Capítulo 4

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Poliana: Oiii Éric!!! Olha como o dia está lindo, não acha? Sem querer te contradizer mas acho que deveríamos ir no parque, é aqui na frente!

Éric: Oi Poliana! - ela me interrompeu "Já disse que pode me chamar de Poli" - Oi Poli. O dia está realmente lindo, igual você. Ehh... Digo... Vamos ao parque sim!

Eu estava muito nervoso. Não conseguia puxar assunto. Tentei deixar o mais claro possível a ela que gosto dela, mas não sou bom nessas coisas. Ficamos um bom tempo em silêncio, até que ela o quebrou.

Poliana: Bom, nós estudamos na mesma escola há muito tempo, mas eu não sei nada sobre você. Me conte um pouco mais, sempre tive curiosidade de saber quem você é de verdade, por trás desse valentão da escola.

E eu contei... Acho que nunca me abri com ninguém da forma que me abri com Poliana, não sei porque ela me deixava tão seguro, tão confortável. Contei angústias e decepções. Tudo. E ela acolheu tão bem minhas palavras, prestou atenção em todas, e foi aí que percebi o quanto Poliana é uma garota especial. Ela sempre foi, mas meu ego nunca me deixou enxergar isso, mesmo tão novinha ela é tão preciosa.

Poliana: Nossa Éric, eu não imaginava tudo isso vindo de você. O jeito que você age não condiz com quem você é, eu nunca iria imaginar toda essa confusão que se passa na sua cabeça. Eu ainda não passei por isso e não sei muito como ajudar mas, quando eu passo por uma situação difícil eu jogo um Jogo, ele é meio bobinho, você não vai gostar...

Éric: Vindo de você não deve ser. Me conte.

Poliana: Ele se chama Jogo do Contente. Quando você passar por algo difícil, basta você olhar pro lado bom desta situação. Ele é meio bobinho mas, foram meus pais que me ensinaram e é uma das últimas coisas que consegui manter depois da morte deles. Pois as memórias se vão, o contato, o cheiro, tudo se vai um dia - seus olhos começaram a lacrimejar e eu imediatamente a abracei, e ela retribuiu -, mas os ensinamentos, eles ficam pra sempre. E o Jogo do Contente é algo que, não importa quanto eu cresça, vou sempre jogar. Ele tem um valor sentimental gigantesco pra mim. Esse jogo também me ajudou muito na época em que eles morreram, não foi fácil pra mim aceitar que nunca mais vou vê-los, e ainda morar com uma tia desconhecida e meio rude, sem contar o bullying que sofri, eu nunca liguei mas eu sofri sabe? Não tem como negar.

E foi nessa hora que eu percebi a gravidade da situação, o quanto as minhas ações prejudicam os outros. Eu nunca tinha percebido isso, nem se alguém me explicasse eu nunca iria entender tão claramente quanto naquele momento.

Éric: Me perdoa pelas zoações, eu prometo pra você: nunca mais vai acontecer, nem com você, nem com seus amigos. Eu nunca soube claramente sua história, o quanto isso te afetava, não só as zoações, mas tudo mesmo. Mil desculpas. Acho que nunca vou conseguir me perdoar!

Ela murmurou algo que não entendi, e logo depois disse: "Não tem problema! E, obrigada por me escutar. Acho que ninguém nunca foi tão ouvidos assim como você. Obrigada mesmo!"

Beijei sua testa, deixei ela secar as lágrimas (e eu também, confessou que chorei junto) e a abracei novamente. Combinamos de passar o recreio juntos amanhã, estou com um pouco de receio de como vai ser, mas pela Poliana, tudo vale a pena

Besides The Life <PoliEric>Onde histórias criam vida. Descubra agora