O despertador tocou. Acordei e senti-me um pouco atordoado. Abri os olhos de imediado e pus a mão por cima do pequeno despertador branco para o calar. Dei dois toques em cima dele. Um. Dois. Pisquei os olhos duas vezes. Um. Dois. Toquei mais duas vezes no despertador. Um. Dois. Pisquei os olhos mais duas vezes. Um. Dois. Puxei para trás os cobertores que me tapavam e sentei-me na beira da cama, sentindo aquele hálito matinal na boca. Não deixei que os meus pés tocássem no chão. Primeiro o pé esquerdo. Dois toques no chão. Um. Dois. E levantei-o de novo. Fiz uma pausa. Pé direito. Um. Dois. Mais uma pausa e toquei com os dois no chão. Um. Dois. Finalmente pousei-os e levantei-me. Pisquei os olhos duas vezes. Um. Dois. Fui até à janela, abri a cortina esquerda primeiro e de seguida a direita. Abri também um pouco da janela de cada lado, primeiro a da esquerda, depois a da direita, cerca de 2 centímetros, respetivamente. Dirigi-me para a cama para fazê-la. Fui para o lado esquerdo e puxei cuidadosamente, da melhor forma possível os lençois e cobertores do lado esquerdo, até ficar perfeito, fui ao lado direito da cama e fiz a mesma coisa. Ficou perfeito à primeira. Suspirei. Pisquei duas vezes. Um. Dois. No armário cheguei algumas camisas para o lado para tirar uma das brancas, estava perfeitamente engomada, tirei a minha t-shirt preta do pijama e vesti-a. Pisquei os olhos mais duas vezes. Um. Dois. Tirei as minhas calças com padrão colorido também do pijama, peguei nas calças pretas que estavam dobradas simetricamente em cima da cómoda e vesti-as, sobrepondo-as à camisa. A camisa estava a fazer uma borda demasiado grande por fora das calças. Desapertei as calças e puxei bem a camisa para baixo, voltei a puxar as calças e a apertá-las. A camisa estava demasiado justa ao corpo, puxei um bocadinho por ela pela parte de baixo para que folgasse um pouco. Estava bom assim. Pisquei duas vezes. Um. Dois. Peguei na gravata, pu-la à volta do pescoço. Não, não, não, primeiro o polo. Pisquei duas vezes rapidamente. Um, dois. Tirei a gravata e peguei no polo, vesti-o arranjando na zona dos ombros e depois sim, a gravata. Peguei nela, pus por baixo da gola da camisa e fiz-lhe o nó. Sentei-me aos pés da cama e calçei os sapatos também pretos. Primeiro o esquerdo, logo de seguida o direito, fui até ao espeho e fiquei a olhar para cada pormenor por uns segundos, verificando se estava tudo como os modelos que tinha visto no site da escola. Nunca tinha estado naquela escola e nunca tinha usado aquele uniforme, os meus níveis de ansiedade e as vozes estavam mais altas que o costume. Pisquei duas vezes e voltei a piscar mais duas. Abri a gaveta da escrivaninha e tinha 6 canetas azuis, 6 vermelhas e 6 pretas, alinhadas de forma perfeita. De lá tirei duas de cada cor, voltando a alinhar as que tinham saído do sítio e pus as que tirei anteriormente dentro da mochila. Peguei no casaco e vesti-o. Manga esquerda, manga direita. Pus a mochila aos ombros e ao chegar ao pé da porta do quarto olhei à volta para ver se estava algo fora do sítio... o pijama! Voltei atrás, peguei na camisola e calças e dobrei-as da melhor forma que consegui deixando-as em cima da cama. Depois disso, desci.