quem?

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É, a vida já não tinha mais graça.  Tudo e todos ao meu redor, eram como um desenho mal terminado e cinza . Nada já fazia sentido. Nada tinha um porque.
Enquanto o ruído dos carros, e o barulho que já não cessava faziam com que minha cabeça doesse absurdamente, eu decidi ir pra casa.
Bom, era rotineiro que eu fosse ao Colégio, e logo em seguida descesse até a biblioteca da cidade, só pra matar tempo sozinha, afinal, minha casa não era o tão sonhado "lar doce lar".
Saí com pressa da biblioteca, estava mal fisicamente e sem nenhum  remédio ou qualquer coisa que pudesse me ajudar naquele momento.

Enquanto descia às pressas a rua que ia rumo ao terminal de ônibus, aconteceu como naqueles filmes.  Eu fiquei tonta, e tudo ficou preto rapidamente.
Quando deu-me por conta, havia algumas pessoas ao meu redor, e um rapaz bem na minha frente ( modéstia à parte, um rapaz bonito). Me sentei e tentei entender o que tinha acontecido.

- Moça, você está melhor?
- O que aconteceu comigo?
- Você desmaiou e caiu no chão igual uma manga madura quando cai do pé kkkkk.

Uau, que sorriso.

- Kkkkkk. Desculpe o incômodo moço, eu já vou indo pra casa.
- De jeito algum deixo você ir sozinha.  Por favor, me permita te acompanhar!
- Tudo bem, vai que caio de novo.
- Hahaha.

Não havia como recusar a companhia desse cara. Por um momento esqueci de todos os meus problemas, e só curti aquele curto tempo com ele até que pegasse meu ônibus.
Não conversamos muito até o terminal, na verdade quase nada. Ele só queria garantir que eu chegaria bem até o ônibus.
Eu sou muito tímida. Até pensei em alguma coisa pra dizer, mas toda vez que abria a boca, não saía Nada!

- Bem, aqui é o meu ponto.

O ônibus havia acabado de chegar, e sairia em menos de 2 minutos.

- Tudo bem moça, acho que vc chega bem até sua casa.
- Eu chego sim, obrigada por me acompanhar - sorri, meio sem graça - Tenho que entrar, se não perco.
- Passa seu número pra mim, só pra avisar quando chegar em casa?

Eu queria passar, queria mesmo. Mas assim que fui falar, a fila composta de várias pessoas com pressa me empurrou até a porta do ônibus, e consequentemente não consegui passar meu número. 
Entrei, e sentei em um banco na janela, e sem esperança nenhuma, olhei. Pra minha surpresa, lá estava ele, olhando. Assim que o motorista virou a chave, ele se virou e foi embora.
Fiquei pensando uns minutinhos por que esse cara me ajudou.  Caramba, um completo estranho me ajudou em um desmaio em plena rua!
Foi só aí que me dei conta de que nem havia perguntado seu nome. Como sou idiota!

Acabei pegando no sono, e só acordei na hora de descer.
Cheguei em casa e resolvi contar pra minha mãe que desmaiei na rua, mas sem a parte do garoto. Se ela soubesse que deixei um desconhecido andar comigo, ela surtaria!

Contei. E como sempre, ela jogou a culpa em mim.
" Se tu não fosse tão tapada e esquecida, não teria caído na rua, e etc."
As palavras dela sempre me deixavam pra baixo, mas um um pedaço de mim ainda mantinha as esperanças de que podia ser amiga da minha mãe. Nosso relacionamento era difícil.
Apesar de tudo, nunca chorava na frente dela, então saí da cozinha, lugar onde ela sempre estava sentada perto da janela, tomando um gole de café.

Como o clima em casa era sempre muito pesado, já tinha me esquecido do ocorrido com o cara mais cedo, afinal, não acho que teria chances com alguém, ainda mais com ele. Seria só mais uma que ele esqueceria  em questão de horas.

Fui pro meu quarto e tranquei a porta.
E foi no canto, em um um momento finalmente solene, que eu me recolhi, e chorei, amargamente.

Quando te conheci.Onde histórias criam vida. Descubra agora