Capítulo único.

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    Devemos começar pelo começo? Ou pelo fim? Os acontecimentos dessa história devem ser contados nos mínimos detalhes, a confusão é comum até pra mim como escritora.

Problemas são comuns em qualquer fase da vida, até mesmo as crianças têm problema na hora de dividir o brinquedo com os coleguinhas.

    Uma garota pode ter muitos problemas mas Amber não era mais uma, os problemas a consumiam, a maior dificuldade estava em encontrar os seus problemas, ou melhor, entender os mesmos.

Amber, 14/02/1998.

    As complicações na vida da garota começaram no seu nascimento, talvez isso seja um sinal.

    O sofrimento de Amber começara quando a garota no momento em que nasceu tardiamente, acho que a nossa garotinha não estava disposta a sair da barriga da mamãe, nasceu mas não chorou, os médicos logo começaram a tentar reanimá-la, graças a algo que seja sagrado pra você, ela sobreviveu.

Amber, 24/05/2010.

    12 anos se passaram, tecnicamente nada fora do comum aconteceu até o seguinte momento.

    Amber era uma garota comum e parecia viver em um mundo cor-de-rosa junto com suas amigas.

    Katrine e Monalisa sempre estiveram por perto, as garotas eram boas em arrancar risadas de qualquer um, até mesmo do professor chato de filosofia. Sr. Mativolsk era um senhor barbudo com seus 40 e poucos anos, todos do 8° ano o odiavam por conta de suas provas e testes surpresa, exceto o trio.

    Amber era a que tinha a mente mais fora da caixinha do grupo, era adorável o jeito que ela tinha de arrancar sorrisos até mesmo das pessoas mais sérias, a paciência que tinha para ouvir os dramas de Katrine por ter que passar as férias na Alemanha com seus avós (coitados dos velhinhos), suas notas sempre foram boas (chorou horrores na primeira vez que tirou uma nota menor que 8), Amber só tinha um problema: não se sentir bem com aquilo que era.

    As amigas conheciam Amber muito bem a ponto de saber perfeitamente quais eram os seus defeitos e dificuldades, a garota estava seguindo seus dias até ouvir ‘Você ganhou uns quilinhos?’ vindo de Monalisa, a mente da nossa garotinha passou a girar em torno disso durante horas, passou a se olhar em frente ao espelho como um monstro, passou a encontrar defeitos até onde não se tinha.

    Monalisa havia sido baixa, sabia que a amiga não havia engordado, fez a pergunta apenas para afetar o ego frágil de Amber.

Amber, 30/09/2010.

    A mãe de Amber havia percebido uma mudança de comportamento e no corpo da filha, mas achou que era coisa da idade, afinal Amber já era uma moça.

    Monalisa também percebeu a mudança mas em nenhum momento sentiu culpa pelo seu comentário maldoso em relação ao corpo da amiga.

    A vida de Amber passara a ser um completo inferno, enquanto ouvia pessoas perguntando o motivo de seu emagrecimento, ao se olhar no espelho se via totalmente diferente. Se você coloca uma coisa na sua cabeça e passa a repetir ela milhares de vezes ela se torna uma verdade pra você.

Anorexia.

Amber, 28/03/2011.

    O tratamento havia começado da 4 meses atrás, Sr. Mativolsk havia percebido a mudança da aluna, perguntou a garota se ela queria ajuda. Depois de muita insistência a garota concordou em conversar com um psicólogo. A anorexia foi diagnosticada.

    Monalisa havia se afastado de Katrine e Amber, tinha se tornado uma garota esnobe. Com isso as outras duas garotas se tornaram cada vez mais próximas, passaram a se ajudar mutualmente.

InconstânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora