Semanas depois do meu exame de faixa preta, retirei enfim o gesso da mão que usei no mesmo, era um alívio, voltei aos treinos intensos pois agora não era como os treinos de antes, agora era tudo sobre todas as faixas mais a minha primeiro Dan, cheguei a dar aulas com meu mestre para turma, e começava às aulas com outros faixas pretas quando o mestre se atrasava um pouco ao chegar a academia, colocando os treinos de lado um pouco, a escola também iria muito bem apesar de costumes ser diferentes, como no Rio de Janeiro eu ia pra escolar de uniforme ou na maioria das vezes era calça jeans, a blusa da escola e tênis fechado, aqui era bem diferente, a única coisa que exigiam era a blusa da escola, eu estava na escola chamada Poli valente, meu primeiro dia de aula eu fui como era no Rio, e pra minha surpresa de fato lá era muito diferente do que eu já estava acostumada, a moda era andar de calça jeans e chinelo , isso mesmo chinelo, minguem importava com a aparência de ninguém, estava tudo sempre ótimo, shortinho, bermuda , chinelo , caderno na mão era assim, é óbvio que eu não queria ficar diferente, sendo assim no meu segundo dia de aula eu fui pra escola, de chinelo e calça jeans, deixei de lado a mochila e comecei a levar o caderno na mão e depois de semanas pra mim era a coisa mas fácil, por que além de não levar peso algum nas costas eu ainda estava a vontade. Fiz amizade rapidamente, e fiquei conhecida como a carioca da gema o que por sinal era muito engraçado, fiz longas amizades, e comecei ater um grupinho da bagunça, Tatiane , Luana , e jackson o considerado galã da escola, por ter cabelos longos e ter uma cinquentinha o que lá era a coisa mas comum, os jovens ter. Quando ele passava as meninas ficavam loucas mas avinha só menos eu (risos), o que pra mim já era normal pois nunca me interessei é fato por nenhum garoto, e nem senti tanta atração quanto às outras meninas da minha idade, paqueras essas coisas toda. Só de pensar que eu teria que namorar um menino me dava um bolo na mente e eu não entendi muito bem o por que, pensava que talvez era algo de errado comigo, pois sempre brinquei como um menino, me comportava na maioria das vezes como um, e convivi com muitos, pensava como eles, e pensar que um dia iria beijar um garoto era uma coisa bem confusa pra minha mente. Mais deixei de lado, focava mas nos estudos e nos meus treinos.. até que as "pressões" da família começaram a surgir.. - Então Sara cadê o namoradinho- ; - Sara vi que você estava olhando pra fulano- ; - aaah né está namorando- , então eu pensei que deveria ser assim, por que minha família queria que fosse, além de não entender o por que dos meus pensamentos eram assim, e eu ainda não entender nada, deixei as coisas acontecerem como minha família queria que fosse. Depois de alguns meses já na Paraíba as dificuldades comeram a surgir, como chuvas de pedras grande ou como se você estivesse numa corrida e pedras gigantescas aparecessem no caminho... Minha família começou a passar muita necessidade, no qual tinha dia que minha mãe deixava de comer pra dar a mim e minha irmã mas nova, aquilo me doía o coração que apesar de nunca ter passado aquilo, naquele momento me vi naquela situação. Não tinha amigos ainda para que nos ajudasse, então a maioria das vezes comíamos na casa de minha vo, mãe do meu pai enquanto ele é meu tio, arrumava ideia de comprar um quiosque na praça perto da onde morávamos.. muita das vezes minha mãe tinha que ir até a escola da minha irmã aonde fez amizade com a diretoria do mesmo, e como era tipo creche eles davam almoço, minha mãe se escondia na sala dos professores pra conseguir almoçar na escola pra que ninguém visse pois morria de vergonha da situação. Eu me virava como podia muita das vezes deixava de comer pra dar a minha irmã mas nova, e na maioria das vezes eu falava que já tinha comido pra que minha mãe pudesse comer no meu lugar.
Meses depois de muita luta descobri que se eu começasse a competir em campeonatos e me destaca-se eu conseguia um patrocinador e que com isso eu ganhava uns seiscentos reais por mês, para bancar viagens de campeonatos, protetores, kimono, alimentação e tudo que precisava pra competir, mas meu objetivo era lutar até meu ultimo suspiro pra conseguir o patrocínio para que com esse dinheiro eu levasse pra dentro de casa para que minha mãe é irmã pudesse comer com mais alívio, e assim eu fiz. Comecei ir aos treinos pesados e até aos sábados, coloquei meu nome em toda lista de campeonato, comecei a viajar, alagoinha, João Pessoa, Pernambuco, até que chegou o dia, campeonato em São Paulo valendo patrocínio e o título de bi-campeã brasileira de taekwondo, dei meu suor aos treinos e fui pra São Paulo , ganhei em primeiro lugar em três lutas, ganhando assim o título de Bi-campeã brasileira atingindo dezenove medalhas por todos os lugares e campeonatos que participei, assim ganhando patrocínio, comprei meus protetores, meu kimono oficial da adidas, e enfim levei comida pra dentro de casa, e não estava orgulhosa de mim só pelo campeonatos, mas por que eu iria dar uma condições melhor a cada dia pra minha mãe é minha irmã, comer melhor.Depois de um tempo morando na Paraíba, treinando, estudando, começou a surgir as amizades, minha irmã fez amizade com uma menina mas nova que ela, que morava bem à frente da casa da minha Vo, minha mãe então fez amizade com a mãe da menina, que se chamava Darlene, e sua mãe Rosilene, amizade foi se fortalecendo e estavam juntos pra qualquer situação, ela nos ajudou sem pensar duas vezes, mal nos conhecia e abriu suas portas pra que matassem nossa fome, e vice-versa, nos ajudou muito e nossa amizade a cada dia só crescia, nos tirou do sufoco, passamos juntos mais necessidades mas sempre juntas todas, uma dava a mão para que levantasse a outra do chão. Minha irmã vivia lá dormia, e assim era a todo momento, uma amizade que mesmo com as maiores dificuldades não se enfraqueceu, só fortaleceu.
Por que amigos de verdade não é aquele que só está contigo nos momentos bons ou quando se tem algo, elas eram grandes amigas mas não estava só nos momentos bons e fartos, estavam quando não tínhamos nada, e momentos ruins mas estavam sempre de mãos dadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Transparecer
RandomMeu nome é Bernardo, tenho hoje 22 anos, e vou contar do inicio como foi pra mim sobre meus olhos se descobrir transgenero; tudo que passei, momentos ; situações; preconceitos; vitorias é muitas derrotas.