Encomenda errada

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Notas do autor:

Desafiaram-me a fazer uma short-fic para o halloween com quatro capítulos!
Meu tema foi "Gostosuras ou travessuras", e eu escolhi esse pelo nome me lembrar aventuras, um tema que eu particularmente me divirto escrevendo. E podem crer, Taekook teve uma ótima aventura...

Kim Taehyung estava extremamente ansioso para o halloween; bom, pela primeira vez. Sempre se assustou fácil  com os monstros e fantasmas, e isso acabava lhe rendendo alguns pesadelos. Estava decidido a não participar este ano, mas depois de ser desafiado pelo melhor amigo, decidiu que participaria. Segundo ele, já estava grandinho e não teria mais medo, em dezembro já faria 12 anos.

Encomendou pela internet uma fantasia, a qual ele amou muito e ficou extremamente ansioso para que ela chegasse. Pediu uma fantasia de príncipe, e o que mais gostou foi a coroa, a espada e a capa vermelha — a qual ele disse a sua mãe que o faria parecer o Superman.

Mesmo encomendando em cima da hora, por sorte a fantasia chegaria a tempo: um dia antes do halloween. Infelizmente, essa boa sorte não foi completa; a fantasia chegou, mas não era a que ele esperava.

A campainha tocou e Taehyung saiu correndo na frente de sua mãe, dando de cara com sua encomenda. Abriu o maior sorriso, pegou a caixa e entrou; enquanto isso, sua mãe assinava alguma coisa.

Abriu a caixa às pressas, mas a animação sumiu quando viu a roupa que estava ali dentro. Não era uma fantasia de príncipe, mas sim uma de princesa, a Branca de Neve.

—Ah não, essa não é minha roupa! Não é engraçada essa brincadeira, devem ter errado o endereço! — Fez um bico gigantesco enquanto seus olhinhos se enchiam de água.

Olhou o endereço na caixa e viu que era o seu escrito ali. Não erraram o endereço, mas sim a fantasia.

—E aí, gostou? É como você esperava? — Sra. Kim fechou a porta atrás de sí e aproximou-se do filho.

—Veio uma fantasia de princesa! — Falar isso em voz alta foi doloroso, e uma gotinha de lágrima escapou do seu olho esquerdo, a qual ele imediatamente secou.

Ele não participaria do halloween, e estaria condenado a ser zoado pelo amigo.

—Eu sinto muito, filho. Não dá mais pra' confiar nesses sites de compra! Por que não usa a fantasia que seu pai usou na sua idade?

—Não vou me vestir de tomate gigante! — Cruzou os braços, bateu com força o pé no chão e subiu as escadas, rumo ao seu quarto.

Pegou o celular em cima da cama e discou o número do amigo; sabia que ele riria, mas talvez o ajudaria.

—Jimin, não vou poder participar do halloween... — Foi a primeira coisa que disse assim que o amigo atendeu a chamada.

—Eu sabia que diria isso. Você tem medo ainda, né? É engraçado, mas é fofo. — A gargalhada do amigo do outro lado da linha o fez ficar mais bravo ainda.

—Não tenho medo! Lembra da minha fantasia de príncipe? Na verdade chegou de princesa! — Piscou os olhinhos algumas vezes para não chorar.

—Usa essa mesma! Aposto que você vai ficar fofo!

—Não!

—Tá, tá! Amanhã vou cedo aí te ajudar com isso!

—Vem mesmo? — Abriu um sorriso esperançoso, talvez conseguisse transformar numa fantasia de príncipe com a ajuda do amigo.

—Vou! 

—Fechado! Até amanhã!

—Até!

Desligou o celular e ficou sentado na cama balançando as pernas no ar, pensando como transformaria aquela fantasia.

No dia seguinte, Jimin foi à sua casa; fez Taehyung vestir a fantasia de Branca de Neve e acabou decidindo que ele usaria assim mesmo.

—Não é justo, você disse que me ajudaria! — Cruzou os braços e fechou a cara. Jimin havia mentido para ele.

—Mas eu não prometi, nem mesmo fizemos a promessa do dedo mindinho! — Aproximou-se do amigo e apertou suas bochechas gordinhas. Taehyung ficava adorável quando estava bravo, ainda mais vestido de Branca de Neve.

—Golpe mais baixo que você! — Mostrou a língua e, vendo que o amigo já se preparava para bater em sí, saiu correndo para fugir da punição.

Jimin sempre foi mais baixo que Taehyung, e sempre ficava bravo quando este o zoava pela altura.

—Seu babaca! Volta aqui! — Desceu as escadas aos tropeços e, esticando o braço ao máximo, agarrou o amigo pela roupa. Jogou-o no chão e começou a fazer intermináveis cócegas.

Mesmo que Jimin fosse mais forte e ficasse assustador quando estava bravo, nunca fez nada ao amigo além de cócegas. Taehyung sempre dizia que Jimin era fofo demais para machucar alguém, sequer tinha coragem de matar uma formiguinha.

Jimin apenas parou com as cócegas quando seu amigo começou a tossir de tanto gargalhar.

—Você sabe que sou mais rápido que você e sempre te alcanço. Portanto, não me teste! — Ameaçou fazer cócegas novamente, mas não o fez.

Depois de respirar fundo três vezes, secar as lágrimas dos olhos e limpar a garganta, Taehyung tornou a falar.

—Mas sério, Jimin, vão me achar estranho se eu sair assim!

—Desde quando Kim Taehyung se importa com a opinião dos outros?

—Não me importo, mas as vezes me intimida! — Empurrou Jimin para que saísse de cima de sí e levantou-se do chão, em seguida, bateu a mão na saia do vestido para tirar qualquer vestígio de poeira.

—Pensa assim: já que você está vestido de princesa, só falta achar seu príncipe, e assim vocês poderão ser felizes para sempre! — Jimin piscou para o amigo e, quando arrancou uma gargalhada do mais novo, sorriu.

—E você é o meu anãozinho! Deixe-me adivinhar... Você é o zangado! — Falar isso fez seu amigo realmente se zangar e pular em cima dele para mais uma maratona de cócegas.

Quando Jimin não tinha mais forças para prendê-lo, nem Taehyung para rir, o baixinho se despediu e foi embora para se arrumar.

Por volta das sete horas da noite, a campainha da casa de Taehyung soou. Seus pais estavam a algumas quadras dali organizando um evento, portanto não havia ninguém além dele para abrir a porta. Por isso, desceu correndo as escadas, mas xingou quando tocaram a campainha mais três vezes seguidas, parecendo um desesperado.

Assim que abriu a porta, deu de cara com um garoto carregando uma cesta nas mãos. Não sabia se ficava chocado por ele estar vestido de príncipe ou pela roupa ser idêntica à que ele havia comprado. Talvez tenha ficado mais chocado pelo fato de seu amigo ter previsto o futuro.



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