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De relance, vi Sky dando batidas no tatame e a soltei imediatamente, levantando-me

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De relance, vi Sky dando batidas no tatame e a soltei imediatamente, levantando-me. Ajeitei a postura e o quimono, passando as costas das mãos pelos lábios enquanto ela se levantava. Eu estava puro suor pelo treino intenso e meu joelho estava começando a protestar. Maldita limitação. Levei uma mão ao local, massageando-o, na tentativa vã de fazer a dor passar um pouco.

— Fecha a defesa, Skyler. Seus braços estão muito abertos e as pernas muito acessíveis. — Hunter corrigiu a minha amiga. — Desse jeito, Leona sempre vai conseguir te desequilibrar com os jabs.

Skyler resmungou algo sobre judô não é a minha especialidade, mas Hunter a ignorou. Ela e eu nos conhecemos no meu primeiro mês no exército; ela já estava lá há dois anos, e acabou me ajudando na adaptação. Nunca ficávamos na mesma missão, e logo na que ficamos, acabamos sendo sequestradas pelo inimigo. Ela fora criada em Harrisburg pelo pai, que faleceu quando ela tinha dezesseis anos, numa missão, e foi exatamente por isso que ela decidiu servir. Para homenagear o ente querido. Não conhecia a mãe, e a família era desestabilizada, então morava sozinha em Nova Iorque.

— O joelho de novo? — Sky perguntou, apontando com a cabeça para o meu joelho enquanto secava o rosto com uma toalhinha. Hunter havia saído para nos dar um descanso.

— Estou ótima. — resmunguei, secando o rosto e a nuca, tentando não mancar. Sky me lançou um olhar cético, e eu bufei, revirando os olhos. — Sempre dói. Essa merda vai viver comigo, Sky.

— Se você não tivesse escapado da fisioterapia, isso não estaria acontecendo. Quando vai aceitar trabalhar aqui?

— Não sei, Sky. Eu gosto de adrenalina, e aqui não tem nada disso. Eu gosto daqui, sou louca pelo Hunter, mas trabalhar aqui... — suspirei, apertando os olhos e deitando no tatame, mãos na barriga.

— Você não tem mais condições de viver intensamente, Leona. Sabe bem disso, só precisa aceitar. Quanto antes você aceitar as suas limitações, menos dolorosa vai ser a sua adaptação.

Mordi o lábio, pensando no que ela disse. Realmente seria melhor poupar a frustração que eu sentia ao sentir aquelas malditas dores. Não dava para lutar com o joelho que parecia não melhorar, e voltar para o exército também não era uma opção.

— Talvez seja bom eu aceitar trabalhar aqui. — murmurei, por fim.

— Maravilhoso. Posso trazer a papelada? — ouvi a comemoração de Hunter, que tinha aquele sorriso timidamente vitorioso nos lábios.

Apoiei-me nos cotovelos, encarando Sky, que deu de ombros e voltou a tomar o seu isotônico. Hunter estava louco para me ter trabalhando com ele, e talvez até seria bom. Eu poderia aproveitar a fisioterapeuta do centro, e ainda continuaria treinando com o melhor.

O foda só seria aguentar uma turma no meu pé, mas isso era o de menos.

— Pode, Hunter. — revirei os olhos, resignada.

Leona Castiglione (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora