Inferno Particular

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                                          -Intervalo.

Quando se é novato, é horrivel tudo na verdade. Mas se tem algo que se torna o inferno, é: O intervalo.

Porque você está sozinho, e todos estão em seus grupos formados, e parece que você só tem uma opção:
Dar meia volta e comer isolado no banheiro.
Mas, dessa vez surgiu uma luz no fim do túnel.
Uma mesa vazia, isolada de todos perto da janela.

Perfeito.
Apertei a bandeja em mãos, e apertei o passo resando pra ninguém sentar ali.
Quando me sentei, senti o mundo sair de cima de meus ombros. Então antes de dar a primeira garfada, ele apareceu.

- O que faz aqui? - Perguntou sentando-se em minha frente.

- Jura? - Indiquei o prato como se fosse óbvio, o que realmente era.

- É a minha mesa.

- Não estou vendo seu nome nela.- Começo a comer.

A comida da escola até que não era tão ruim. Nao era como a da minha mãe, ou como a da mãe de Jasper, mas... era deliciosa.

- Só eu sento aqui. - Ele pegou a maça e deu uma mordida.

- Que legal. - Sorri de forma seca, me concentrando na comida.

Estava realmente deliciosa, não vale a pena desperdiçar meu tempo falando com ele, quando posso comer.

Antes que ele me respondesse, meu celular tocou.

Peguei-o desesperadamente e, atendi sem ler a identificação, esperando que fosse Jasper.

- Jasper?! - Perguntei eufórica, quase gritando.

- Não, Alice - A voz do outro lado disse em desânimo.

Sorri da mesma maneira, era minha melhor amiga.

- Oi, lice! Que saudade ahhh você não faz idéia do quanto sinto sua falta.- O sorriso em meu rosto era inabalável, tamanha era a felicidade por falar com Alice que tinha esquecido do quão horrorosa era aquela escola.

- Sério? Pois parece que você só sente falta do Jasper, so liga pro Jasper, so fala do Jasper, ai ui ui ui, "Jasper meu amor" eca - Disse ela com voz de nojo.

- Nao pode usar celular na escola, Allbrast! - Disse Piter, bem alto e tenho certeza que Alice escutou.

- Cala a boca, Piter! - Xinguei.

- Quem é Piter? Deixa eu ver bota pra vídeo aaaah - Minha amiga doida por macho ficou estérica.

-Alice...Vou desligar.- Disse rápido.

- Espera, Jasper mandou dar um recado! - Disse quase gritando.

- JASPER?!- Me exaltei um pouco. - Ah
.. o que ele disse?!

- Ele perguntou: Quem é Piter?.- Pude imaginar ela com aquela cara maliciosa e maldosa.

- Tchau, Alice.- Desliguei.

-Que bom que desligou, estava quase chamando a diretora.

-Que se dane. - Voltei a comer.

Ficou um silêncio na mesa, nenhum de nós queria conversar. Acho que estavamos começando a nos odiar, sem nenhuma razão evidente.

O intervalo foi realmente horrível, mas pior que o intervalo, foi a saída.

Estava esperando o carro do meu pai na entrada da escola, e vendo um grupinho de garotas olharem para mim e rir. Tentei ignorar e ficar calma, mas não funcionou.

Liguei para meu pai, ele não atendeu.
Liguei de novo, dessa vez a secretaria atendeu.

- Como assim? E eu vou para casa como?

Ela nao disse nada com nada, somente que eu teria que ir sozinha.

Assim que eu desliguei, aquelas meninas vieram ao meu encontro.

Nao vale a pena narrar o que elas disseram, eram apenas comentários maldosos sobre eu estar com o uniforme ou sobre eu ter que ir pra casa com o papai, ou sobre a maneira que usava meu cabelo.

Foi ai que notei o quanto era diferente daquelas garotas e que nunca me encaixaria.

Todas altas, magras, bonitas, e a maioria loiras e com cabelo liso. Uma outra tinha cabelos castanhos.

Eu era realmente diferente.
Era um pouco mais baixa que todas, tinha um gosto pra roupas bem diferente, e cabelo curto castanho claro e não era liso.
E não entendia quase nada do que eles diziam.
   Só fiquei quieta ouvindo tudo sem ligar ou me importar, só esperando elas se cansarem para que eu pudesse ir embora.

E uma pessoa solidária me salvou.
Puxou meu braço e me levou para o outro lado da rua.

Quando fui agradecer, notei que era Piter e fiquei surpresa por saber que ele me ajudou e que estava presente em todos os lugares.
Parecia que estava me seguindo. Mas antes que eu dissesse algo, uma terceira pessoa se juntou a nós.

- O que aquelas garotas queriam? Ah, não ligue pra elas, todo mundo aqui é doido. - A loira de mais cedo abraçou Piter, que a empurrou bruscamente.

- Mais cedo você disse todos eram de boa...- Murmurei.

- Só queria te tranquilizar, mas as meninas do segundo ano não são...- Deu de ombros.- Nem os garotos do terceiro.- Olhou para Piter.

- Ah, não começa, Rebecca! - Cruzou os braços bufando.

-Eu ja sabia... Bom, meu nome é Helena. E você é a Rebecca, né. Porque ele é tão um nojo? - Me referi a Piter.

- Ah, sei la. Ja foi apaixonado por mim, e eu também. Mas somos muito diferentes, nao deu certo. - Fiquei perplexa.- Antes de tirar conclusões erradas, ja digo: não temos nenhum tipo de sentimento um pelo outro, então não ha nenhum problema caso queira algo com ele, só aviso que ele é um nojo de verdade, extremamente irritante.

- Eu sei, em poucas horas com ele, ja me sinto enjoada. Nunca que daríamos certo também, e eu tenho namorado.

-PAREM DE FALAR DE MIM COMO SE NAO ESTIVESSE AQUI! - Gritou.- Me agradeça por te ajudar, Allbrast. Ia te acompanhar em casa, mas quer saber? Que se dane você e Rebecca também.

Ficamos paradas vendo-o se afastar. Rebecca foi a primeira a falar.

-Nao liga, ele é sempre assim... Mas consegue ser amável quando quer. Boa sorte para aprender a lidar com ele, flor. To indo nessa. - Ela me da um beijo na bochecha e sai.

E eu fico decidindo se vou embora ou atras de Piter.
Resolvo ir de encontro a minha cama.
Esse dia foi um inferno, e a cota de aborrecimentos por hoje ja esta fechada.

Mas quando começo a andar, um carro vermelho para ao meu lado, e o vidro abaixa.

- Vou te dar um desconto por ser seu primeiro dia, entra no carro.

E eu entrei.

- Que mudança de humor. - Sussurei. - Desculpa por ter dito aquilo.

-Tudo bem. Só voltei por causa daquelas garotas. Os meninos da escola estão curiosos com a "carne nova" o que as deixa aborrecidas, então recomendo ficar na sua sem chamar atenção. - Manteve sua atenção na pista. Eu nao disse nada, pois só estava raciocinando. O caminho foi silencioso, so houve poucas palavras minhas indicando por onde seguir, nada alem disso.

Ele tinha me detestado, e talvez eu também tenha o detestado,  e parecia que nós dois rezavamos para que as duas semanas de inferno terminasse.

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