❝i wanna be your girlfriend❞ | michaeng

foreword.

Mais um raio de sol acomodava a parte vazia da cama, enquanto eu olhava fixamente para o seu travesseiro, em vão, esperando que, magicamente, você aparecesse num piscar de olhos. Eu pisquei. A luz do sol era a única coisa que preenchia aquela porção da cama, que, na noite passada, era ocupada por você.

Você sumiu mais uma vez. Ainda olhava seu travesseiro, imaginando sua cabeça recostada nele, enquanto você dormia suavemente ao meu lado. Mais um fruto da minha imaginação fértil. Mais uma ilusão para guardar, mais uma angústia para suportar, mais uma vez sozinha. Puxei o ar e me levantei devagar. Era meio dia. Você saiu mais cedo desta vez. Não me importei, esperava ansiosa pela noite onde você supostamente, voltaria a ser minha e adormeceria ao meu lado, e novamente, iria embora no dia seguinte. Ou talvez você nem compareça esta noite, você sempre teve a mania de deixar esta incerteza em mim a qual eu tanto clamo e anseio por. Você costumava me mandar mensagens todo dia, com corações coloridos na maioria delas. Hoje, você me manda talvez uma mensagem a cada dois dias, sem corações. De novo, eu não importo, com tanto que se comunique comigo.

Coloquei a primeira roupa que vi no armário, tinham algumas roupas suas. Você as deixou aí por que iria voltar ou apenas se esqueceu como você sempre faz?
Saí para a rua. Não via tanta graça nos casais, nenhum deles era como eu você. Caminhei sem rumo, apenas por distração. Vi algumas vitrines de lojas de roupa. Imaginei seu corpo em cada uma delas e logo depois você as esquecendo no meu armário. Vi a cafeteria onde costumávamos conversar até altas horas, onde só parávamos quando o dono nos expulsava, você lembra não é?

O dia estava cinza em minha concepção, já que suas cores não estavam por perto para me contagiar. Talvez seja irracional o modo que eu ajo e pense sobre você. Mas o que é o amor se não a irracionalidade na sua forma mais pura?
Vi mais uma loja de roupas. Dessa vez a vitrine exibia vestidos. Você, mais uma vez, refletia-se em cada um deles. Voltei a andar, não me sentia perdida fisicamente, afinal, quando não se tem um lugar pra ir, não é possível se perder. Sobretudo, me sentia perdida emocionalmente, alimentar essa ilusão era doentio, de fato. Você mesma pensa dessa forma. Você nunca expressou com palavras, mas nitidamente com ações. Por que me deu esperanças então?

O celular tocou, senti um frio na barriga. Poderia ser você, mas eu sabia que não, ultimamente você só tem me ligado quando está bêbada. Verifiquei, e como previ, não era você, e quando seria?

Sentei no banco da praça que usualmente sentávamos e ríamos de qualquer coisa boba. Respirei por um tempo, observando a movimentação das pessoas, todas no seu próprio mundo, tão egoístas quanto eu, afinal o egoísmo move o ser humano, talvez um dos sentimentos mais verdadeiros e compatíveis que possuímos. Eu era egoísta, achava que você era exclusivamente minha. Estava errada, mais uma vez.
Peguei o celular. Abri sua conversa contra minha vontade. Vi as mensagens que você não respondeu. O nosso chat era algo basicamente esquizofrênico, eu falava comigo mesmo e você apenas observava ou simplesmente nem visualizava.
Chaeyoung. Era um nome bonito de se falar. Gostava quando você falava o meu nome. A forma como seus lábios se encostavam para pronunciar o "Mi" e logo depois se separavam era hipnotizante, assim como tudo em você.
Anoiteceu repentinamente, o dia foi embora num piscar de olhos exatamente como você. Engraçado como todas as metáforas que eu formulo em minha mente acabam tendo sua conclusão baseada em você, Chaeyoung.
As estrelas não eram visíveis, as luzes da cidade as ofuscavam. Isso era triste. Queria poder estar observando as mesmas estrelas que você, ou talvez você não esteja fazendo isso. Está em boate não está? Ao menos estamos de baixo do mesmo céu
Tudo tão clichê, você transformou minha vida num filme de romance.
Sim, com certeza você deixa cicatrizes em mim toda vez que vai embora, mas eu as guardo com carinho, foi você que as deixou em mim.
Talvez isso seja o amor, uma doença impregnada na mente em um nível estratosférico, não pode-se ver, não pode-se tocar.
O amor é abstrato, leve em conta a ambiguidade.
O amor é fogo que arde sem se ver.
O amor levou embora a minha sanidade.
Eu sei que é unilateral. Eu sei que pra você eu sou só mais uma, mas pra mim, você é especial. Você é a única e permanecerá assim.
Talvez hoje a noite você não volte, não sei ao certo. O sentimento de insegurança que você deixou em mim é o que mais alimenta a minha esperança pela sua chegada.
Eu me apaixonei por você, e você disse que eu não podia fazer isso. Devia ter seguido seu conselho, mas eu sei que, por um tempo, você fez exatamente o oposto.