Sentada aqui a um canto,
com um pequeno caderno na mão,
tento escrever um poema
mas estou perante um dilema
que é a falta de imaginação.
Podia falar de amor,
de amizade, de dor,
mas neste preciso segundo
tudo o que me vai na cabeça
é um vazio profundo,
e apesar de ter a certeza
de não estar a falar de nada,
continuo esta história,
esta amálgama de letras,
com esperança de, no fundo,
quando para o poema olhar,
não pensar que esteja inacabado,
e que deste pensamento particular,
algo mais podia ter retirado.
Podia falar de sentenças,
de cancro e outras doenças,
mas para ouvirem problemas
já existem outros poemas,
e eu não quero fazer só mais um,
sem sentimento algum,
apenas para ser lido, relido e contado.
Estas insignificantes palavras,
talvez sem qualquer sentido,
correm-me agora na mente
e não querendo parecer doente,
tento dar vida a este poema fingido.
E digo, neste tom irónico,
que este poema melancólico,
chegou agora a um fim.
Posso afirmar com convicção
que estes gatafunhos apressados,
apesar de mal expressados,
vieram do coração.