1º Capitulo

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Mais uma manhã fria, mais um dia cansativo de trabalho pela frente, eu deparava-me com o mesmo dilema matinal de sempre ' o que vestir?' Para muitas mulheres isto pode ser uma tarefa fácil mas para mim que trabalho numa empresa, era um grande problema. Passava sempre 10 minutos de manhã a olhar para o armário, era de loucos. Mas a empresa exigia isso.

Um vestido azul pastel, aquele vestido não era apenas um simples vestido, mas sim uma prenda de um grande escritor que eu tanto admirava, infelizmente tinha falecido há quase um ano.



Procurei a melhor carruagem, a que estivesse mais silenciosa para conseguir ler. Sentei-me, abri o livro na página 213. Estava a ler um famoso romance erótico escrito pelo meu falecido escritor. Ao meu lado estava uma senhora com a filha ao colo a chorar porque se tinham acabado as bolachas, tentei acalmar-me e tentar continuar a ler, aqueles 45 minutos eram a minha liberdade antes de chegar ao escritório.

Olhei para a janela e mentalmente contei até 3, e nisto continuei a ler, era uma dia de azar pelos vistos.

Senti alguém sentar-se enquanto falava ao telemóvel com um tom de voz mais alto do que o normal e com uma raiva na voz que me fez ficar a ouvir a conversa:

" Eu já não a aguento, tens noção da birra que faz todas as noites por eu ter de ficar a trabalhar? Dou-lhe toda a atenção que consigo, não vou a eventos por causa dela, deixei de fazer tanta coisa por causa dela, isto não me está a fazer bem, tenho de por um ponto final nisto! "

Fiquei a pensar no que ele acabou de dizer, já tinha passado por algo semelhante.

" Todos os dias fica amuada comigo, tento tudo para a por bem e nada! O que faço de mal? É o meu trabalho e não vou abdicar dele por causa dela. "

era ele...

Tentei respirar fundo ao perceber que era ele, o homem que tanto desejava, queria saber se ele precisava de falar, respirou fundo, arranjou coragem e falou:

- Peço desculpa, sei que não tenho nada a ver com o assunto, mas precisa de falar? Já me disseram que sou boa ouvinte.-

- É a minha namorada. Ela não gosta que eu trabalhe, quer que esteja sempre em casa e eu odeio isso, amo o meu trabalho e não admito que ninguém se meta no meu caminho, seja namorada ou ninguém. Sei que é difícil eu estar sempre a trabalhar mas tento ao máximo estar com ela, já nem passo muito tempo com a minha família para estar com ela, é de loucos não?! Sempre me disseram : família primeiro e eu concordo com isso mas por mais que tente nada a faz feliz, nada!-

Desde há uns meses para cá que ando a pensar acabar tudo, sei que a vou magoar muito mas neste momento andamos os dois bastante magoados para continuar assim.

Não estava a acreditar no que tinha ouvido, que estupidez estar feliz por eles andarem mal, mas desde que ele apareceu na sua vida que mudei, nunca me sentiu assim.

E sobre relações assim eu já sabia o que acontecia, era perita nisso. Viciada no trabalho desde que se mudou para a empresa.

- Desculpa nem me apresentei, sou o João.-

-Prazer, Leonor.- Eu sei que o senhor me conhece..

- É uma situação muito complicada, trabalho e amor, dois rivais. Devia pensar bem no assunto, falarem com calma e chegarem a uma solução.-

- Trata-me por tu por favor! - Mandou João com um tom firme e uma voz rouca.

- Desculpa. - Ri-me envergonhada.

Sabes por vezes a carreira é a melhor opção, não te estou a dizer para acabares com ela mas sim para pensares melhor. É o nosso futuro que está em causa e supostamente uma namorada também faz parte dele, se ela não quer que tenhas esse futuro se calhar ela é que não devia estar nele...

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