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Eu estava morrendo mais uma vez e ninguém percebia. Eu precisava de alguém para trazer flores a minha primavera. Mas invés disso, eu recebi um inverno em meio ao caos, em meio verão. Precisei calçar minhas botas de chuva, e abri minha sombrinha. Estava chovendo, e não era alegria. Estava frio e eu não estou feliz. Está nevando e chovendo dentro de mim outra vez. Meu verão de sol, minhas flores floridas desapareceram. Tudo sumiu dentro de mim. Meu doce virou um amargo sem fim. O amor sumiu e o que apareceu foi a solidão. A mais ingrata solidão para me lembrar que a saudade sempre será minha companhia por consequências das minhas malditas escolhas.
Eu estou tentando ficar calma, respirar fundo e dizer para mim mesma na frente do espelho: Eu sou maior que essa dor. Mas eu quero mesmo é socar o espelho e sair mandando todos irem se foder.
Já passei por tantas vezes, pela mesma coisa e sei como termina todas as vezes e é por saber que prefiro dizer adeus de vez ao amor e sossegar dizendo e chorando pra mim mesma que eu estou melhor sozinha, e se não estou vou ficar. Uma hora a gente se acostuma com o pior. É questão de costume. E estou acostumando a ficar sozinha em silêncio, amando ser solitária. Não há barulho, cobranças nem pessoas. Eu sou um desastre, aquela montanha que desliza, o gelo que racha, o rio que seca, o sol que some, o vento que destrói, eu sou o pior que há.

Eu durmo como consequência de não chorar ou dormir para não acordar. E nada disso adianta, estou prestes a dormir ou entrar no meu banho de água vulcânica quando aquele desespero bate na porta, e lá vem as lágrimas incontroláveis. Ou quando estou prestes a dormir, meu cérebro relembra de tudo, desde o momento em que poderia acontecer coisas perfeitas mas não acontece, ou coisas inúteis que eu fiz. Já era.

Eu sei que não estou sozinha, mas quando eu chego em casa, arranco meus sapatos e penduro a mochila na escada. É como se minha vida alegre lá fora não existisse. Eu faço o café mais amargo para vê se tudo aqui dentro fique um pouco mais doce. É em vão. Eu sento na minha antiga poltrona, ligo o rádio e tento mentalizar a vida perfeita que eu nunca vou ter, aquele amor inexistente pelo menos para mim. E lá clichê vem o sorriso dele. Me esgotando, me fazendo abandonar a xícara em cima do braço do sofá, apoiando minha cabeça no meio das pernas, e abraçando meus joelhos, insistindo para que a lágrima não caia, e infelizmente ela cai. E eu preciso fingir uma rinite imediata, mas a verdade é que eu tô chorando porque está doendo, ter um coração partido dói. Você entrega seu coração e a pessoa da picadinho dele e joga na sua cara de volta. É agonizante.

Eu sei que eu sou insuficiente, insuportável. Meu corpo é fora do padrão, não estou no peso ideal, na altura ideal, tenho estria e celulite e não tenho peitos grandes. Eu sei que sou insuficiente tanto de beleza como interior. Eu não presto. Minhas inseguranças me fazem desistir de qualquer caminho.

Meu coração bombeia desespero nas minhas veias.

E eu estou perdida, e tenho certeza que ninguém vai fazer questão de me achar.

Minhas flores cardíacas estão morrendo.

Me adaptei a ausência do sol e da água.

- Maincr

Medo ou depressãoOnde histórias criam vida. Descubra agora