Capítulo Único

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Os ventos refrescantes do verão predominavam naquela segunda semana de fevereiro e movimentavam não só as vestimentas das jovens alunas como agitavam os corações dos rapazes que tinham o privilégio de flagrar esses raros momentos, toda essa agitação e euforia provinha da expectativa pelo Dia dos Namorados para a maioria dos garotos tolos e apaixonados. Isso era uma coisa que eu não compreendia e nem fazia questão.

– Norge, Norge! No final de semana é Dia dos Namorados e gostaria de saber se você tem alguém em mente – questionava Den, pela milésima vez na semana. – Podemos sair.

– Obrigado, Den, mas prefiro fritar meus olhos em banha de porco e dar aos cachorros famintos – respondi já sem nenhuma paciência, enquanto aquele idiota continuava a me acompanhar para a próxima aula como se eu precisasse de escolta.

– Você não pode ter o coração tão duro assim Norge – choramingou.

Já era uma rotina os convites insistentes do meu colega de classe, que teimava em dizer que todo o meu ódio e inexpressividade era meu modo de refugio para o que ele chamava de "Amor Reprimido pelo Den". Que babaquice. O amor é algo que o ser humano inventou para não ficar sozinho, era isso o que eu achava.

Até aquele momento.

E enquanto passávamos rapidamente pelo corredor da ala norte, próximo aos jardins de rosa, pude ver dois rapazes conversando animadamente não muito distante de onde estávamos. Isso seria um tanto banal tenho que admitir, mas um deles, o loiro de cabelos revoltosos afagava um ser mágico em seu ombro enquanto o outro o olhava de maneira pouco confortável e voltava a gesticular de maneira apressada em todas as direções. Era a primeira vez que via outra pessoa que também tinha conhecimento de outros seres os expressar tão abertamente, porque, sério! Se eu fizesse isso na frente de outras pessoas elas me chamariam de louco, então tudo aquilo não poderia ser coisa da minha cabeça.

– Você está me ouvindo? – perguntou o idiota do meu lado, agitando as mãos na minha cara. – Você parou de repende aqui.

– Quem são aqueles dois ali? – indiquei-os no jardim.

– Alfred e Arthur? O que têm eles?

– O de cabelos bagunçados é quem?

– Arthur, o Presidente do Comitê de Disciplina – dava de ombros. – Todos sabem quem é ele, Norge.

– Mas eu não.

– Você votou nele no começo das aulas, cara.

– Tanto faz, vamos para sala.

– E quanto ao meu convite? Está de pé?

– Sala. Agora.

E mesmo com toda a informação que eu havia levando sobre o tal Arthur, logo depois das aulas de Artes, não havia saciado completamente toda a minha curiosidade. O que era uma coisa incomum, pois achava que toda e qualquer outra pessoa fosse indigna de meu interesse. Poucas coisas eu havia conseguido sobre ele como: seu endereço, seu nome completo, as suas conquistas acadêmicas e o histórico familiar. Eu teria de recorrer ao bibliotecário Junior, o oriental de olhar estranho.

– Kiku, boa tarde.

– Pois não, Norge-san?

– Eu gostaria de fazer algumas perguntas quanto a um aluno da escola se não for muito incomodo.

– Quem seria?

– Arthur Kikland, conhece?

– Norge-san, hoje é quinta-feira e as sessões de perseguição estão fora de moda – sorria formalmente. – Deixe o Presidente fora disso.

Plano PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora