Uma vez, quando era bem mais novo, fui visitar minha mãe no hospital onde a mesma estava internada.
Enquanto voltava para casa, reparei em uma pequena passagem em uma das paredes do pátio por onde passava em direção a saída.
A passagem levava a um grande Jardim e dentro deste tinha um pequeno garoto de cabelos e olhos azulados que me encarou curioso quando adentrei no local.
Nunca antes havia pensado que me aproximaria tanto de um completo estranho. Mas aquele garotinho conseguiu me prender de tal forma que na época me pegava muitas vezes contando as horas para vê-lo sem nem perceber.
Até que um dia tivemos que nos separar, me fazendo perder sua tão preciosa companhia me restando apenas confiar nas palavras do azulado e agarrar a esperança de nosso reencontro.
A esperança que me mantinha de pé dia após dia.
Depois de nossa despedida o luto da mansão também se dissipou e toda a minha rotina retornou. Sem Tetsuya.
Aula após aula. Com apenas suas palavras me levando em frente me fazendo aguentar os anos que se passaram sem o mesmo.
Assumi a empresa pouco depois da maioridade, após meu pai morrer também de causas naturais.
Não posso dizer que fiquei feliz com sua partida até porque apesar de tudo ele ainda era meu pai.
Mas da mesma forma também não podia dizer que fiquei triste com o fato. Não tinha sentimentos fortes o suficientes com o mesmo para isso.
Neutro.
Durante todo o período de luto permaneci neutro assim como na maior parte do tempo desde meu último encontro com o azulado.
Logo após assumir o cargo comecei a usar a influência que vinha com mesmo para procurar meu azulado com tal busca se mostrando inútil a medida que o mesmo parecia ter sumido do mapa me fazendo perder cada vez mais as esperanças.
Hoje fazem exatos 12 anos desde meu encontro com o azulado e neste momento eu me dirijo até o hospital de anos atrás enquanto repasso toda a historia que me levou até ali em mente várias e várias vezes o que me fazia soltar sorrisos que só costumavam aparecer nesses momentos em que me lembrava dele.
Ao chegar ao local primeiramente me dirijo ao antigo quarto de minha mãe me lembrando de todos as minhas visitas a mesma.
Me lembro de todos os sorrisos que ela me dirigia, de todas as nossas conversas e jogos abrindo um sorriso nostálgico inconscientemente aproveitando a sensação boa que me envolvia ao me lembrar da mesma.
Pensar em sua partida ainda doía, mas com o passar do tempo as boas memórias se tornaram ainda mais fortes que as de sua ida me permitindo sorrir verdadeiramente ao pensar na mesma.
Depois de alguns minutos aproveitando a tranquilidade que, felizmente, reinava no hospital, me direciono ao jardim onde a anos atrás me encontrei com o azulado em que tanto pensava.
Após assumir a liderança das empresas doei fundos para uma grande manutenção do local que agora era um centro de descanso a todos do hospital desde pacientes a funcionários de qualquer espécie, este que vive cheio por tal fato. Afinal, conforto é o que não falta por lá.
Isso pelo menos em dias comuns, já que eu costumo reservar o local todos os anos durante essa data.
Gostava de aproveitar o silêncio que reinava no local vazio aproveitando para relembrar os momentos que me eram tão queridos.
Por isso me surpreendi ao começar a ouvir barulhos do balanço ( que eu insisti em manter apenas com uma manutenção e pintura) do jardim.
Adentrei o local suspirando já me preparando para "informar educadamente" que o jardim estava reservado, quando olho para o brinquedo e percebo quem estava ali paralisando com uma face surpresa sem acreditar que ele estava realmente ali.
No balanço se encontrava um homem de cabelos e olhos azulados que balançava no brinquedo com um pequeno sorriso no rosto que apenas sumiu quando ele me avistou parando o balanço bruscamente e me encarando também com face confusa e surpresa bem incomum para a sua falta de expressão costumeira a qual me recordava.
Nós dois ficamos nos encarando pelos tão famosos segundos que pareciam horas até que ele começou a rir e eu o acompanhei ainda meio desnorteado tentando me convencer de que não era apenas uma ilusão de meu cérebro.
- Oi, Sei-kun.- ele disse ainda me encarando com um sorriso.
- Oi, Tetsuya.- disse e depois me aproximei do mesmo que já havia se levantado do balanço.
Quando chego até si me ponho em sua frente e ele abre a boca para falar sendo impedido por mim que grudo nossos lábios em um beijo calmo que demonstrava a saudade acumulada que senti por todos esses anos.
Quando nos separamos pela maldita falta de ar Tetsuya tinha o rosto completamente corado e a boca aberta
- O que... O que foi isso- ele disse claramente perdido se esforçando para não parecer tão nervoso e eu aumento meu sorriso me aproximando ainda mais dele o puxando pela cintura.
- Acho que os adultos chamam de beijo. Ao que parece é o que eles fazem quando gostam muito de alguém- disse perto do seu ouvido me lembrando das suas palavras de tantos anos atrás.
- E ainda é valido mesmo quando não se vê a pessoa a muito tempo?- ele disse escondendo o rosto em meu pescoço claramente envergonhado.
- Quando se passa todos esses anos pensando na outra pessoa? Não acho que tenha problema. E você?- perguntei segurando em sue queixo levemente o forçando a olhar para mim mas sem machuca-lo.
Ele abre um sorriso olhando em meus olhos e então me puxa para um beijo.
- Se é certo ou não eu não sei. Mas não é como se eu me importasse com isso.- ele disse ainda sorrindo e eu puxo novamente para outro beijo.
Um de muitos que viriam matando de pouco a pouco a saudade acumulada após tantos anos separados.
Mas não tínhamos pressa. Acabamos de nos reencontrar e não é como se eu fosse o deixar escapar mais uma vez.
Porque eu poderia até ter me aproximado demais de um completo estranho, mas foi a melhor decisão que fiz na vida.
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Hospital
FanfictionUm dia eu estava indo visitar minha mãe no hospital onde ela estava internada. Quando estava voltando para casa reparei em uma passagem em uma das paredes do local. A passagem dava para um jardim e dentro deste tinha um garoto aparentemente d...