Lovely

11 4 4
                                    

    Cento e dezessete passos. Cinco minutos. Trezentos segundos. É o tempo estimado da minha casa até o hospital, a pé. 

— Bom dia, flor. Em que posso ajudar? — A mulher olhava-me atentamente por cima de seus óculos azuis escuros, cujo realçada seus olhos castanhos.

— Vim fazer meus exames de rotina com o Dr. Watson — Apoiei-me no balcão. A loira digitava rapidamente no computador, fazendo as teclad estalarem.

— Nome?

— Ivy Carter.

— Só aguardar — Sorriu gentilmente. 

    Agradeci e andei calmamente até a sala de espera. Tinha tempo suficiente de frequência nesses quartos e corredores para conhecer a maioria dos enfermeiros dali. Eu mesma consideraria-me sociável senão fosse por motivos que podem me levar a morte. 

— Ivy Carter? — O rapaz trajado com o jaleco branco chamou meu nome, levantei-me e segui em sua direção. Sua feição asiática encaixava-se muito bem com o corte mullet de seu cabelo. Ele era novo por ali. 

    O moreno sorriu e esperou pacientemente minha caminhada. Eu estava no automático, seguindo aquele sorriso. De costas para mim, notei seus ombros largos. Pensamentos impuros invadiam minha mente e eu? Bom, tentava expulsá-los com qualquer outra coisa, enquanto aquele rapaz em movimento a minha frente causava o erro das minhas batidas cardíacas. 

— É... moço? — Ele parou de andar.

— Diga — Sua fala foi rápida, porém serena.

— Acho que a sala de consulta é do outro lado — Falei sem graça.

— Oh... — Bateu em sua própria testa. — Perdão, sou novo aqui. Estou substituindo o Dr. Watson. 

— Eu já sabia — Dei de ombros. Ele pareceu chateado. — Não! Não estou dizendo isso por você ter errado o caminho e muito menos lhe desmerecendo por ser novo aqu... 

— Já entendi, tudo bem — Forçou um sorriso que não durou muito tempo e deu meia volta. Tratei de o seguir, mas seus passos eram apressados de mais. 

— Ei! — Quase gritei o seguindo em uma velocidade extrema para mim. Minha respiração ficou fraca e pesada. 

    Apoiei minhas mãos em meus joelhos, meus pulmões ardiam pela falta de ar e minha garganta estava seca. Com a mão sobre o peito para controlar a respiração, tentei retomar o caminho, mas falhei. 

— Você está bem? — A voz do moreno soou próxima ao meu ouvido. Seus braços contornaram meu corpo, dando-me apoio para ficar em pé.

— Es-estou bem... só ande mais devagar, por favor... — Disse quase em um sussurro e acabei por encarar sua face. Notei suas pintas duplas e sorri desnorteada. — Adorável.

— Hm?

— Suas pintinhas. São adoráveis. 

— Ah — Sorriu envergonhado e com sua mão direita, tirou uma mecha de seu cabelo que concetrava-se anteriormente em sua testa para cobrir suas pintas. — Irei andar mais devagar. Está com dor? — Neguei. 

    Seguimos até a sala e, aos poucos, recuperei-me e voltei a andar sozinha. Agora já estava sentada sobre a poltrona de couro, esperando pelo moreno que realizaria minha consulta de rotina. 

    Internamente, estava em um colapso de agonia. O pequeno rachado de tom escuro na parede clara atrapalhava o correr livremente da tinta seca, e isso era agonizante. 

— Vou checar sua pressão — Avisou o rapaz ao entrar na sala. Ajeitei-me na poltrona, tendo meu braço envolto do aparelho. — Ótimo. Pode subir na balança. 

Forever and a day [ijb + you]Onde histórias criam vida. Descubra agora