- A JÉSSICA O QUE?- berrou Matias Carter, um homem barbudo de cabelos grisalhos de cinquenta anos, com seus punhos cerrados e os olhos ferventes de raiva ao receber a horrível notícia de que sua filha havia realmente desaparecido.- Minha filha não pode ter desaparecido assim. O SENHOR E O SEU BANDO DE INCOMPETENTES DEVERIAM TER PROCURADO MELHOR! Se eu fosse o presidente deste país, já vos teria substituído a todos, cambada de inúteis!
-Peço que diminua o seu tom, Sr. Carter. Infelizmente, é a verdade senhor. Nada podemos fazer quanto a isso, pois não há vestígios da menina. Gostaria muito de poder trazê-la de volta para o senhor e a sua família, no entanto, sem pistas ou algum descuido do raptor, não temos onde procurar a seguir.- respondeu o detetive Samuel Gales, um homem de aproximadamente trinta anos, cabelo preto, olhos azuis, vestido com calças e camisa sociais. Calçava coturnos, e estava de gabardina e chapéu a condizer, com um charuto aceso na boca.
-Não há mesmo nada que possam fazer?- murmurou Joana Carter, irmã mais nova de Jéssica. Uma menina de 8 anos, magra de cabelos ruivos e olhos verdes, que estavam agora fitando o homem, marejados de lágrimas.
Samuel a fitou por alguns segundos, enquanto fumava o seu charuto pensando cautelosamente nas palavras que deveria utilizar a seguir.
Ele então pousou o charuto no cinzeiro enquanto soltava um longo suspiro e se levantou da sua cadeira, saiu de trás da sua escrivaninha, ficando assim de frente para a jovem.
-Por agora não. Mas prometo que daremos o nosso melhor para encontrar sua irmã, pequena.- disse docemente para Joana enquanto sorria.
Joana retribuiu com um sorriso, enquanto Matias ainda o fitava com os olhos enfurecidos.
-Obrigado pelo seu tempo. Joana, vamos.- Disse Matias enquanto puxou a garota pela mão e saiu do escritório com passadas largas e pesadas.
Samuel voltara a se sentar em sua cadeira fumando seu charuto enquanto fitava o nada, perdido em seus pensamentos.
Ficou em silêncio durante alguns minutos, pensando em onde estaria a pobre menina de 15 anos que desaparecerá na semana anterior. Talvez a tenham drogado e mantido viva. Poderia ter sido estuprada ou até mesmo vendida ou apenas morta. A dada altura encontrariam seu corpo sem vida em uma vala qualquer. Ou simplesmente ficaria desaparecido durante anos até o encontrarem e logicamente já apodrecido ou apenas ossos. Talvez nem o chegassem a encontrar.-Você sabe que acaba de mentir para aquela menina, certo?- disse Claire Michaels, secretária de Samuel. Tinha pouco mais de vinte anos, cabelos louros e ondulados e olhos castanhos escuros, que se escondiam por detrás de seus óculos de armação verde escuro. Lábios rosados,um corpo bem definido, vestindo uma saia colada cor de vinho e uma camisa de botões branca.-Você sabe muito bem que não é a primeira vez que uma garota entre 9 e 16 anos desaparece "sem deixar rastros", Samuel.
-Não há nada que possa fazer. O seu raptor parece ser bastante profissional. Não deixou nenhum sinal ou vestígio do crime em local algum. Suponho que haja mais do que apenas uma pessoa envolvida neste rapto.
-Bom, posso não ser profissional em desvendar casos policiais, mas sei que nenhum crime é perfeito. Você há de encontrar algo em breve que te faça ver este caso com mais clareza. Quer um café puro ou com leite?
-Puro, por favor. Já agora, envie o meu relatório para o Jones o mais rápido possível.
-É para já, Samuel.-Nenhum crime é perfeito...
De repente, Samuel teve uma luz. Pegou no telefone que estava em cima de sua escrivaninha e disca alguns números.
-Diga Gales.- disse uma voz rouca e profunda do outro lado da linha, que atendera poucos segundos depois.
-Arthur, meu velho amigo. Preciso de lhe cobrar aquele velho favor que você me deve.
-Esperei 7 anos para ouvir isso. Venha ter a minha casa às 16:30 de amanhã.
-Lá estarei.
Samuel pousou o telefone, levantou-se em um sobressalto e saiu rapidamente da esquadra da polícia. Entrou em seu Fusca amarelo e acelerou em direção a Catherine Street, onde se situava a biblioteca de Workcrey Institute.
De repente, algo passa na frente do carro e Samuel freia bruscamente.
Desconfiado e com os sentidos apurados, saiu do carro à procura de quem ou do que havia passado. Já era de noite e sua visão era um pouco limitada, já que na rua onde estava havia pouca iluminação e de muita má qualidade. Viu apenas uma poça de sangue e algumas pegadas de lama ainda recentes e frescas.
Seguiu-as então até um beco escuro onde estava uma forma humanóide de costas com algumas partes cobertas por um pelo espesso cinzento, rosnando como uma fera selvagem.
-Hey, está tudo bem com o senhor?- Perguntou Samuel, se aproximando cautelosamente, dando pequenos passos em direção àquela "coisa".
-Saia daqui...- disse uma voz rouca entre grunhidos e rosnados que fizeram Samuel se arrepiar por inteiro.
-Eu só quero ajudar... O senhor está ferido?-insistiu.
Mas a figura não respondeu mais. Apenas se encolheu cada vez mais cobrindo a face.
-O senhor pode ficar com a minha gabardina para se aquecer. O que lhe aconteceu?- perguntou enquanto depois a gabardina e a pousou ao lado daquele ser.-Sinto muito por lhe ter atropelado. Não o vi passar.
Samuel o fitou durante algum tempo e reparou que haviam feridas profundas no braço da criatura.
-Vou levá-lo ao hospital, pois está gravemente ferido. Poderia me dizer o seu nome? Sou Samuel Gales, detetive da esquadra número 775 de Edinburgh.
A criatura parecia estar a definhar, pois parecia que sua respiração que há minutos atrás era ofegante e pesada, agora estava fraca e mal se ouvia e não havia se mechido mais.
De repente, os pelos espessos e cinzentos começaram a cair, revelando assim o corpo de um homem ruivo, completamente nu e ferido.
Samuel correu em direção à casa mais próxima pedindo para que ligassem para a ambulância.Horas depois, Samuel se encontrava em sua casa, bastante cansado deitado em sua cama, já vestido com suas roupas de dormir, lendo mais um de seus romances de Lesley Pierce antes de dormir, como fazia todas as noites. Pousou o livro sobre a mesa de cabeceira e tirou seus óculos de leitura, também os pousando na mesma. Apagou sua vela e deitou-se para dormir.
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Woopy
HorrorA história de Samuel Gales, uma história completamente fictícia. Tudo aqui mencionado contenha factos reais, será mera coincidência ou apenas referências.