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Juiz Thompson é o tipo de homem que não ama, fica obcecado. Acredita fielmente que o amor não foi feito para ele, afinal, não saberia fazê-lo de maneira segura e saudável. Tudo estava sobre controle at...
ATENÇÃO: Esse livro contém cenas de violência sexual e pedofilia. Aviso de gatilho."
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"Quando conheci a face do demônio."
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Prólogo
— Por que eu não posso ir na igreja com vocês hoje, mamãe? – Apoio as mãozinhas no ombro da minha mãe ficando na ponta dos pés para ver o reflexo dela no espelho da penteadeira enquanto se arruma para ir à igreja, não pode passar muita maquiagem porque papai briga com ela.
Mas nem é preciso mesmo, mamãe é naturalmente linda. É mais formosa que as outras mães que conheço. Tem grandes olhos verdes da cor das folhas da árvore gigantesca que tem no nosso jardim, seu cabelo é longo e dourado que cobre toda as suas costas seguindo caminho até abaixo da cintura feito um manto.
Infelizmente, mamãe também não pode usar o cabelo solto porque papai briga com ela, na verdade, ele briga por qualquer coisa dentro de casa e na maioria das vezes eu sou o motivo. Diz que até calada sou irritante.
No entanto, quando pisa na igreja, papai vira outra pessoa. O respeitado pastor Jackson. Homem de Deus. Que prega coisas lindas no altar – mas ele mesmo não segue a maioria delas quando os fiéis não estão vendo – porém, na frente dos outros trata mamãe com carinho, não grita comigo e até me pega no colo, às vezes. Sorri para mim não tão sincero como eu queria, mas me deixa imensamente feliz assim mesmo.
Porque chega bem perto do papai bonzinho que eu peço à Deus em minhas orações todas as noites antes de dormir. Meu maior sonho é que ele me ame do jeito que sou sem tantas cobranças, por não ser o que ele gostaria que eu fosse. Que me protegesse dos monstros malvados que vivem no escuro, e todo o mal do mundo.
Eu não entendo porque meu desejo de ter um pai atencioso só é realizado quando estamos na frente de outras pessoas, principalmente daquelas esnobes "cheirando a dinheiro", como diz vovó. Aí que ele capricha mesmo, até me elogia.
Por isso sempre fico ansiosa para que chegue domingo, para irmos à igreja. Assim, mesmo que por pouco tempo meu papai vai gostar de mim durante o encontro religioso. Uma pena que quando chegamos em casa a magia acabe e ele volte a dizer que não suporta minha língua azarada, ou afiada...
Sei lá, alguma coisa assim, não lembro direito.
— Você não pode ir porque hoje é dia de batizado na igreja, filha.
Mamãe respira fundo girando os olhos dentro das órbitas, é a milésima vez que eu faço a mesma pergunta e para minha frustração recebo a mesma resposta. Mas, fazer o que? Não desisto fácil do que quero. Mamãe todo santo dia fala que esse é meu pior defeito, a teimosia.
