Prólogo

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He had beautiful eyes.
The kind you could get lost in and I guess I did.

- Unknown

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Já estava acabando de fazer as malas para poder ir finalmente ao aeroporto. Comecei o dia me estressando depois de receber um esporro do meu empresário por telefone, dizendo que eu deveria ter mais responsabilidade e minhas malas deviam ter sido feitas no dia anterior.

Assim que terminei, bebi um copo d'água e respirei fundo. Geralmente quando meu superior briga comigo antes de uma viagem, ele passa muito tempo me tratando mal. Isso não é novidade porque ele sempre me trata mal, então quero dizer que ele me trata pior ainda.

Saí para fora e tranquei a porta, com uma mochila nas costas contendo as coisas mais importantes e duas malas grandes com as roupas. Mesmo que estivesse indo passar um mês inteiro em outro país, eu já imaginava que meu chefe mal me deixaria sair, porém meu otimismo me fez levar o máximo de roupas com a esperança de que ele mudasse de ideia.

Esperei na frente da minha casa meu superior chegar e já imaginando que ele se usaria de exemplo de pontualidade para me dar uma lição de moral como ele fazia em todas as viagens, pois adorava mostrar ao mundo os defeitos que ele "não tinha".

Depois de uns dois minutos esperando ele chegou de táxi, e assim que eu guardei minhas coisas na mala e entrei, ele já indicou ao motorista que nos levasse até o aeroporto. Na hora que eu entrei naquele carro, ele fez uma cara tão debochada que eu senti vontade de socar seu nariz, mas felizmente pude me controlar seguindo o meu lema de tratar todos com gentileza, mesmo que algumas pessoas não mereçam isso.

— Você chegou e minhas malas já estavam prontas. Eu não estou atrasado e não atrasei você. — Eu disse, me defendendo.

— O problema é sua falta de responsabilidade de querer deixar as coisas pra cima da hora. — Ele retrucou, sério.

Quando ele começa a falar de responsabilidade ele não para mais, e eu como sempre finjo que estou escutando mas viajo completamente para algum lugar bem longe da Terra. E foi o que eu fiz mesmo. Deixei ele me dar o sermão enquanto pensava nas ondas que eu ia pegar no campeonato, e parei pra pensar um pouco também se dessa vez eu teria a sorte de, nem que fosse só pelas próximas semanas, passar um tempo com alguma pessoa que eu conhecer. Isso é quase uma regra do verão.

— Entendeu? — Stuart, meu chefe, perguntou, tirando-me de meus devaneios.

— Sim, entendi. — Eu não sabia com o que eu acabara de concordar mas estava disperso demais para ligar o suficiente.

— Não quero que se repita. — Ele completou.

— Tudo bem, não vai. — Eu respondi da forma mais debochada possível que minha mente havia figurado naquele momento.

Continuamos o trajeto em silêncio e eu tentei me preocupar o mínimo possível com o rumo que essa viagem ia tomar. Quanto menos eu falo com Stuart, melhor eu fico.

— Chegamos. — A voz do motorista se estabeleceu no ambiente e já me preparei para sair do carro.

Assim que o carro estacionou eu saí, deixando meu maldito empresário no carro e com a dívida do passeio. E, posso dizer que senti uma ótima sensação em vê-lo pagar aquilo para mim, mesmo sendo seu trabalho, é muito bom quando ele se ferra.

— Vamos? — Stuart disse sorrindo e tirando-me de meus devaneios. Se tinha algo nele que eu odiava mais do que tudo, era o fato dele às vezes simplesmente me dirigir a palavra como se fôssemos amigos.

Summer Love [l.s.]Onde histórias criam vida. Descubra agora