Prólogo

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"Nós somos apenas fantasmas perdidos vagando eternamente. Aqueles em quem mais confiávamos nos empurraram para longe e não há nenhuma regra, não deveríamos ser os mesmos"
—Misguided Ghosts - Paramore

O dia amanheceu ensolarado. Marisol não gostava muito de calor, mas fazia semanas que o tempo estava nublado e ela encarou isso como um sinal de sorte. Ela colocou um vestido florido de alcinha e uma bota marrom desbotada. A coisa boa de se estudar em escola pública nos Estados Unidos era poder escolher o próprio modelito todos os dias, e não ficar parecida com todo mundo.

Agata, a mãe de Marisol, era brasileira. Quando ela era mais nova morou um tempo no Brasil, mas os pais logo decidiram voltar pros EUA, pois notaram que Marisol não se adaptou bem as mudanças climáticas e sentia muita falta de seu primo preferido, Frederick, mas para Marisol era Freddie.

Freddie sempre fora melhor amigo antes de primo. Tinham a mesma idade, brincavam juntos quando eram crianças, assistiam tv juntos na adolescência e ela sabia que podia contar com ele para qualquer coisa. Não que Marisol tivesse muito o que pedir, afinal sua família era incrível, sua casa era uma das mais lindas de San Francisco e era uma das pessoas mais amadas em sua escola. Mas mesmo assim era bom saber que Freddie estaria lá, se alguma coisa a faltasse.

Como se pudesse ler seus pensamentos, o primo buzinou e ela se apressou para pegar suas coisas e se despedir dos pais.

—Tchau mãe, você fica ótima nesse tom de azul. — disse Sol, enquanto dava um abraço apertado na mãe. — E pai, pega leve na cafeína.

Phelipe era viciado em café, o homem não podia sobreviver uma hora sequer sem uma boa dose do líquido preto. E café brasileiro, nada daquela água que os americanos consomem. Isso que dá um homem comum americano se apaixonar por uma mulher que carrega o melhor da cultura brasileira.

Depois de dar um abraço no pai, Marisol saiu esbaforida pela porta e entrou no carro de Freddie o mais rápido que conseguiu.

—Sempre atrasada. — Comentou o menino com um sorriso travesso no rosto.

—Quem garante que não é você, que está adiantado? — Retrucou Sol, apesar de saber que o primo estava certo.

Frederick aumentou o rádio e os dois foram cantando em bom e alto som até chegarem na escola.

O dia foi agradável. Sol teve aula de literatura e ainda teve tempo de fazer um picnic no campus da escola com a Lola e a Debrah. Trevor VanDeck até deu um até logo pra ela. Ela só conseguia pensar em como sol lhe dera sorte.

Depois da escola ela foi à casa de Lola terminar o projeto de química e ficou lá até tarde, elas estavam vendo um filme de suspense e então o telefone de Marisol tocou.

—Sol, aproveita e pede pra dormir aqui.— Lola falou. — perigoso voltar pra casa essa hora.

Sol concordou e atendeu o telefone. Mas não teve tempo de pedir nada para a mãe, ela estava histérica.

—Marisol, você tem que vir para casa agora!!! Agora!!! — Agata gritava.

Marisol levantou de forma brusca e Lola foi atrás com a chave do carro, a casa de Sol ficava três ruas a frente mas precisavam ser rápidas.

Quando chegou viu a confusão, carros de polícia, uma ambulância, seus tios, sua mãe...

Seu pai. Onde ele estava? Marisol saltou do carro e correu para o jardim de sua casa. Viu um corpo sendo ensacado, mas não era seu pai. Pois seu pai estava parado com uma expressão vazia e indecifrável em frente à porta de casa. O corpo era de Freddie.

E ele estava morto.

Qual É o Caminho de Volta?Onde histórias criam vida. Descubra agora