Há uma luz
Mas não são estrelas,
Há uma explosão
Mas não é réveillon,
Cicatrizes do desespero
Cabeças baixas em respeito
Aos nossos filhos
Criação do terrorismo,
Há uma criança olhando pra mim
Não há medo em seu olhar,
Dos corredores ouviam-se o hino
Dizendo que todos são soldados
E ninguém será mestre de seus destinos,
Os braços que salvavam
São os mesmos braços vingativos
Onde ninguém sabe mais amar,
Há uma criança olhando pra mim
Não há medo em seu olhar,
Não há entendimento
Diante sepulturas de cimento,
Não há compreensão
Do sangue derramado ao chão,
Avante, filhos da pátria
Levantar os corpos abandonados
Emergir na culpa do pecado
Apontar para todos os errados
A essa nova horda de escravos
Que marcham inseguros
Mesmo atrás de muros
Que servem apenas para esconder
A mesma hipocrisia de nossos ancestrais,
Há uma criança olhando pra mim
Já não há nada em seu olhar
Profundo, vazio, sem brilho,
Espera ali sozinho
A repetição do mesmo hino,
Há uma luz
Mas não são estrelas...
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Consciência
PoesíaO eu-lirico do passado, o sussurro dos ancestrais, a existência da vontade ininterrupta de descrever os anseios mais íntimos e universais que assustam a humanidade desde os primórdios.