Capítulo 1 - 20º ataque de Nachos.

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Sabe quando a sua vida não tem mais sentido algum, e você não sabe por que existe? Sim, se está se perguntando, todos esses pensamentos filosóficos estão vindo por que eu estou tomando banho.

E sim de novo, nesse meu pequeno ovo chamado de casa tem água quente.

Também acho que vocês devem pensar que eu sou muito pessimista, acertei? Bem amigo, eu só aceito a realidade, sinto muito.

-ANDA LOGO, CARA! A GENTE VAI SE ATRASAR PRO TRABALHO. - Mas que merda. Está me apressando, a pessoa obesa, que não pode ao menos se abaixar sem ter um pré ataque cardíaco.

Saio apressado do chuveiro e me castigo por isso logo depois. Por que? Por que acabo de me lembrar que vivo na gelolândia, e que a temperatura está digna de uma gelolândia. Se eu chegar ao meu emprego como um picolé será pouco.

Também está me questionando, por fazer tantas perguntas e falar sozinho? Amigo, o problema é meu.

Quando termino de me trocar - E colocar quase mil camadas de casacos - vou até a sala/cozinha do meu cubículo, e como o costumeiro café frio com cereal murcho. Uhul, nada melhor pra se começar um dia.

-Faça uma cara melhor, irmão. Vai espantar nossos clientes. - Termina seu café, e põe na pia.

-Primeiro: Não temos clientes para espantar. Segundo: VOCÊ NEM TRABALHA LÁ, SÓ FICA ME SEGUINDO O DIA INTEIRO.

-Se fosse menos ranzinza VOCÊ teria clientes. - Ele diz resmungando e lavando copos, enquanto da ênfase no 'Você'.

-Quer ir até a locadora pra poder assistir todos aqueles VHS's antiquados que você gosta? - Ele assente. - Então fique calado.

-Tudo bem. - Ele levanta as mãos em gesto de rendição. - Sabe que se atrasar novamente te colocam na rua, sim? - Trinco os dentes e deixo.meu cereal murcho pela metade.

-Então vamos logo saco da banha, se eu não como, você não come. Se bem que você tem comida escondida em lugares bem estranhos. - Saio pela porta, e meu primeiro pensamento é que realmente deveria ter limpado a neve da calçada da minha casa, antes de levar mais um dos meus tombos excepcionais.

-Não, eu só sou prevenido em caso de emergências. - Ele diz contraditório.

-Sim, se algum dia a casa pegar fogo, vamos apagar com Cheetos. - Reviro os olhos e ele resmunga algo como, "A fome é um crime a ser combatido".

Chegamos com - muita, muita, MUITA - dificuldade em frente ao grande galpão/loja em que pelo menos um dos dois trabalhava. Recebo as críticas pelo atraso de sempre, e vou para trás do balcão ficar fazendo uma coisa super interessante que todos deveriam experimentar: Nada.

-Terminou a temporada? - Pergunto para meu melhor amigo que se encontra no fundo da loja, utilizando a sala de testes pra assistir pela milésima vez a saga Star Wars.

-Sim, acabei de terminar. - Continua comendo seu pacote de doritos sem me oferecer.

Apoio minha cabeça no balcão, e continuo a batendo nele sem parar, até ficar com náuseas.

-Tédio. - Continuo batendo a cabeça, e escuto Garret ligando o aparelho de VHS's mais uma vez.

-Pelo amor de Odin, pare de assistir Star Wars. - Bato e bato, até a minha testa ter um galo.

-Para de ser imbecil, cara. - Ele diz com a boca cheia de Doritos, sem tirar os olhos do filme.

-Tira logo disso, e põe em algo útil. - Saio de trás do balcão, e pulo em cima dele para pegar o controle.

Cartas de GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora