Dwight

286 19 2
                                    

Passaram-se alguns dias desde que Dylan se encontrou com aqueles homens, e sendo honesta, ela mal podia acreditar que eles a deixaram partir sem nenhum problema. Era praticamente inacreditável que isso acontecesse. Não que ela estivesse reclamando.

Desde então ela decidiu sair um pouco das florestas e ficar um pouco na estrada, sempre procurando um abrigo para passar a noite e evitando ficar muito a vista dos carros. Sempre que ela ouvia algum, raro, motor ranger ela se escondia e esperava uns minutos até que ela tivesse certeza de que não tinha mais nada por perto.

Dylan já estava começando a ficar preocupada, não havia conseguido mais nenhum suprimento desde a última casa que passou a noite e isso foi à duas noites atrás. Ela tinha pouco mais que uma lata de feijão e duas garrafas de água.

Talvez ela estivesse um pouco arrependida de não ter tentado ir com aqueles homens até o acampamento deles, eles a deixaram ir, mas ainda tinha algo de muito estranho com aquele grupo. Quem garante que o que aquele tal líder faria não seria ruim e que ela poderia deixar o lugar na hora que desejasse?

Achando melhor deixar o assunto de lado, ela voltou a prestar atenção na estrada em que se encontrava e focar em qualquer outra coisa que não fosse o curioso grupo.

Já estava anoitecendo quando ela começou a escutar os gemidos dos mortos e ao ver que ficavam cada vez mais altos, ela sabia que não daria pra ficar naquela casa durante a noite. Então juntando suas poucas coisas, ela estava prestes a sair quando alguém puxou ela para um dos quartos que ela havia checando cedo e colocado a mão na boca dela, impedindo que ela gritasse.

Ao perceber que quem o fizera foi o mesmo homem loiro que, reparando de perto agora, tinha metade do rosto queimado ela suspirou "aliviada". Esse homem estava junto do outro que manteve a conversa com ela dentro da floresta.

Ao escutar passos arrastados dentro da casa, ela olhou para o homem e sentiu seu coração bater mais rápido com medo de que aquela horda os encontrasse ali. Pela altura do som não deveriam ser poucos.

Ainda olhando assustada para o homem, ela colocou a sua mão sob a dele om o intuito de que ele a deixasse falar. Entendendo bem o que ela desejava, o loiro logo atendeu a vontade dela, mesmo ainda com cautela.

— Como nós vamos sair daqui? Cercaram tudo? — sussurrando, ela disse.

— Tem uma janela na cozinha que dá para a parte de trás, vamos sair por lá — disse, com o mesmo tom de voz dela.

Não tendo outra escolha a não ser concordar, ela assentiu. Ela não confiava neste homem, mas deixaria isso para quando não estivessem presos dentro dessa casa com os mortos. Dylan agradeceu aos céus por não ter deixado suas coisas no andar de cima como havia cogitado fazer.

Sabendo que seria melhor saírem logo ao invés de esperarem todos os mortos entrarem, o homem abriu colocou a cabeça para fora para ver a que distância estavam. A sala, que era de onde Dylan tinha visto a horda, já estava cheia e poucos deles se encaminharam cegamente para o corredor. Três deles, pra ser exato.

— Tem três no corredor e um na cozinha, você vai para a cozinha e cuida daquele e eu limpo o corredor, certo? —  voltando a olhar para ela, ele disse.

— Tudo bem, vamos logo — Dylan disse e o homem logo saiu em direção ao primeiro cadáver.

Correndo em direção a cozinha, ela mal esperou que o ser que estava ali se virasse e já havia cravado seu facão no meio de seu crânio, apenas para ele cair com um baque alto no chão que atraiu a atenção do homem, que cuidava do último dos três.

Dylan foi em direção à janela e checou antes de pular, precisava saber se realmente estava tudo limpo. Quando constatou que sim, sentiu um par de mãos na sua cintura a levantando e logo ela já estava do lado de fora, sendo seguida pelo homem.

Olhando ao redor, ela viu que muitos mortos já estavam na cozinha, devido à comoção anterior. Então ambos decidiram sair logo da casa. A cerca da parte de trás não era muito alta, então eles a pularam com facilidade.

Decidindo entrar no quintal de uma outra casa, eles logo estavam de volta na rua principal e não na orla da floresta atrás das casas. Com passos apressados, ambos andaram até se afastarem o máximo da casa e da horda.

Quando viram que era seguro parar, Dylan tirou de sua bolsa uma das garrafas de água e após beber uns goles a entregou ao homem, que aceitou de imediato.

— Dwight — foi o que ele disse, deixando-a saber seu nome.

— Dylan — ela respondeu.

— Você deveria vir para o Santuário, Dylan — Dwight disse ao continuar a andar ao lado dela. — Lá você teria comida, remédios, segurança e um lugar para dormir. Não teria que se preocupar com os caminhantes — completou ao encará-la.

— A preço de quê? Nada bom demais é de graça, nunca foi — rebateu de imediato, eles haviam saído da casa mas isso não significa que ela havia passado a confiar plenamente nele. Ele ainda era um estranho.

— Você deveria ao menos tentar, passe uma noite lá e se você não gostar ou se adaptar está livre para ir. Por minha conta — ele disse e ela, novamente ponderou a ideia de se juntar ao grupo.

— Quantas pessoas tem neste lugar? — perguntou indecisa.

— Bom, inúmeras. Da última vez que foi feita uma contagem, haviam mais ou menos duzentas pessoas. Isso contando apenas com os Salvadores. Tem os trabalhadores ainda — respondeu olhando para ela.

Não deixando passar despercebida, a surpresa foi logo estampada no rosto de Dylan que arregalou os olhos ao escutar Dwight dizer. Era quase impossível reunir tanta gente em apenas um grupo. Duzentas pessoas deveriam ser quase dez por cento da população atual.

— Hm, uau. É bastante gente — declarou. — Certo, Dwight, eu vou com você. Verei este lugar e se eu não gostar eu tenho total liberdade de sair e vir embora na hora em que eu desejar? — indagou.

— Sim, senhora.

Decidindo não fazer mais perguntas, ela apenas concordou e começou a acompanhá-lo até chegarem a um carro.

No SanctuaryOnde histórias criam vida. Descubra agora