— O QUE VOCÊS QUEREM FAZER HOJE À NOITE? — Elizabeth perguntou ao se jogar no sofá. Do lado de fora da janela atrás dela, o céu passava de azul para rosa, de rosa para laranja, e eu risquei mentalmente mais um dia entre os milhares que ainda faltavam para mim. — Não estou muito a fim de ir numa balada.
— Opa, opa, opa! — exclamei, erguendo os braços. — Está doente? — provoquei.
— Ha-ha — ela replicou. — Só estou com vontade de fazer alguma coisa diferente.
Normani levantou os olhos da tela do notebook que compartilhávamos.
— Onde ainda é dia? A gente podia ir a um museu.
Elizabeth balançou a cabeça.
— Nunca vou entender como você pode gostar tanto de lugares silenciosos. Como se a gente já não ficasse quieta o bastante.
— Pfff! — desdenhei, lançando um olhar para Elizabeth. — Você, quieta?
Elizabeth me mostrou a língua e pulou para perto de Normani.
— O que você está vendo?
— Paraquedismo.
— Uau! Agora sim uma coisa divertida!
— Não vai se animando. É só uma pesquisa por enquanto. Queria saber o que aconteceria com nossos níveis de adrenalina se fizéssemos uma coisa dessas — Normani explicou enquanto tomava notas num caderninho. — Tipo, se a gente teria um pico de adrenalina acima da média.
Comecei a rir.
— Mani, é para ser uma aventura ou um experimento científico?
— Um pouco dos dois. Li que picos de adrenalina podem alterar a percepção, fazer as coisas parecerem desfocadas ou meio que congelar um momento. Acho que seria interessante fazer uma coisa dessas, descobrir o que vou sentir e depois tentar reproduzir na arte.
Achei graça.
— Tenho que reconhecer que é criativo. Mas não existe um jeito mais fácil de ter um pico de adrenalina do que pular de um avião?
— Mesmo se tudo der errado, a gente sobrevive, certo? — Normani quis saber, e ambas se viraram para mim como se eu fosse a maior autoridade no assunto.
— Acho que sim. Em todo caso, pode me deixar fora dessa aventura em particular.
— Está com medo? — Elizabeth caçoou, imitando um fantasma, agitando os dedos para mim.
— Não — rebati. — Só não tenho vontade.
— Ela está com medo de arranjar problemas — Normani especulou. — Medo de que a Água não goste.
— Como se Ela algum dia fosse ficar brava com você! — Elizabeth disse, com uma pontinha de amargura na voz. — Ela te adora.
— Ela gosta de nós três — eu disse, cruzando as mãos sobre o colo.
— Então Ela não ia ligar se você pulasse de paraquedas.
— E se vocês ficassem aterrorizadas e começassem a gritar? — desafiei. — O que aconteceria?
Elizabeth, que estava pronta para criticar minha preocupação, recuou.
— Bom argumento.
— Ainda faltam vinte anos pra mim — eu disse em voz baixa. — Se estragar tudo agora, vou jogar fora os últimos oitenta anos. Vocês conhecem tão bem quanto eu as histórias das sereias que fizeram algo errado. Mani, você viu o que aconteceu com Miaka.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Sereia (Camren)
FanfictionAnos atrás, Lauren foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Lauren está decidida a cumprir sua sentenç...