Uma jovem, recém saída da adolescência tem sua primeira chance de trabalho em uma grande multinacional como estagiária. De família pobre, a bela e ingênua garota se vê perdida em um mundo onde o poder sempre fala mais alto.
Cerca de dez minutos depois, estávamos entrando na van da empresa, rumo a matriz da WES.
Ao entrarmos na indústria, meu pai me levou até meu setor e se dirigiu para o local de trabalho dele.
Por eu dominar bem o inglês, graças as bolsas de estudo que vinha ganhando desde os oito anos de idade da minha madrinha, que é dona de uma pequena escola de idiomas, meu pai conseguiu o estágio de três meses numa área da empresa que necessitam de secretárias bilíngues.
— Esta é sua mesa, baby. – Gentilmente o rapaz que se apresentou como Giu me informou, apontando o dedo para ela de uma forma que o indicador rapidamente se voltou para baixo, não deixando dúvidas quanto a sua preferência sexual.
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— Obrigada, Giu. – eu disse ao me sentar e continuei — Você é a primeira pessoa que estou tendo contato nesta empresa. Como eu nunca trabalhei na vida, estou me sentindo perdida, é estranho.
Ele puxou uma cadeira, sentou-se dinate de mim e não parou mais de falar.
— Eu sei como é isso, lindinha. Eu estou aqui já faz dois anos, e quando entrei me senti assim também. Mas já, já você se enturma. Não olhe agora, mas do meu lado esquerdo tem uma morena de azul. Pelo amor de Deus, never, mas never mesmo, conte nem um segredo para ela, se não, em poucos segundos, todos – nesse momento ele rodopiou o indicador no alto — os celulares desta empresa vão sinalizar um zap do segredo que você pediu para ela guardar. Ela é uma cobrinha das mais venenosas. – Eu mal arregalei meus olhos e ele continuou. — E aquela outra, atrás de mim e bem na sua frente, lá no fundo, ela se chama Amanda, e é a maior puxa tapete da firma. Dizem as más línguas por aqui, que nem uma estagiária ou estagiário continua nesta empresa se ela não quiser, entendeu? – lentamente eu chacoalhei minha cabeça em sinal de positivo. — Agora, tem outra pessoa que... - De repente uma mulher o cutucou com o indicador nas costas. Ele se assustou. — Ai, credo, que susto dona Olívia, pensei que fosse uma arma.
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— O que você está fazendo aqui? – ela falou num tom extremamente autoritário e sério.
— Eu, eu... estava...
— Fofocando, né, é claro! É só isso que você sabe fazer aqui mesmo. Giuliano, Giuliano... eu já te falei, cuidado com a próxima lista da Amanda. Ela é cruel, você sabe! E eu não vou segurar a barra de ninguém. Agora volta para a sua mesa!
Giu deu uma piscadinha para mim e saiu mais que depressa.
— Ele só estava me ajudando. Sou a nova estagiária. – me pronunciei meio sem jeito.
— Ah, você é nova estagiária?! Que interessante... – a senhora ironizou. — Veja bem... - ela retirou uma folha da pasta que carregava — Larissa. Você precisa entender certas coisas e uma delas é que uma estagiária, não pode ficar de papo com funcionários. Outras duas regras importantes são: só pode ir ao banheiro duas vezes por dia, uma vez na parte da manhã e outra na parte da tarde e jamais trazer o celular. – nesse momento peguei o meu que estava em cima da mesa, desliguei e coloquei na bolsa. — Do momento que você entrar aqui, todos os dias, tem que ficar focada no trabalho, só no trabalho, entendeu? – ao concordar com a cabeça a mulher olhou para o meu currículo e continuou — In your luggage it says that you speak English fluently. Is correct? – ela se pronuciou em Inglês, dizendo que alí estava escrito que eu falava inglês fluentemente e me perguntou se estava correto.
— Yes, I speak British English and American English. – respondi também em Inglês, explicando a ela que domino tanto o inglês britânico quanto o americano.
— Perece – frisou — que sua pronuncia é muito boa.
— Thanks, I learned...
— Chega! – ela me interrompeu parecendo que estava irritada. — Deixa para gastar seu inglês na hora certa. De repente o celular dela tocou e ela atendeu.
— Não acredito! Nenhuma das duas veio hoje?... Vou ver o que faço aqui.
Ao sair da chamada a mulher tirou três folhas de dentro da pasta, jogou em cima da minha mesa e disse, com um olhar desafiador.
— Olha menina, eu posso dizer com certeza que hoje é seu dia de azar, porque coincidentemente faltou as únicas duas secretárias que falam inglês fluentemente, e daqui... – ela olhou a hora no celular — meia hora, você vai ter que entrar numa reunião com os diretores da empresa, clientes britânicos e o diabo. Nessas folhas estão a pauta da reunião e você tem que anotar tudo o que os gringos falarem. Entendeu?
Enquanto a mulher falava o pânico ia me tomando e eu só pensava em ir para casa.
— Entendeu? - ela repetiu em alto tom, após me flagrar aérea, com os olhos totalmente arregalados.
—...Sim. - respondi, engolindo em seco em seguida.
Após ela sair um pensamento se sobressaltou:
— Quem será que ela se referiu como diabo?
O fato de eu ter que assessorar uma reunião de executivos já no meu primeiro dia, meu deixou em estado de pânico. Minha mão começou a soar e me deu uma tremenda vontade de ir ao banheiro.
