica.

– Espero que consiga um coração novo esse ano. – ela foi sarcasticamente séria.

Ele gostava do tom melodioso que a voz dela tinha. Parecia ter o poder de encantar qualquer ambiente sombrio.

– Sabe que ele nunca vai mudar. – disse em resposta ao comentário dela.

– Aprendi isso. – ela simplesmente disse. Ainda se admirava em como ele conseguia manter uma expressão sem vida, fria e imutável tão intacta. Era sua personalidade Sonserina.

Draco se levantou deixando o silêncio se manifestar novamente entre eles. Caminhou até ela assim como ela também foi até ele. Tocou o rosto maravilhosamente pálido, com suas bochechas rosadas e aproximou-se para sentir a respiração dela sem despregar seus olhos daqueles brilhantes âmbar. Sabia que ela já almejava pelo sabor de sua boca. Ele queria tão igualmente. Mas primeiro desceu sua mão até a o pescoço da mulher. Sentiu a veia dela pulsar contra a palma de sua mão. Fechou seus dedos contra ele e a arrastou até encostá-la na parede mais próxima.

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