"Chorar sobre as desgraças passadas é a maneira mais segura de atrair outras."
—William ShakespearePonto de Vista - Zachary
Zachary estava sentado atrás do balcão da livraria de sua escola, o local estava lotado, isso significava que o ano estava chegando ao fim, novembro chegara a pouco tempo e o desespero por boas notas era evidente. Mas por que o menino sentia como se o ano tivesse acabado de começar?
Desde que Mari chegara em sua vida tudo estava diferente, ele não sabia o motivo disso mas sabia que ele se sentia bem conversando com a menina e nunca havia sentido nada parecido, a amizade dela o ajudava a esquecer a bagunça que as coisas estavam em casa, o avô do menino estava morrendo, o rim que restava não funcionava sem máquinas. Zach não contara para ninguém nem mesmo para os amigos mais próximos, queria muito conversar com Mari sobre isso mas ele não queria fazê-la achar que era uma informação pela outra, afinal ele sabia que ela tinha algo a revelar, algo sobre o pai ou o primo, ou os dois.
Ele a observava atender os alunos e pegar os livros, enquanto isso ele marcava os cartões, já que a menina não tinha se adaptado ao sistema do computador ainda. Ela era tão paciente e gentil, a poucos minutos uma líder de torcida ruiva, Holly, tinha gritado com ela e Mari manteve a pose e ainda desejou bons estudos. Ela ficava mais calma depois que voltava das consultas da senhora Lang, ele entendia pois um dia foi ele lá. Ele queria muito saber os motivos e no telefonema de ontem ela dissera que eles iam conversar mas a lotação da biblioteca estava ocupando todo o tempo.
A ligação. Zachary não sabia mais o que estava sentido, foi loucura chama-la para o quintal ontem? Em parte foi muito estúpido da parte dele, ele não queria assusta-la mas o menino não podia negar que uma parte dele não se contentava só com a amizade de Marisol, isso era estranho pois eles mal se conheciam mas ao mesmo tempo ele sentia que a conhecia mais do que muitas pessoas com quem conviveu a vida toda. Ele não sabia como lidar com isso agora então ele simplesmente ignorava esses sentimentos e aproveitava a oportunidade que tinha de contar com a amizade dela, afinal as chances dela retribuir seus devaneios eram nulas.
— Isso aqui está uma loucura. – Mari constatou enquanto se aproximava do balcão. A menina estava vestindo uma blusa verde musgo de manga três quartos e uma calça jeans preta justa. Ele gostava de observar suas roupas pois ela colocava toda sua paixão nas combinações, mas o que mais chamava a atenção do menino eram os cabelos castanhos grudados em seu gloss alaranjado, amigos podiam tirar o cabelo do rosto das amigas? Não, ele achou melhor não.
— O recesso de natal se aproxima. – Ele respondeu casualmente. – Todo mundo quer passar na prova bimestral e meter o pé da cidade por duas semanas.
— Isso é verdade. – Ela suspirou. – Eu gosto mais quando fica vazio. – A menina finalmente tirou os cabelos do rosto e prendeu em um coque. – Você pode segurar meu cabelo enquanto eu procuro meu prendedor?
Ela só pode estar brincando. Zachary pensou, mas não podia mostrar estranheza, então ele pôs as mãos nos cabelos sedosos da menina, como ele podia ser tão tolo? Tudo que ele queria era correr os dedos por aqueles fios, vira-la para ele e...
— Achei! – Ela exclamou, o menino se endireitou enquanto ela prendia o cabelo. – Obrigada Zach.
Zach. Ele adorava como só ela, além da senhora Huggers, o chamava assim. Será que ela gostava de ser chamada de Mari por ele? Ele sempre quis saber, mas não é o tipo de coisa que se pergunta para uma amiga.
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Qual É o Caminho de Volta?
RomanceMarisol Reines tinha a vida perfeita. A família perfeita, a casa perfeita, os amigos perfeitos. Tudo mudou no dia que seu primo Frederick Reines foi assassinado em seu quintal. A única testemunha do crime foi o pai de Marisol. Depois de ter se compr...