Prólogo

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Este prólogo será mais curto que os capítulos da fanfic em si por se tratar de um breve introdução ao universo caso você, leitor, não esteja familiarizado. Caso esteja, também é importante que leia, pois as fanfics ABO no geral tendem a variar muito nos detalhes do universo, e com a minha não será diferente. Espero que gostem do que lhes apresento e desejo a todos uma boa leitura. Atualizarei o mais breve possível.

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O ano é 2747 e já não faz condizer com o  ápice segunda revolução digital e tecnológica global a existência de criaturas ainda demasiado ligadas às suas raízes primitivas — sobretudo as de essência mais selvagem. Felizmente, as circunstâncias para aqueles que prezam pela "civilidade" acima de qualquer coisa são animadoras: há quase cem anos não se tem notícia de um Lúpus.

Quando há quatrocentos anos atrás uma sobrecarga do planeta obrigara os humanos a interromper qualquer atividade exploratória que pudesse agravar ainda mais a situação do meio-ambiente, ou seja, descontinuar seu estilo de vida dispendioso e pouco sustentável e aprender a viver de modo drasticamente mais natural, a escassez de medicação por muito mais obrigara cientistas a estudarem uma forma de tornar a raça humana menos suscetível às chagas de um contexto de vida pré-moderno, em meio à natureza e à mercê de quaisquer que fossem as consequências disto. Depois de muitos testes e suposições, a saída encontrada fora a criação de um gene sintetizado de lobo e humano, o que resultara numa geração híbrida chamada de geração L. Como o esperado, a questão acerca da imunidade dera bons resultados, porém, a nova "raça", como fora denominada, trouxera à tona questões mais complexas do que as que se previa.

Os gêneros, que no período da queda já haviam começado a ser abandonados em conceito agora acabavam por não ter mais a mínima razão de ser, uma vez que os portadores do gene mutado de nascimento possuíam características biológicas e reprodutivas próprias. Os Alfas, representados pela letra grega de Alpha (α) eram os provedores biológicos do gameta masculino. Os Ômegas (Ω), por sua vez possuíam sistema reprodutivo semelhante ao feminino, sendo capazes de gerar em seu ventre uma vida – sendo os correspondentes biológicos dos Ômegas os Alfas e vice-versa – enquanto a sub-classe dos Betas (β) apenas possuía o gene licantrope e a mesma estrutura dos humanos pré-lupinos, sendo mais resistentes, mas sem alterações em sua reprodução ou à forma como ela ocorria.
Marcada pelo almejo da sobriedade de ideais, a busca por diálogos pacíficos, a democracia e o culto à racionalidade acima dos instintos, a civilização vigente de 2040 acabara por se deparar, no entanto, com mais uma peculiaridade advinda daquela nova geração — o período que chamavam de cio. Se assemelhava ao período fértil das mulheres, porém, acontecia tanto para Alfas quanto para Ômegas, os afetando de forma muito semelhante, e era capaz de causar reações "antirracionais", como foram chamadas eufemicamente pelos cientistas que primeiro se depararam com este "efeito colateral".
Uma vez que o correspondente biológico dos Alfas fossem os Ômegas, somente um poderia lidar com o cio do outro da forma correta. Dois Ômegas não se satisfariam, bem como dois Alfas poderiam sair machucados caso tentassem se unir por meio do nó — estrutura física consequente da licantropia. Sobre passar um cio sozinho, está também era uma das opções, porém poucos optavam por ela uma vez que fosse uma experiência dolorosa e agonizante. O cio trazia à tona aquilo que, com o tempo, se tornara condenável de se demonstrar: emoções em sua forma mais crua.

Uma sociedade que se adaptara ao trato quase robótico, tentando por décadas se igualar às máquinas por guardar um temor velado de ser superada por elas, via-se de fronte ao seu maior inimigo: a humanidade. De repente se tornar escravo de seus desejos primitivos era como uma ultrajante regressão, mas tendo como únicas opções a mutação ou a morte, a espécie humana teve de se render à evolução, que pouco a pouco extinguiu os humanos menos adaptados.

Ainda que a iniciativa científica revolucionária de fato tenha sido o que salvou a civilização de uma extinção total, mesmo os séculos que se passaram não puderam trazer consigo a total aceitação dos Alfas e Ômegas na sociedade. Por terem seus lapsos de irracionalidade — trazidos em geral pelos cios, que os deixavam sensíveis e emocionalmente instáveis —, os Betas ainda eram preferidos para cargos que exigiam meticulosidade, como medicina, direito, enquanto, mesmo não sendo dito em voz alta, a classe vermelha (como se chamavam aqueles que estavam nos extremos da forma licantrope) era subjugada e considerada inferior. Muitos apenas consideravam e respeitavam a existência destes indivíduos por serem muito mais resistentes e a taxa de natalidade entre eles ser maior, o que veio a ser importante num contexto onde boa parte da população havia sido dizimada pela fome ou doenças.

E se, por trás da máscara de aceitação, ainda havia grande preconceito para com a classe vermelha, que só agia instintivamente de fato num curto período de tempo a cada lua cheia, imagine só, se surgisse advinda dessa, uma classe púrpura? Os chamados Licantropes Lúpus, representados pelo sinal de Alfa ou Ômega, seguidos da letra grega Lambda (λ) possuíam genes humanos altamente mais receptivos à miscigenação lupina, o que fazia todas as características vermelhas serem acentuadas neles — o cheiro exalado que podia ser reconhecido por seu correspondente, as capacidades, habilidades, a resistência. Mas a consequência de tal condição era ser ainda mais suscetível aos instintos, ao emocional. Por isso, os Lúpus (ou Púrpureos) eram tratados com o dobro de cautela, sendo frequentemente postos em quarentena pelos primeiros três cios — quando tudo era mais forte — e recebendo estaminas de controle. No entanto, este controle só viria a deixar o gene púrpura mais forte, causando em gerações posteriores mutações extraordinárias, entre elas, uma capacidade exclusiva dos Lúpus: a transmutação em lobo.

Tudo corria bem até o século onde a sociedade lentamente passava a reestabelecer-se. Um incidente envolvendo um vírus que denominou-se Lyssavirus Purpura acometera a comunidade Lupus, causando uma onda de descontrole nos Alfas da espécie, que atacaram civis em série, e quando a quarentena dos infectados não fora o suficiente para conter a epidemia, viu-se uma das cenas mais trágicas do mundo pós-lupino até então: um massacre da raça púrpura por grupos extremistas que não acreditavam na cura dos infectados.
Os Lúpus aos poucos foram sumindo. Alguns se suicidavam, outros fugiam, o caso era que, quatro séculos depois, já não se via mais Lúpus algum. Uns diziam que haviam sido extintos, outros pregavam que comunidades deles ainda resistiam nas montanhas geladas ou em abrigos nas florestas. De qualquer modo, a sociedade que nunca realmente aceitara os mutados e internamente vivia numa supremacia Beta não fizera nada a respeito — afinal, era melhor assim: com os selvagens bem longe dos que tentavam se reerguer ao patamar cívico de antes do apocalipse. Ninguém precisava de lobos irracionais entre os humanos de bem.
E assim, os lupus foram apagados da história.

O ano é 2747 e já não faz condizer com o despontar da segunda revolução digital e tecnológica global a existência de criaturas ainda demasiado ligadas às suas raízes primivas — sobretudo as de essência mais selvagem. Felizmente, as circunstâncias para aqueles que prezam pela "civilidade" acima de qualquer coisa são animadoras: há quase cem anos não se tem notícia de um Lúpus.

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Era isso por hoje, galera. Não é muito, porém todo o contexto é importante para a história. Espero que tenham gostado. Sugestões, elogios e olás são bem vindos :)

Até a vista!

P. S: Views em I Am YOU.

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