• Nove anos •

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Algumas semanas atrás descobri por meus país que iríamos embora do Rio de Janeiro, pois meu pai queria tentar a vida em sua cidade natal, onde nasceu e foi criado, aonde também estava a sua família inteira, minha mãe e eu não estávamos muito felizes com essa notícia aliás minhas amizades estão aqui e eu não queria deixá-las, deixar tudo pra trás e ir pra um lugar aonde eu nem saberia se iriam me aceitar ou como iria ser. Mais infelizmente aonde meus país iriam eu teria que acompanhá-los pois ainda não tinha nem a metade da idade pra chegar a idade maior, contei as meninas que iriam embora e já era de se esperar a reação delas afim foi a mesma que a minha após saber a notícia, ficamos chorando por algumas choras, limpamos os rostos e prometemos que até a viagem iríamos fazer de tudo que ainda não teríamos feito, e que iríamos aproveitar bastante o tempo que ainda tinhamos, que iria eternizar nossa amizade com nossas coisas malucas pra ter histórias pra contar ao crescer ou que eu contasse as pessoas novas do lugar novo que iria morar. A parte mais legal da viagem até agora e que pela primeira vez eu iria voar de avião, mas tinha outras milhares de coisa ruim que iria deixar pra trás ao embarcar nele, meus amigos, minha luta na qual já tinha atingindo a faixa marrom duas pontas, uma faixa antes da preta a qual seria primeiro Dan, iria deixar uma grande parte de mim aqui no Rio, quando entrasse naquele avião. Eu e as meninas como prometido começamos as nossas loucuras, corríamos por toda rua perturbando a todos, inventamos brincadeiras loucas, como ficar debaixo da água por mais tempo quem conseguisse ganhava, afinal quem nunca brincou disto né ? - Ficávamos imitando a todos que passavam na rua, na verdade somente os mais engraçados e sem jeitos.. fizemos de tudo é aproveitamos os dias como se fosse os últimos.
Então chegou o grande dia ou grande pesadelo, o dia da viagem..
A despedida é a mais dolorosa, todos os amigos, conhecidos, vinheram até nosso portão para se despedir, Natalia veio junto em sua mão segurando um cordão com um pingente de coração, sorrindo ela disse - Isso é pra que você nunca se esqueça da nossa amizade é muito menos de mim, até por que te proíbo- e no final disso eu não tinha o que dizer, apenas nos abraçamos, chorando muito. Segurei o cordão com toda a minha força e prometi que jamais iria esquecer ela, ou qualquer outra pessoa que me fez passar os dias mais incríveis da minha vida até aquele momento. Entrei no carro com destino ao aeroporto com coração apertado, minha irmã ao meu lado pra ela tudo era mais legal, sempre foi mais descolada do que eu, fazia amizade aonde chegava e com quem fosse, eu estava indo com nove pra dez anos, e ela apenas com seis.
Chegamos ao aeroporto minha mãe comprou chicletes, disse que iria ajudar na hora em que o avião decolasse, eu só não entendia o por que e em que iria ajudar, mas peguei o chiclete.
Esperamos alguns minutos até que nosso vôo chegou a hora de embarcar, pegamos nossas coisas e fomos caminhando naquele corredor assustador que magicamente você já saiu dentro do avião, eu ficava me perguntando como que eu tinha saído do corredor e ter parado dentro do avião em questão de passos, nos sentamos, meu pai já tinha ido antes de ônibus por que tinha pavor de avião, então deu pra nós sentarmos as três juntas. Então essa foi a hora que minha mãe falou que tinha chegado a hora de então comer o tal chiclete que ela comprou e me deu, peguei o mesmo é mastiguei , e enfim ela explicou o por que, por causa da latitude se não mastigar o chiclete pode dar ar nos ouvidos, foi aí que entendi a importância do tal chiclete. Nosso vôo foi tranquilo por um período, por que logo depois pegamos uma turbulência que e uma sensação horrível, mas não peguei muito dela, pois peguei no sono logo em seguida que ela começou.
Acordei enfim quando já estavamos chegando, minha tia já nos esperava para nos levar até a casa da minha vó, aonde meu pai estava ficando por um tempinho desde que chegou.
Novamente fui até a casa da minha vo dormindo, pois já era muito de madrugada é na verdade eu não estava me aguentando em pé de tanto sono. Fui acordada junto com minha irmã assim que chegamos na casa de minha vo, onde a mesma estava toda feliz a nossa espera, junto com meus tios e meu pai. Chegamos e ficou uma alegria só dentro daquela sala, onde meu sono sumiu e deu espaço a gargalhadas, conhecer parentes novos, o que eu odiava fazer naquele momento estava amando.

Semanas se passaram, pra mim já estava tudo normal como sempre foi no Rio de Janeiro, fui até uma das escolas próxima a casa da minha vo, para que conhecesse e fizesse a matrícula pra voltar às aulas, a da minha irmã era na mesma rua só que em vez de subir era descendo, o trato era eu levar e minha mãe buscar pois era praticamente o mesmo caminho pra mim, e não custava nada da uma ajudinha, uma das outras coisas mas importante que logo fui atrás, foi academia com Karatê aliás eu queria muito voltar a treinar o mais rápido possível, e logo pegar a tal sonhada faixa preta o que pra mim só faltava uma ponta até ela... Procuramos por toda Paraíba, próximo de nossa casa era o centro, não havia ônibus pra ir até o centro pois era tão próximo que daria facilmente ir andando sem preocupação alguma. Ônibus era somente de fazendas longe trazendo os alunos para escolas, ou ônibus para João Pessoa, que era mais ou menos duas horas de Guarabira aonde eu estava morando. As ruas eram com nomes bem parecidos, eu morava na Nordeste II, e assim por diante, eu e minha mãe procuramos muito até saber que a modalidade karatê não tinha em lugar nenhum por ali, meu sonho vou caindo ao chão aos poucos eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo.. até que chegamos em uma academia com treinos de luta, mas uma modalidade diferente chamada Taekwondo , fiquei por horas assistindo o treino, quando o mestre Abemael e Almir, me disseram que aquela academia foi aonde meu pai e meu tio Joao treinaram mais novos, é claro que não preciso dizer que sim, comecei a treinar naquela academia, pois queria seguir não só os passos do meu pai, mas queria dar continuidade e dando nome a nossa família que treinou ali, então comecei a ser Taekwondista.
Só que infelizmente como era modalidade eu não pude dar continuidade na faixa que eu já era no karatê, e tive que começar do zero, mas não tive problemas quanto isto, pois sabia que iria me dedicar igualmente e até mais. Comecei da faixa branca por onde qualquer pessoa que entre na luta começa, do zero.  Ganhei meu Kimono do meu tio, o qual parecia estar mais animado que eu por estar treinando aonde ele treinou e chegou a faixa preta, primeiro Dan. Os treinos, as técnicas não era tão diferentes mais no começo tive algumas dificuldade pois ainda confundia uma modalidade com a outra, os treinos ficavam cada vez mais intensos, firmes, e cada vez mais eu vencia um obstáculos, com três mês cheguei a faixa preta, a tão sonhada primeiro Dan, meu exame foi quebrar sete telhas com soco, passar por um corredor de faixas, na qual era chamada de batismo do faixa preta, faziam um corredor com as faixas nas mãos e quando os novos faixas pretas passem, era recebidos com faixas nas costas, ou seja você tinha que passar correndo o mais rápido possível. Fiz kata de todas as faixas até chegar ao meu kata, lutei com dois a mais adversários, fiz prova escrita com os mandamentos, ensinamentos, nomes dos grandes mestres e outras coisas, sendo com quinze questões na prova escrita, isso tudo pra enfim conseguir pegar a faixa preta, fiz defesa pessoal , isso com todos os mestres olhando fixamente pra mim é tudo que fazia ali naquela noite, consegui concluir tudo, quando foi pra quebrar as telhas, daquelas marrom grossa de casa mesmo, colocaram as sete na minha frente com o pano em cima pra não cortar a mão, eu tinha somente duas tentativas pra quebrá-las e caso não conseguisse eu não passaria no teste e não conseguiria pegar a faixa preta, só que naquele momento o nervosismo tomou conta do meu ser, corpo e mente. Minha primeira tentativa foi com soco sendo finalizado ao um pulo, essa era uma das  técnicas que poderia ser usada, consegui quebrar somente uma telha e na hora que finalizei o soco minha mão como estava soada, um dos meus dedos saiu da posição fazendo com que fosse pra trás da minha mão, quebrando na hora meu dedo, a dor tomou conta de mim, e foi nítido o que tinha acontecido, eu chorava como se não houvesse mais o amanhã, me deram duas opções, uma parando naquele momento meu exame, e não pegando a faixa pois não conseguiria concluir , ou superar e esquecer minha dor e tentar pela última vez quebrar as sete telhas. Bom é claro que sem pensar muito eu escolhi a opção dois, sequei minhas lágrimas com uma dor absurdas, esperei com que trocasse a única telha que foi quebrada da primeira tentativa, respirei bem fundo , e da vez com a mesma mão que tinha feito da primeira vez, com um dos dedos quebrados, foi a mesma mão que usei desta vez com a técnica usada pra quebrar a telha com a palma da mão, também finalizando o golpe depois de um pulo, eu usei toda minha técnica, força, dor , e mais uma vez superei minha dor , finalizei o golpe e foi na hora que verificaram as sete telhas, e que fizeram o sinal com a cabeça de positivo eu não estava acreditando, que sim, eu tinha conseguido quebrar todas, o choro mais uma vez foi inevitável, falando na hora que tinha conseguido pegar enfim a faixa preta, e que agora eu era primeiro Dan. E advinha só, sim eu parei tudo e corri pro hospital mais próximo, voltei já no final do exames de outros companheiros com a mão engessada. Naquela noite eu aprendi que apesar da dor, do obstáculo eu sou forte, e sempre seria.

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